Fonte: Erika Kokay
O ministro
do Supremo Tribunal
Federal (STF) Luís Roberto
Barroso negou, nesta segunda (23), oMandado
de Segurança com
pedido de liminar impetrado por parlamentares petistas contra a tramitação da
PEC 215/2000.Impetrado em meados de agosto,
o MS 32262 foi subscrito pelos deputados Padre Ton (PT-RO), Erika Kokay (PT-DF)
e Cláudio Puty (PT-PA), e pedia que o Supremo suspendesse a tramitação e a
criação da Comissão Especial destinada a analisar a PEC. Na decisão de caráter
monocrático, Barroso reconheceu a inclusão do direito dos índios à terra entre
a categoria dos direitos fundamentais, que não podem ser alterados por emendas
constitucionais. A decisão levanta dúvidas sobre a constitucionalidade da PEC
215/2000, já que os direitos fundamentais são cláusulas pétreas da Constituição
Federal de 1988.
Veja aqui a íntegra da decisão de
Barroso (clique sobre o link “Decisão Monocrática”).
“Como
recentemente observado por este Tribunal, não se trata aqui de um direito de
propriedade ou de posse – no sentido que os termos assumem no direito privado –, mas de uma figura peculiar,
de índole e estatura constitucional, voltada a garantir aos índios
os meios materiais de que precisam para proteção e reprodução de sua cultura.
Não é outra a orientação acolhida pelos tratados internacionais pertinentes,
pelo Comitê de Direitos Humanos da ONU e pela Corte Interamericana de Direitos
Humanos. Como a cultura integra a personalidade humana e suas
múltiplas manifestações compõem o patrimônio
nacional dos brasileiros (CF/88, arts. 215 e
216), parece plenamente justificada a inclusão do direito dos índios à
terra entre os direitos fundamentais tutelados pelo art. 60, § 4º, IV,
da Constituição”, escreveu o ministro no despacho.
O ministro
justificou a recusa do pedido de liminar pelo fato de não haver, ainda, risco
que justifique a intervenção do Judiciário no Poder Legislativo. “Por outro
lado, estando o processo legislativo em etapa inicial, inexiste perigo na
demora ou risco de ineficácia de eventual decisão futura, a ponto de justificar
uma intervenção imediata do Poder
Judiciário.”, completou ele.
Para a
deputada Erika Kokay, trata-se de uma vitória, apesar do indeferimento. “Me
pareceu uma decisão muito sóbria, muito serena, a do ministro Barroso. É uma
vitória dos povos
indígenas, pois ajuda a consolidar o
entendimento de que não é possível garantir a dignidade dessas populações sem o
acesso à terra”, disse a deputada.
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