Fonte: IHU
O
ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) viu-se
numa saia justa ontem ao participar, no Senado, de audiência na Comissão de
Agricultura para discutir as condições de vida dos índios cinta larga.
A reportagem é
de Gabriela Guerreiro e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo,
19-10-2013.
Procurador da República Reginaldo Trindade (Foto: Vanessa Vasconcelos/G1)
Na ocasião, o
procurador da República em Rondônia Reginaldo Trindade acusou o
governo de não ter “vergonha na cara” e ser “opressor e omisso” ao deixar
indígenas morrerem no Estado.
“O governo se
faz surdo aos clamores. Os cinta larga não existem, resistem. Se o governo do
Brasil não tomar vergonha na cara, não tardará e o barril de pólvora explodirá
de novo e muitos morrerão.”
“Quantos
índios terão que tombar para o Brasil reconhecer a questão cinta larga e mover
suas ações à altura?”, indagou Trindade.
Em resposta, o
ministro disse não haver “nenhum vontade opressora” no governo. “Eu o desculpo
pelo envolvimento emocional com a questão”, afirmou
O ministro
disse ainda que o governo não vai priorizar os cinta larga em detrimento de
outras etnias indígenas do país.
“Não podemos
escolher apenas um povo. A situação dos guarani-kaiowá é pior ainda que do povo
cinta larga. Também posso dizer isso dos Terena, que estão morrendo. Temos
que enfrentar a questão indígena na sua totalidade.”
Após assistir
a um vídeo trazido pelo procurador que mostrava sucessivas mortes de índios em
confrontos com garimpeiros, Carvalho pediu desculpas pelos óbitos.
“Vendo esse
vídeo, não há como não sentir vergonha e pedir desculpas por uma civilização
branca que quer se sobrepor à outra massacrando. Nesse país com etnias
diferenciadas, é um crime contra a humanidade tentar exterminar essa etnia”,
disse Carvalho.
O ministro
afirmou que o governo trabalha para defender os índios e combater garimpos
ilegais na região onde os cinta larga vivem, em Mato Grosso e Rondônia. Carvalho prometeu
levar as reivindicações do procurador à presidente Dilma e ao ministro da
Justiça, José Eduardo Cardozo.
DEMARCAÇÕES
Carvalho confirmou
que, em até 15 dias, o Ministério da Justiça vai editar portaria que tira
da Funai parte da responsabilidade no processo de demarcação de áreas
indígenas.
Segundo o ministro, a Funai vai continuar examinando os
pedidos de demarcação, mas o governo terá liberdade para ouvir outros órgãos
antes de dar sua decisão.
Atualmente, a demarcação é feita pela Funai,
antes da palavra final do Planalto.
** Olhem o fim da matéria e atentem para a PEC 215 saindo pela via executiva (mudanças na demarcação pela Presidência para atender aos mesmos interesses da PEC 215)!
** Olhem o fim da matéria e atentem para a PEC 215 saindo pela via executiva (mudanças na demarcação pela Presidência para atender aos mesmos interesses da PEC 215)!
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