sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

ESCANDALO WATERGATE



Cinco pessoas foram presas no edifício comercial Watergate com material eletrônico de espionagem. Os cinco homens que invadiram a sede do Partido Democrata, de oposição ao governo de Richard Nixon, eram ex-membros da CIA (Agência Central de Informações), que haviam participado de outras operações secretas durante o governo de John Kennedy.

A espionagem era comandada por G. Gordon Liddy, ex-agente da CIA, e pelo diretor de segurança do comitê para reeleição do presidente, James McCord. O plano tinha por objetivo descobrir qual a fonte dos vazamentos de informações - daí os integrantes serem chamados de "encanadores". Entre os invasores estavam os ex-agentes Bernard Barker e Eugenio Martinez, que participaram de operações para a deposição do regime comunista de Fidel Castro.

Os mandantes instalaram um posto de comando num quarto de hotel do outro lado do edifício, onde ficava a sede do partido. Na madrugada de 17 de junho de 1972, cinco meses antes das votações presidenciais, os invasores são denunciados pelo vigia do prédio. São pegos fotografando documentos e checando aparelhos de escuta instalados anteriormente.

O fato foi abafado por falta de provas e a mídia não deu tanta atenção por não haver novidades. Somente o jornal Washington Post, dirigido pela proprietária Katharine Graham, aprofundou-se nas investigações, a partir de pistas deixadas pelos "encanadores".

Bob encontrou no edifício uma caderneta de um dos invasores. Nela, o repórter achou o nome do assessor da Casa Branca e a escrita "W. House", que poderia tanto ligar o caso a um bordel como à mansão presidencial. A informação mais importante foi dada a Woodward, por uma fonte segura da Casa Branca, que ficou conhecida como "Garganta Profunda".

Planos de Nixon previam união da CIA e do FBI para aumentar a espionagem interna

A pretensão do governo era acabar com a Guerra do Vietnã e com as dissensões no país. Para isso, Nixon propôs a união da CIA e do FBI para aumentar a espionagem interna.
No plano do presidente, telefones poderiam ser grampeados, casas invadidas e correspondências violadas. Contudo, a estratégia era contrária à filosofia da CIA e do FBI.
Assim, Nixon não recebeu o apoio de J. Edigard Hoover, diretor do FBI. Não porque o fato fosse ilegal, mas porque Hoover temia que o caso caísse no conhecimento público. Caso isso acontecesse, afetaria a agência que ele levara anos para construir.
Contrário às exigências do presidente, Hoover se alia a Richard Helms, diretor da CIA, que orienta ao presidente o embaraço que este plano causaria ao governo caso fosse descoberto. Hoover morre em maio de 1972 e seis semanas depois o plano é executado. Neste período, uma série de pedidos de demissão acontece.
Mesmo com a prisão e a sentença dada aos invasores, Nixon é reeleito. Mas o Washington Post prossegue com as investigações e o Congresso abre um processo de impeachment contra Nixon. A ação penal terminou com a condenação dos sete funcionários mais importantes do governo, entre eles o secretário da Justiça, John N. Mitchell, o chefe da Casa Civil, H.R. Haldeman, e o assessor de Nixon, John D. Ehrlichman.
Nixon é apontado como co-conspirador não-indiciado. Para encobrir o plano, o presidente convocou a segurança nacional pela invasão dos portos, em que a CIA estava envolvida diretamente. O esquema exigia a cumplicidade da CIA, mas este plano não foi acatado por Helms. Nixon assumiu dificultar as investigações e pediu sua renúncia. Gerald Ford assume o poder e concede o perdão presidencial a Nixon.


O caso Watergate projetou o Washington Post como um jornal compromissado com a verdade, saindo da sombra do New York Times. O faro jornalístico de Bob Woodward e Carl Bernstein mudou a história do povo americano e mostrou até onde se pode chegar na luta pelo poder.

Os repórteres Bob Woodward e Carl Bernsteinreceberam o Prêmio Pulitzer, que é atribuído por contribuições relevantes no campo de jornalismo, música e literatura. Bob e Carl publicaram o livro Todos os Homens do Presidente, que foi adaptado para o cinema em 1976, por Alan J. Pakula.

