quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

1º CONTO

Por
Cassandra

“... nossa!! a cidade está um forno hoje, recomendamos aos nossos ouvintes que estão fritando nas ruas e escaldando dentro dos carros em algum engarrafamento da cidade, que tomem bastante água e aproveitem o bronzeado!!!...”.

- Mas que droga Frank!!! Desliga esse chato... E me trás mais um café bem forte, sem açúcar e com um pouco de vodka.

- Pelo visto a minha Marina está naqueles dias, heim!!??

A lanchonete do Frank era como um buraco pequeno e escuro, mas tinha um bom aspecto e ele fazia com que o lugar fosse acolhedor, apesar de seus freqüentadores serem uns sujeitos bem esquisitos.

Tem uma velha senhora que vem aqui de vez em quando sempre com aquela roupa toda esfarrapada e com as suas jóias opacas e gastas, ela sempre senta no balcão, pede um café e fica horas sentada ali com nostalgia no olhar, às vezes esboça um leve sorriso como se por um instante fosse feliz, saboreia o café amargo e mais uma vez mergulha em suas lembranças, depois de um tempo, como que por um impulso, se levanta e sai, nunca paga a conta...

- Olha o café quentinho saindo... Algum problema?
- Nada pra se preocupar, estou esperando uma pessoa e daqui a pouco não existirá mais problema.
- Será que esse cara vem mesmo...
- Olha, Frank, não começa senão eu vou procurar outro buraco que sirva um bom café e que o dono não seja tão intrometido, ta!? ... ahgrir! meu café ta sem vodka!!
- Olha aqui mocinha enquanto eu for teu amigo continuarei me intrometendo na tua vida e se quiseres beber essas misturas idiotas sinta-se à vontade para procurar outro buraco, ok!

Droga, Renato, como pude me apaixonar por ti?! Não dá pra entender como?? Eu que sempre fui independente, auto-suficiente e equilibrada me deixei envolver por um sujeitinho irresponsável e safado... E logo agora tinha que acontecer essa desgraça comigo... Ah! Eu vou esperar até às 11:00 horas, depois eu vou fazer o que já deveria ter sido feito há duas semanas. Como será que ele vai reagir quando descobrir que eu... Com certeza vai concordar comigo, imagina se ele vai querer assumir uma responsabilidade dessas. E o Frank será que eu devo contar pra ele?! Bem ou mal ele é o meu único amigo e talvez até me entenda e me perdoe depois... Não! O Frank definitivamente não pode nem sonhar que...

- Marina! Vais querer comer alguma coisa?
- Não! Obrigada, que horas são?
- 11:15.. Hoje tem aquele bife tem certeza que não vai querê?
- Tenho, eu já to indo e... Bom eu vou sumir por uns dias, beijos.
- Hei! Desculpa o atraso meu amor!?
- Renato!! Mas que droga, agora já é tarde, eu tenho uma consulta marcada às duas horas e preciso tomar algumas providências antes....
- Como assim? Não, por favor, a gente precisa conversar, cê tão abatida, eu quero saber o que tá acontecendo!?

- Ta bom, vem.. senta aqui... (ao contemplar o seu rosto com expressões fortes, a barba por fazer, o seu olhar de dúvida e preocupação, um sorriso bonito e agradável que denunciava a pouca idade, mas que tinha um ar de mistério e que fazia dele um sedutor como poucos... Nossa como eu amo esse homem, com ele eu ia pra qualquer lugar sem medo. Mas o medo que eu sinto agora no momento de revelar que... Ai meu Deus me dá forças, porque dependendo da reação dele hoje eu vou ser a mulher mais feliz do mundo ou a mais desgraçada... como eu posso ser tão covarde, quantas mulheres não queriam tá no meu lugar agora e eu aqui com tantas dúvidas...)

- Renato, vem aqui mais perto de mim.

Ele aproximou-se, em silêncio, tomou-me nos braços, beijou-me. Ah.. sua língua tocando suavemente a minha, as mãos me acariciando as costas, o corpo pulsante e quente.. Eu jamais conheci alguém como o Renato. Ele era carinhoso. O corpo era atlético, esguio e duro.

- Marina eu to muito preocupado, nas duas últimas semanas você esteve distante, angustiada e, apesar de tentar esconder eu percebi o teu mal estar, qual é o problema?
- Bem, meu amor, eu vou ser direta, não tem outra forma de se dar esta notícia, eu só peço que você pense antes de falar alguma coisa... Bom, eu estou... grum... estou grávida!!!! é isso! você vai ser pai!!!
Ele ficou parado me olhando perplexo, como que digerindo as minhas palavras, então finalmente:
- Pai, eu vou ser pai... Mas como? Nossa!!! Meu amor, de quantos meses? Eu, eu... Vem cá me beija. Casa comigo!!?
- Casar!!! Mas eu pensava que você não fosse querer esse filho, que iria me abandonar grávida...
- Mas que tipo de homem você pensa que eu sou?? Eu te amo Marina e eu jamais abandonaria o meu filho. Vem, a gente precisa comemorar.

As comemorações do Renato sempre começam e terminam em um único lugar...
Nós fomos pra minha casa, e eu tive a experiência além de todas que jamais sonhei. Renato já fizera amor comigo, mas desta vez me possuíra. Despertou todo o meu corpo com sensações nunca experimentadas. Era como se ele estivesse fazendo amor em cores brilhantes e faiscantes, as cores mudando de um momento para o seguinte, como algum caleidoscópio maravilhoso. Num momento fazia amor gentilmente, com extrema sensibilidade, no momento seguinte era cruel, agressivo, exigente. As mudanças me deixavam frenética. Ele se retirava de mim, provocando-me, me fazendo querer mais. E quando eu estava à beira da satisfação, ele se conteve.

- Por favor, me pega com força!!

E o órgão intumescido arrematou novamente contra mim, até que eu gritei de prazer. Quando terminamos de fazer amor, eu estava prostrada na cama, exausta, mas Renato começou mais uma vez e eu acompanhei-o num êxtase que se tornou quase insuportável.

Agora, Renato estava adormecido ao meu lado e eu observando aquele homem que fazia o meu corpo estremecer, exigia coisas que nenhum outro homem jamais se atreveu a pedir-me, me levava a fazer coisas inimagináveis. E eu vou ter um filho deste homem e passar o resto da minha vida ao lado dele. Ah!!! – como eu te amo Renato!!!

No fim do dia eu despertei de um sono profundo e tranqüilo, ainda meio zonza, com o corpo quente percebi que o Renato não estava mais ao meu lado, levantei e fui ao banheiro, nada. Não estava mais no apartamento, decepcionada voltei pro quarto.. Abandonada.. De repente um barulho na varanda. Me levanto e contemplo uma lua bela e maravilhosa que me chama loucamente!!

- Renato.. ah Renato..

Aproximo-me da sacada, a brisa toca meu rosto e percorre meu corpo.. E, aos poucos, me sinto flutuar e ir pra longe da sacada.. Indo em direção daquela lua que teima em me chamar!!

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