Em entrevista no Festival de Cannes, ator falou sobre
'Killing them soflty'.
Filme dirigido por Andrew Dominik tem ainda Ray Liotta no elenco.
G1
O
ator americano Brad Pitt defendeu o uso da violência no cinema para
contextualizar melhor sua existência no mundo real, assim como faz "Killing
them softly" - o filme dirigido pelo neozelandês Andrew Dominik e que foi
apresentado nesta terça-feira (22) na mostra competitiva do Festival de Cannes.
"Não
sei se podemos rodar a violência de uma forma romântica, mas é preciso ilustrar
essa realidade", afirmou Pitt em entrevista coletiva. Nesta, tanto ele
como Dominik defenderam que os filmes devem mostrar o mundo como é na
atualidade.
Com
cabelo comprido, muito sorridente e se queixando do horário da coletiva, Pitt
se mostrou taxativo ao afirmar que não se sente incomodado em interpretar
personagens violentos. "Seria muito pior interpretar um personagem
racista, me perturbaria mais do que viver um matador de aluguel", afirmou
o ator.
Em
seu filme, que é baseado em um livro ambientado nos anos 70, Dominik decidiu
atualizar a história e situá-la em um momento mais atual, passando a utilizar a
crise econômica como um elemento que condiciona tudo na sociedade, incluindo o
pagamento dos matadores de aluguel.
"Senti
que era uma história sobre o capitalismo", explicou o diretor, o mesmo de
"O assassinato de Jasse James pelo covarde Robert Ford", que
ressaltou que neste momento todo o mundo está motivado pelo dinheiro.
Nesta
busca pelo dinheiro, os personagens fazem o que for preciso para conquistá-lo.
"Não entendo o problema que há com a violência nestes momentos, já que o
filme explica como sobreviver em um mundo cheio de concorrência".
De
acordo com Dominik, as atuais críticas contra a violência em alguns livros
infantis, como os clássicos dos irmãos Grimm, são contraditórias. Isso porque,
segundo o diretor, a própria sociedade prepara as crianças para viverem em um
mundo que é muito mais violento que qualquer ficção.
E
justamente essa relação entre violência e crise econômica que reuniu Pitt e
Dominik em um novo projeto juntos. "Buscávamos histórias sobre nosso tempo
e sobre que somos. Mas, a crise econômica é o que ocupa as capas dos jornais
atualmente", ressaltou o ator.
"Vivemos
em um país muito dividido, e o filme mostra personagens com opiniões estranhas,
diferentes e com as quais o ator não está necessariamente de acordo. Uma
apologia do individualismo e do capitalismo poderia ser muito perigosa",
completou.
Apesar
da violência atual e da presente no filme, Pitt assegura que os "Estados
Unidos é um país extraordinário, com muitas dimensões e sentimentos - como a
integridade e a justiça. No entanto, é preciso proteger seus ideais com
cuidado, especialmente em países mais poderosos", declara.
E
nesta defesa de ideais entra também o equilíbrio entre o cinema comercial e o
artístico. "É a eterna batalha entre arte e comércio", afirmou o
ator, que considerou que ambos os lados necessitam um do outro para avançar.
"Trata-se de uma estreita relação de simbiose que nunca
desaparecerá".
Ray
Liotta, Scoot McNairy e Ben Mendelson acompanham Pitt neste filme, que, por sua
vez, ainda consegue trabalhar alguns toques de comédia e ser pretensioso em
seus planos, desfoques e conceitos artísticos.
É
uma história que busca mostrar que, com a atual crise econômica, um ato de
delinquência pode ocorrer em qualquer parte, um problema real que é refletido
no filme.
"Este
ano teremos coisas mais negativas que no passado", assinalou Pitt, que se
mostrou pessimista ao falar que o panorama é "cada vez mais obscuro".
Aliás,
essas palavras poderiam ter sido ditas por seu personagem no filme, Jackie
Cogan, que fecha a história com outra ótima frase: "Estados Unidos não é
um país, é um negócio".
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