Morre Mark Felt, o “Garganta Profunda”

Portal Comunicque-se
da Redação



Fonte dos repórteres do Washington Post Bob Woodward e Carl Bernstein, responsável pela renúncia do ex-presidente norte-americano Richard Nixon, morreu, aos 95 anos. Embora sofresse de problemas cardíacos, a causa da morte ainda não foi divulgada. Em reportagem informando a morte de Mark Felt, o The New York Times se referiu a ele como a “fonte anônima mais famosa da histórica americana”.

Em 2005, Felt revelou ser a fonte dos jornalistas do Post. Embora sua família tenha garantido que as razões que o levaram a fazer isso era deixar um legado permanente, o próprio “Garganta Profunda” disse que fins lucrativos o motivaram a confessar que foi ele quem passou as informações do escândalo Watergate. "Agora vou organizar e escrever um livro ou algo assim, e ganhar todo o dinheiro que puder", declarou ele, na época, em sua residência de Santa Rosa (Califórnia).

O NYT revelou naquele ano que a família de Felt, preocupada com seu estado de saúde, começou oferecer a história, após tentar em vão um acordo de colaboração com Woodward. Os Felt ofereceram o caso ao jornalista Todd Foster, então colaborador da revista People, que se negou a publicar um artigo porque a família exigia dinheiro para isso. Segundo declarou Foster ao Times, "isto sempre teve a ver com o dinheiro, e eles foram muito claros sobre isso comigo".

Depois, a família propôs um livro à editora ReganBooks, da casa HarperCollins, mas as negociações fracassaram devido à preocupação da empresa com o estado mental de Felt.
Finalmente, a notícia foi publicada na Vanity Fair, que pagou US$ 10 mil por um artigo escrito pelo advogado da família, John O'Connor.

A identidade do “Garganta Profunda” foi mantida em segredo por 30 anos. Os repórteres do Post prometeram que só revelariam a fonte das reportagens quando ela morresse.


sábado, 13 de dezembro de 2008

O BARQUINHO

Maysa
Dia de luz
Festa de sol
Um barquinho a deslizar
No macio azul do mar
Tudo é verão
Amor se faz
Num barquinho pelo mar
Que deslizando sem parar
Sem intenção
Nossa canção
Vai saindo desse mar
E o sol
Vejo o barco e luz
Dias tão azuis
Volta do mar
Desmaia o sol
E o barquinho a deslizar
E a vontade de cantar
Céu tão azul
Ilhas do sul
E o barquinho coração
Deslizando na canção
Tudo isso é paz
Tudo isso traz
Uma calma de verão
E então
O barquinho vai
A tardinha cai
Volta do mar
Desmaia o sol
E o barquinho a deslizar
E a vontade de cantar

Diários particulares de Maysa revelam uma mulher insuspeita



Cantora que hoje faria 70 anos vai ganhar no próximo ano uma biografia baseada em suas próprias anotações.

Lira Neto

Cerca de um mês antes de morrer, em 1977, em um trágico acidente na ponte Rio-Niterói, Maysa faria a última anotação em seu diário particular. "Tenho 40 anos, 20 de carreira. Sou uma mulher só. O que dirá o futuro?" Não houve tempo, infelizmente, para que respondesse à própria pergunta. Hoje, 6 de junho de 2006, ela faria 70 anos. Neste tempo de celebridades instantâneas e glórias frívolas, difícil dizer qual futuro estaria reservado para uma Maysa setentona. Por certo, continuaria a encarar a vida de forma tão intensa quanto sempre a cantou. "Há gritos incríveis dentro de mim, que me povoam da mais imensa solidão", escreveu, em outro trecho do diário.


Em seus muitos cadernos íntimos, cultivados religiosamente, com capricho, desde a adolescência, Maysa mantinha um embate permanente consigo mesma. Fazia desabafos, promessas, confissões. De quando em vez, desenhava-se de perfil, em pequenos auto-retratos rabiscados a lápis. Da ponta da caneta, derramava-se a letra inclinada e nervosa, que não raro chegava a furar o papel, denunciando a voracidade com que se entregava a esse ritual, reservado e cotidiano.


