29/05
Nós ocupamos o canteiro de obras de Belo Monte. Nós
estamos defendendo nossa terra. Uma terra muito antiga que sempre foi nossa.
Uma parte vocês já tomaram. A outra, vocês estão tentando tomar agora. Nós não
vamos deixar.
Vocês vão entrar para matar. E nós vamos ficar para
morrer. Nós não vamos sair sem sermos ouvidos.
O governo federal anunciou um massacre contra os
povos indígenas, os 170 guerreiros, mulheres, crianças e lideranças e pajés que
estão aqui. Esse massacre vai acontecer pelas mãos das polícias, da Funai e da
Justiça.
Vocês já mataram em Teles Pires e vão matar de novo
quando for preciso para vocês. Vocês mataram porque nós somos contra barragens.
Nós sabemos do que vocês são capazes de fazer.
Agora quem pediu para nos matar foi a Norte
Energia, que é do governo e de empresários. Ela pediu para o juíz federal, que
autorizou a polícia a nos bater e matar se for preciso. A culpa é de todos
vocês se algum de nós morrer.
Chega de violência. Parem de nos ameaçar. Nós
queremos a nossa paz e vocês querem a sua guerra. Parem de mentir para a
imprensa que estamos sequestrando trabalhadores e ônibus e causando
transtornos. Está tudo tranquilo na ocupação, menos da parte da polícia mandada
pela Justiça mandada pela Norte Energia mandada pelo governo. Vocês é que nos
humilham e ameaçam e intimidam e gritam e assassinam quando não sabem o que
fazer.
Nós exigimos a suspensão da reintegração de posse.
Até dia 30 de maio de 2013, quinta-feira de manhã, o governo precisa vir aqui e
nos ouvir. Vocês já sabem da nossa pauta. Nós exigimos a suspensão das obras e
dos estudos de barragens em cima das nossas terras. E tirem a Força
Nacional delas. As terras são nossas. Já perdemos terra o bastante.
Vocês querem nos ver amansados e quietos,
obedecendo a sua civilização sem fazer barulho. Mas nesse caso, nós sabemos que
vocês preferem nos ver mortos porque nós estamos fazendo barulho.
Canteiro de obras de Belo Monte, Vitória do Xingu,
Pará, 29 de maio de 2013
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