Caixão chega a hospital em Sidrolândia. (Foto: Simão Nogueira)
O
atestado de óbito do índio Oziel Gabriel, 35 anos, morto na manhã de hoje, no
confronto entre policiais e indígenas, mostra que um tiro atingiu a parte
interior do abdômen, transpassou o fígado e saiu pelas costas de Oziel.
Ainda
segundo o laudo, não foi possível identificar o calibre da arma porque a bala
não ficou alojada no corpo, o que deve dificultar a investigação sobre de qual
arma partiu o tiro. Oziel morreu durante a reintegração de posse na
fazenda Buriti, em Sidrolândia. Policiais federais e militares participaram da
ação.
Conforme
o atestado, assinado pelo médico legista Walnei W. Pereira, o terena morreu de
“choque hipovolêmico interno agudo, causado por ferimento por arma de fogo”,
caracterizado por grande perda de sangue.
O
corpo de Oziel foi levado do hospital para a funerária, onde foi feita a
declaração de óbito. A vítima deveria ter sido encaminhada, ao IML (Instituto
Médico Legal), onde o médico legista faria o atestado.
Porém,
conforme informações apuradas pelo Campo Grande News, a plantonista do IML
de Sidrolândia está fora da cidade. A funerária garante que possui os aparelhos
necessários para realizar o atestado de óbito e que o laudo não foi prejudicado
Integrante
do CDDH (Centro de Defesa da Cidadania e dos Direito Humanos), Paulo Ângelo de
Souza, que acompanha o confronto na região, fez questão de frisar o erro. “O
corpo deveria ser levado para o IML e não para a funerária”.
Oziel
era estudante do Ensino Médio e pai de dois filhos, de 15 e 18 anos. Estava na
fazenda Buriti para reforçar o movimento pela ampliação da aldeia Lagoinha.
Desde a década de 90 os índios de 12 comunidades da região de Sidrolândia e Dois
Irmãos tentam recuperar as terras.
O
processo de demarcação avançou, antropólogos emitiram laudos que consideram a
região território indígena, mas o proprietário da fazenda, o ex-deputado
Ricardo Bacha acionou a Justiça e conseguiu paralisar o processo graças a
decisão do TRF (Tribunal Regional Federal). Funai e Ministério Público Federal
recorreram, mas o mérito ainda não foi julgado.
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