Os momentos mais marcantes dos diários de Maysa estarão na biografia que será lançada ano que vem, com 500 páginas, pela editora Globo, quando se completam os 30 anos de morte daquela que foi uma das maiores divas da música brasileira de todos os tempos. Além dos cadernos pessoais de Maysa, a pesquisa para o livro inclui pelo menos uma centena de entrevistas e o mergulho em cerca de 30 quilos de material, fornecidos pelo filho dela, o diretor de cinema e TV Jayme Monjardim. São milhares de recortes de jornais e revistas, do Brasil e dos vários países por onde Maysa viveu e cantou. Na França, Itália, Estados Unidos, Portugal e Espanha, por exemplo, gravou discos hoje raríssimos, disputados avidamente por fãs e colecionadores.


"Eu só digo o que penso, só faço o que gosto e aquilo que creio. E se alguém não quiser entender e falar, pois que fale", avisava Maysa, na letra da canção Resposta, de sua autoria. Não à toa, sua vida seria marcada, desde sempre, pela ousadia e pela polêmica. Aos 17 anos, saiu praticamente direto do colégio interno para casar com o milionário André Matarazzo. Mas, para escândalo da tradicional família paulistana, logo trocaria o casamento pela "duvidosa" profissão de artista. Desquitada, Maysa dedicou-se à música, viveu amores turbulentos, enfrentou problemas com a bebida. Engordou horrores, quebrou tabus, enfrentou preconceitos. Foi alvo recorrente das revistas de fofoca e, várias vezes, tentou o suicídio. "Não quero morrer. Isso tudo é uma espécie de apelo, um pedido de proteção", confessou.


Foi a inconfundível deusa da música de fossa e da dor-de-cotovelo. A frase "meu mundo caiu", que dá título a uma de suas mais belas e doloridas composições, tornou-se bordão nacional para definir a angústia amorosa e o desencanto radical. Mas os que conviveram com ela também não esquecem de outro lado, menos conhecido, de Maysa. Uma faceta insuspeitada pelos que se acostumaram a ouvi-la cantar, de modo obsessivo, a dor, o desespero e a separação. Isso mesmo. Os antigos amigos falam da existência de uma Maysa solar, irreverente, desbocada, dona de uma gargalhada tonitruante, humor imprevisível, chegada a uma molecagem explícita. "Se sou feliz? Felicidade é coisa de gente burra", ironizava, contudo, Maysa.


Para compreender uma mulher complexa e controvertida como Maysa, é preciso evitar o estereótipo que ela mesma ajudou a construir em torno de si. A eterna cantora dos amores frustrados tinha a exata consciência de que, à certa altura, tornara-se refém da própria imagem pública. "Eu embarquei nessa canoa furada e acabei me tornando o que queriam que eu fosse: uma mulher mal-amada", desabafou.


No fim da vida, recolhida à sua casa de praia, em Maricá, longe dos holofotes da mídia, ensaiava um lento e gradual reencontro consigo. "Não tenho medo da morte. Tenho a impressão de que jamais morrerei", disse, nessa época, a um repórter. "Continuo a mesma, apenas encaro a vida com sereno otimismo", completou. Em seu diário íntimo, porém, revelava a dúvida que alimentava sobre as próprias palavras: "E se o amanhã não chegar?", indagava, na derradeira anotação de seu caderno.


Lira Neto, de 42 anos, jornalista, escreve a biografiade Maysa, a sair em 2007 pela Editora Globo.

CHEIRO DE SAUDADE

(Composição - Maysa)

É aquele cheiro de saudade
Que me trás você a cada instante
Folhas de saudade marcas pelo chão

É uma dor enfim no coração
É talvez que é tempo de saudade
Trago o peito tão carregadinho
Sofro de verdade fruto da saudade
Sem o teu carinho

Quem semeia vento
Colhe tempestade
Quem planta amor
Colhe saudade

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008


ROMA - Arqueólogos franciscanos que escavam na cidade bíblica de Madala (atual Israel) disseram ter encontrado frascos de perfume semelhantes aos que podem ter sido usados pelas mulheres que teriam lavado os pés de Jesus.
Os ungüentos perfumados foram achados intactos, no fundo de uma piscina cheia de lama, junto com cabelos e objetos de maquiagem, segundo relato do diretor da escavação, promovida pela entidade Studium Biblicum Franciscanum, ao site Terrasanta.net.

