* Reportagem publicada no site da Secretaria Geral da Presidência da República
** Ver nota do blog
Governo
federal reúne com indígenas Munduruku em Jacareacanga
26
de abril de 2013
A
comitiva do governo federal, composta pelo secretário nacional de Articulação
Social (Secretaria-Geral da Presidência da República), Fundação Nacional do
Índio (Funai) e técnicos do Ministério das Minas e Energia (MME), reuniu-se
nesta quinta-feira (25/4) em Jacareacanga, Pará, com lideranças do povo
Munduruku, vereadores dessa etnia e representantes da prefeitura local. O
objetivo da reunião foi dialogar a respeito do processo de consulta aos povos
indígenas, que vivem na bacia do Rio Tapajós, sobre os projetos de
empreendimentos hidrelétricos elaborados para a região.
Apesar
de terem combinado este diálogo, outras lideranças indígenas não compareceram.
No dia anterior essas lideranças exigiram mudar o local do encontro, da cidade
de Jacareacanga para a aldeia Sai-Cinza, localizada a cerca de 40 minutos de
barco. Essa exigência não foi aceita pela comitiva, pois todo o encontro –
incluindo contatos, convites, tempo de duração, espaço na escola municipal e
divulgação - havia sido organizado para ser naquela cidade, com a pauta focada
na construção do processo de consulta. A escola municipal Carmem Valente da
Silva foi solicitada ao prefeito Raulien Queiroz, que suspendeu as aulas
naquele dia. O governo federal assumiu todos os custos de deslocamento e
preparação dos indígenas, que puderam se reunir com assessores por dois
dias, assim como assumiu todos os custos da reunião conjunta em Jacareacanga.
O
secretário Paulo Maldos abriu oficialmente a reunião, com a presença de
lideranças indígenas, vereadores indígenas e secretários municipais, explicando
o objetivo do encontro e falando da necessidade de um esforço permanente pelo
diálogo e entendimento.
Ele
disse ainda que todo o processo de consulta aos povos indígenas da região do
rio Tapajós deve ser baseado na Convenção 169 da Organização Internacional do
Trabalho (OIT), referendada pelo Brasil e que garante aos “povos indígenas e
tribais” o “direito à consulta prévia, livre e informada” com relação a todos
atos administrativos e legislativos que impactem seus territórios e culturas.
O
secretário disse ainda que a Convenção 169 já está em vigor no país e que a
Secretaria-Geral da Presidência da República está coordenando, com outros
ministérios, a regulamentação do direito à consulta, com a participação direta
de representantes indígenas. “O processo de consulta na região do Tapajós será
a primeira experiência prática, de participação planejada e conjunta, uma
espécie de laboratório para a regulamentação da Convenção 169 no país”,
concluiu.
Contribuições
“O
momento é de ouvir”, afirmou o cacique Valmar Munduruku. De acordo com ele, são
mais de 13 mil indígenas do povo Munduruku, a maioria concentrada no estado do
Pará. O cacique disse que as decisões são tomadas de forma coletiva entre os
indígenas e sugeriu uma nova reunião entre representantes desse povo e
representantes do governo federal.
Já
o líder Valdeir Munduruku, disse que os presentes na reunião não tinham
condições de decidir pelo conjunto dos indígenas, mas se prontificou em levar a
proposta de novo encontro e as explicações sobre o processo de consulta ao
restante dos caciques. Ele sugeriu que as cartilhas sobre a Convenção 169 sejam
traduzidas para o idioma Munduruku e que sejam realizadas reuniões
informativas, com a presença de tradutores, específicas para as mulheres,
jovens, pajés e caciques.
Ivânio
Alencar, secretário de Assuntos Indígenas da Prefeitura de Jacareacanga, também
propôs a realização de reuniões entre os prefeitos, vereadores e lideranças
indígenas da região para debater a proposta de consulta.
O
secretário de Articulação Social reiterou a importância de se construir “um
caminho conjunto, baseado no respeito e na confiança mútua” entre os indígenas
e o governo federal. De acordo com ele, a proposta da Secretaria-Geral é a
formação de um grupo de trabalho entre representantes Munduruku e a prefeitura
municipal, para avaliarem a possibilidade de uma nova reunião. Se convidado, o
governo federal aceitará o convite, sempre na busca do diálogo e do
entendimento.
Compromisso
No
compromisso firmado com lideranças indígenas durante a Assembleia
Extraordinária do povo Munduruku, ocorrida em janeiro de 2013 na aldeia
Sai-Cinza, a Secretaria-Geral da Presidência da República responsabilizou-se
por encaminhar a pauta com 33 reivindicações, afetas a vários ministérios.
Durante
a reunião de ontem, o secretário deu informes sobre o andamento dessa pauta. Em
destaque, políticas públicas como educação, saúde, desenvolvimento sustentável
das comunidades indígenas e a homologação da Terra Indígena Kayabi, decreto de
homologação assinado pela Presidenta Dilma no dia anterior. Com mais de um
milhão de hectares, a Terra Indígena Kayabi engloba territórios dos estados do
Mato Grosso e Pará e beneficia diretamente os povos Munduruku, Kayabi e Apyacá.
** Nota
do blog: O que a reportagem chama de reunião foi, na verdade, um esclarecimento
prestado pela comitiva aos curiosos e alguns poucos vereadores de Jacareacanga
que estavam no local vendo toda a movimentação bélica no lugar. E o que eles
chamam de lideranças indígenas eram pessoas da cidade de Jacareacanga que, para
quem não sabe ou não conhece a região, é em sua maioria composta por indígenas.
O que faltou explicar na reportagem é que as lideranças indígenas, que
representam o povo Munduruku do baixo, médio e alto Tapajós, que vivem nas aldeias e sofrerão mais
intensamente/diretamente as consequências da barragem do rio, estavam sim em Sai Cinza,
onde a reunião foi marcada e agendada com o governo federal.
Reparem na foto postada no site da Secretaria Geral da Presidência da República (que republiquei aqui): eles escolheram justamente uma foto fechada, que coloca em evidencia um indígena paramentado e os representantes do governo. Porque não escolheram uma foto aberta, que mostrasse toda a dimensão do lugar? Simples, o local estava vazio e e evidenciaria que essa "reunião" não é oficial e muito menos "um esforço permanente pelo diálogo e entendimento". Esse tipo de atitude não é novidade para a população do Tapajós, essa é a tática do governo federal, essa é a boa-fé e esforço de diálogo adotado por ele. O discurso dos representantes da Dilma aqui na região é: - Nós temos força bélica e vamos passar por cima de quem se opor as hidrelétricas do Tapajós. Para a população das regiões sul e sudeste o governo usa desse tipo de reportagem totalmente mentirosa e com artifícios para reforçar a ilusão, além, claro, de posar de bom moço.
Nenhum comentário:
Postar um comentário