Indígenas
Munduruku protestaram em Jacareacanga, oeste do Pará, contra a presença de
tropas da Força Nacional de Segurança no município de Jacareacanga, na última
sexta-feira, 26. Os indígenas também se posicionaram contra a construção de
hidrelétricas nos rios Tapajós e Teles Pires e pela regulamentação da consulta
prévia aos povos indígenas.
Cerca de
200 lideranças estiveram reunidas entre os dias 23 e 25 de abril na aldeia Sai
Cinza, a espera de representantes da Secretaria Geral da Presidência da
República, que receberiam a proposta dos indígenas da consulta prévia sobre
construção de barragens em terras indígenas. Contudo, os membros do Poder
Público não compareceram, alegando aos indígenas temerem um ataque por parte
dos Munduruku.
“O governo
está tentando se fazer de vítima, e isso não é verdade. Quem chegou armado na
cidade de Jacareacanga foi o governo, com a Polícia Federal e a Força
Nacional”, afirmaram os indígenas através de nova carta ao governo federal,
lançada durante a passeata.
“Os
representantes Tiago Garcia e Nilton Tubino, da Secretaria Geral da Presidência
da República, afirmaram aos vereadores Munduruku de Jacareacanga que não viriam
à aldeia porque temiam violência da nossa parte, que nós estávamos esperando
por eles armados e com gaiolas para prendê-los. Segundo Nilton, o ministro
Gilberto Carvalho desautorizou a delegação a vir a nossa aldeia, e tentou impor
uma reunião na cidade de Jacareacanga, sob presença militar. E isso nós não
aceitamos”, continuava a carta.
Após a
recusa do governo em participar da reunião, os participantes do encontro se
reuniram a indígenas e não-indígenas moradores do município e realizaram uma
marcha no perímetro urbano da cidade. Mais tarde, os indígenas descobriram que
o secretário de Articulação Social do governo, Paulo Maldos, também compunha a
comitiva.
Ainda
segundo o documento, os indígenas tem sofrido tentativas de cooptação por parte
do governo federal. “[O governo...] inventa todo tipo de mentira, manipulações
e distorções sobre nós Munduruku”, acusando-o de “tentar nos dividir e
manipular, pressionando individualmente nossas lideranças, caciques ou
vereadores”.
Os
indígenas afirmaram estar abertos para o diálogo, mas não se reunirão com o
governo sob presença militar, e exigiram a retirada das tropas do Alto Tapajós,
em Jacareacanga, e também do Médio, em Itaituba.
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