- Se as análises químicas confirmarem, esses podem ser perfumes e cremes semelhantes àqueles que Maria Madalena, ou a pecadora citada no Evangelho, usou para untar os pés de Cristo - disse o arqueólogo-chefe, padre Stefano de Luca.

Maria Madalena é descrita na Bíblia como uma discípula de Jesus, para quem sete demônios se apresentaram. Habitualmente acredita-se que seja ela a pecadora que tenha lavado os pés de Jesus.

- A descoberta dos ungüentos em Madala é por qualquer medida de grande importância. Mesmo que Maria Madalena não tenha sido a mulher que lavou os pés de Cristo, temos em nossas mãos 'cosméticos' da época de Cristo - disse De Luca.

Madala era o nome de uma antiga cidade perto da costa do mar da Galiléia, no atual norte de Israel. Perto dali existiu uma aldeia palestina até a guerra que criou o Estado judeu, em 1948. Uma cidade israelense chamada Migdal hoje ocupa a região.

- É muito provável que a mulher que untou os pés de Cristo tenha usado estes ungüentos, ou produtos que eram muito similares em composição e qualidade - disse o padre.

A Studium Biblicum Franciscanum participa ativamente da escavação de locais vinculados ao Novo Testamento e aos primórdios do Cristianismo na Idade Média.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008



Hoje não é o melhor dia para lembrar dele, afinal, ele odeia segunda-feira! Mas desta vez o motivo é especial. Há 30 anos, Garfield, o gato mais preguiçoso dos quadrinhos, era criado pelo americano Jim Davis.


Preguiçoso, gordo, ranzinza e fanático por lasanha, o gato laranja já foi publicado em 11 países e, segundo o jornal Folha de S. Paulo, fatura cerca de US$ 5 bilhões por ano em produtos patenteados, sendo 20% só no mercado nacional.


Garfield chegou ao Brasil em 1985 e tem duas tiras publicadas diariamente no jornal Folha de S. Paulo. Além disso, as histórias também saem em outros 2 500 jornais pelo mundo.


E para comemorar seus 30 anos, o gato vai ganhar um livro "Garfield - 30 anos de Gargalhadas e lasanha" ("Garfield - 30 Years of Laughs & Lasagna: The Life & Times of a Fat, Furry Legend"), sem lançamento previsto por aqui, e uma série de animação que será exibida pelo canal Cartoon Network.


E qual seria o segredo do sucesso do personagem que tem suas histórias lidas por cerca de 260 milhões de pessoas por dia? De acordo com Jim Davis, é porque ele não passa de "um come e dorme".

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

REDE TV! E BAND FALTAM À AUDIÊNCIA SOBRE CASO ELOÁ NA CÂMARA


Carlos Soares Martin, de São Paulo





Rede TV! e a TV Bandeirantes, apesar de serem convidadas para a audiência pública que, nesta terça-feira (11/11) discutiu a cobertura da mídia no caso Eloá (uma adolescente que foi morta pelo ex-namorado Lindemberg Alves, em Santo André, São Paulo), não participaram do encontro. A Rede TV!, Record e Globo fizeram entrevistas com Lindemberg Alves e foram acusadas pela polícia de atrapalharem as negociações e influenciar no desfecho do caso. A iniciativa partiu da Comissão de Direitos do Consumidor.

Na tarde desta terça, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) apresentou vídeos que mostram a interferência da mídia nas negociações. “Nós chamamos as emissoras porque tiveram claramente participação no desfecho trágico do caso Eloá. Quebrou-se o código de ética e extrapolaram os limites em busca de audiência. A informação virou uma grande mercadoria que visa ao lucro”, disse Valente.

Participaram ainda da audiência mais sete parlamentares, o promotor de Justiça de Santo André Augusto Rossini, o pesquisador sênior do núcleo de mídia da Universidade de Brasília (UNB) Venício Arthur de Lima, a presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), Maria Luiza Oliveira, o representante da TV Globo Evandro Guimarães e o representante da TV Record Márcio Novaes.

O promotor de Justiça de Santo André disse, em sua exposição, que demorou duas horas para poder falar com Lindemberg porque ele estaria negociando com emissoras de TV. “Fui chamado lá por exigência do próprio Lindemberg, que queria alguém ligado à Justiça e aos direitos humanos para não sofrer retaliações, e ele só acreditou quem eu era eu quando dei uma carteirada via TV”, acrescentou.

Segundo Ivan Valente, a TV Globo admitiu que talvez tenha cometido um erro ao fazer a entrevista com Lindemberg. A TV Record disse que cometeu “excessos” mas que, em nenhum momento, fizeram um mau jornalismo. Disse ainda que os parlamentarem não poderiam cometer infrações à liberdade de imprensa, ao questionarem a qualidade da apuração da TV no caso.

UNIVERSAL E REDE RECORD PREPARAM-SE PARA SEPARAÇÃO EM 2010

Portal Comunique-se




Por enquanto, os programas e cultos evangélicos da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) estão restritos às madrugas na grade de programação da Rede Record. Mas isso já não deve mais acontecer no ano de 2010, quando a emissora pretende separar definitivamente a igreja do canal de TV.


Reportagem do Meio&Mensagem dá conta de que a estratégia partiu do presidente da ordem religiosa e principal acionista da Record, Edir Macedo. O objetivo é mostrar ao mercado e ao público que a Iurd é apenas um dos anunciantes da casa e não proprietária dela.

O vice-presidente comercial da emissora, Walter Zagari, disse que o projeto de eliminar o conteúdo evangélico ainda está na fase inicial e a direção não tomou nenhuma posição definitiva sobre o assunto.

Zagari explicou que, quando o afastamento ocorrer, o investimento da Universal na Record poderá ser aplicado para ampliar suas instalações ou até comercializar novos espaços, em outras redes. Para ele, essa separação provaria que as receitas e os negócios da emissora e da Iurd não estão atrelados.

"Considero que 99% das pessoas do mercado já entendem não existir nenhuma relação empresarial entre a igreja e a televisão. O 1% que sobra são os mais radicais, que não conseguem enxergar a realidade como ela é", disse.

O conteúdo evangélico é exibido, diariamente, na faixa entre 1h e 6h15min.
Segundo a assessoria da Record, a emissora desconhece qualquer comentário neste sentido, mas afirma que o contrato de locação da Iurd termina em 2010.

sábado, 8 de novembro de 2008

CÉSAR TRALLI NEGA TER RECEBIDO INFORMAÇÕES PRIVILEGIADAS DO CASO SATIAGRAHA


Portal Comunique-se


Em entrevista ao patriciakogut.com, o jornalista César Tralli refutou as acusações de que teria tido acesso a informações privilegiadas da Polícia Federal na Operação Satiagraha.

“Estar no lugar certo na hora certa, como aconteceu nesse caso, não é fruto de um tratamento privilegiado, mas de muito trabalho, de informações, aí sim, privilegiadas. Não é só a PF que conta detalhes de investigações como essas. Mantemos contato com os advogados dos acusados, com funcionários de empresas ligadas aos investigados, temos fontes espalhadas em diversos locais relacionados à apuração do caso”, disse Tralli ao blog da colunista.

Segundo o jornalista, ele sabia da existência da investigação há um ano e, durante esse tempo, buscou informações com diversas fontes. “Procurar as informações em diversos locais foi a nossa diferença nesse caso. Eu tenho essa iniciativa, de não ficar preso a uma só fonte. Procuro buscar a história inteira, não fico dependendo de uma pessoa ou instituição. Seria muito arriscado apostar na informação de apenas um dos envolvidos, nesse caso. Minha apuração ficaria incompleta e, pior, comprometida” declarou.

Em 09/07, um dia após da Operação Satiagraha, o ministro da Justiça Tarso Genro se desculpou com as outras emissoras e pediu a abertura de inquérito administrativo na Polícia Federal para investigar suposto vazamento de informações privilegiadas para a Rede Globo. Segundo matéria publicada na Folha de S. Paulo, o repórter César Tralli seria intimado a prestar depoimento no caso.
No dia da operação da PF, o jornalista foi o único a conseguir imagens das prisões do banqueiro Daniel Dantas, do investidor Naji Nahas e do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta.

PF QUEBRA SIGILO TELEFÔNICO DE JORNALISTAS DA TV GLOBO, DIZ FOLHA


Portal Comunique-se


A Polícia Federal, segundo o jornal Folha de S.Paulo, quebrou, ilegalmente, o sigilo telefônico de aparelhos Nextel de jornalistas da Rede Globo, para investigar se a emissora foi informada anteriormente, pelo delegado responsável Protógenes Queiróz sobre a Operação Satiagraha.

Em 08/07, 17 pessoas, incluindo o ex-prefeito Celso Pitta e o banqueiro Daniel Dantas, foram presas sob a acusação de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, para conseguir informações privilegiadas sobre o mercado financeiro.

Segundo matéria da Folha, o delegado Amaro Vieira Ferreira, da Delegacia de Polícia Fazendária em São Paulo, indicado para investigar o possível vazamento das informações para a Globo na Corregedoria da PF, enviou um ofício à Nextel pedindo informações sobre o número de todos os celulares próximos à sede da PF em São Paulo e também a três locais próximos da operação na qual seriam presos suspeitos na operação.

Ainda de acordo com a matéria, nos quatro locais, havia jornalistas da Globo antes da chegada da PF. Um deles seria a casa do ex-prefeito Celso Pitta. A prisão dele, de pijamas, foi filmada às 6h pela emissora.

A PF teria pedido a quebra do sigilo telefônico dos jornalistas sem autorização judicial. As conversas não estão nos autos do processo, mas a Folha encontrou documento que comprovaria o pedido da polícia à Nextel.

Polícia Federal
Procurada pelo Comunique-se, a Polícia Federal negou as informações da Folha. “A repórter interpretou mal os autos”, disse a assessoria, sem dar mais detalhes.

TV Globo
A Globo limitou-se a dizer que não comenta assuntos que estão em julgamento.

Nextel
Para a Folha, a empresa disse: “A Nextel informa que, neste e em outros casos, tem seguido estritamente as determinações judiciais a ela requeridas”.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A VITÓRIA DA CNN, POR LEILA CORDEIRO


PORTAL COMUNIQUE-SE
Leila Cordeiro (*)



Foram quase dois anos de campanha. Nesse período, as grandes redes de TV americanas aumentaram aos poucos o espaço dos candidatos até o sensacional desfecho nesta terça-feira histórica. Os telespectadores puderam nesse período acompanhar a preferência de cada uma das emissoras em relação a este ou aquele candidato.
Na reta final da disputa, a FOX não fez questão de disfarçar sua opção por McCain, através dos comentários de seus principais âncoras e analistas políticos. A ponto de repetirem os mesmos "mantras" lançados nos palanques de campanha republicanos. A ordem era falar da inexperiência de Obama e de sua ligação com terroristas, além de dizer a todo momento que ele, se eleito, implantaria o socialismo nos Estados Unidos.
A MSNBC, casamento perfeito entre a Microsoft com a poderosa NBC, embora de forma menos agressiva que a FOX assumiu a candidatura Obama, mas abriu espaço para opiniões e entrevistas com partidários de McCain. Eles podiam falar livremente, sem serem quase agredidos como acontecia na FOX, com quem defendia a candidatura democrata.
Mas o grande show, sem dúvida, ficou com a CNN. Pode até ser que seus profissionais tivessem simpatia por uma candidatura, mas o espaço dedicado à cobertura foi igual para os dois candidatos e seus estrategistas. Essa é a posição correta (e responsável) que uma emissora de TV deve tomar diante de seu enorme poder de penetração.
Entre o radicalismo da FOX e a simpatia ostensiva da MSNBC por Obama, a CNN foi a grande vitoriosa. Como fez nos debates presidenciais, montou duas mesas redondas. Uma com estrategistas politicos, devidamente creditados como republicanos e democratas, e outra com analistas da própria emissora, também assumidamente democratas e republicanos. Mais imparcial do que isso, impossível.
A naturalidade com que seus âncoras, repórteres e comentaristas se movimentavam no estúdio era impressionante. Parecia que estavam todos em casa numa grande reunião onde o assunto era política. Cada um com seu laptop, sem preocupação de fazer caras e bocas para as câmeras. Aliás, todos se comportam como se não houvesse câmeras. São focalizados de lado, de costas, de frente, como se não estivessem num estúdio de TV. Também a quantidade de câmeras e os cortes de imagens transformam a transmissão num espetáculo quase cinematográfico. Um reality show "real", com redundância mesmo.
A CNN inovou também em tecnologia. Na transmissão desta terça-feira, ela lançou uma novidade que deixou telespectadores e até os próprios profissionais de boca aberta. O jornalista Wolf Blitzer, que ancorou toda a cobertura dos estúdios em Nova Iorque, chamou uma repórter que estava em Chicago e ela apareceu na frente dele de corpo inteiro, como se estivesse ali em carne e osso. Eles tentaram explicar como funciona todo esse avanço, difícil para quem não é do ramo entender mas ficou a impressão de que as técnicas realmente futuristas chegaram a CNN, algo parecido com o que se vê em filmes de ficção como Star Wars, por exemplo, onde os personagens se comunicam através da chamada holografia.
É a tecnologia a serviço de um novo tempo, uma nova era que está começando para o país e para o mundo. A CNN e todas as emissoras de TV podem comemorar porque transmitiram um momento histórico e esperado por toda a comunidade internacional, a eleição de Barack Obama um líder nato, negro, filho de mãe solteira , um professor que virou senador e em pouco mais de dois anos presidente da maior potência do planeta... e isso é mais importante e poderoso do que qualquer tecnologia!

(*) Começou como repórter na TV Aratu, em Salvador. Trabalhou depois nas TVs Globo, Manchete e na CBS Telenotícias Brasil, como repórter e âncora. É também artista plástica e tem dois livros publicados.

MINISTRO DA EDUCAÇÃO DEFENDE “FLEXIBILIZAÇÃO” DA FORMAÇÃO EM JORNALISMO



Portal Comunique-se



O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse na quarta-feira (05/11) que a formação do jornalista precisa passar por uma “flexibilização”. Para o ministro, uma pessoa graduada em ciências sociais, por exemplo, poderia, com mais dois anos de formação, exercer a profissão de jornalista.

“A dupla graduação está se expandindo no Brasil. A tendência internacional é flexibilizar”, afirmou o ministro.
Haddad deixou claro – apesar de citar que outros países não contam com a obrigatoriedade do diploma e formam bons jornalistas – que não trabalha com a questão do diploma – atribuição do Ministério do Trabalho. Seu objetivo é definir o “perfil profissional” do jornalista. “Independentemente da obrigatoriedade, temos de ter bons cursos de jornalismo”, disse. Haddad também citou que pouco lhe é determinante a decisão do Supremo, sobre a obrigatoriedade do diploma.

“Estamos fazendo uma discussão sobre o perfil do profissional (de jornalismo) que queremos formar, inicialmente. Depois, promover a adequação dos currículos às novas diretrizes se forem decididas pelo Conselho Nacional de Educação”, disse Haddad.

Além do jornalismo, o ministro afirmou que cursos de pedagogia, medicina e direito também precisam passar por uma revisão em seus processos de graduação. “Essas áreas do conhecimento têm uma conexão direta com a questão democrática, a informação pública de qualidade (jornalismo), administração da Justiça (direito), saúde pública (medicina) e escola pública (pedagogia)”, afirmou o ministro.

Para Fenaj, curso de jornalismo deve ter quatro anos

Para o presidente da Fenaj, Sérgio Murillo, a discussão sobre a qualidade da profissão de jornalista é bem-aceita por parte da organização. “Querem começar a discutir o jornalismo, são muito bem-vindos”, disse Sérgio Murillo.

O presidente da Fenaj disse, contudo, que os cursos de jornalismo devem permanecer com quatro anos. “Do contrário, é formar um jornalista pela metade”. Murillo vislumbra a possibilidade de que se reduzam as disciplinas já cursadas por formados em outras profissões, para facilitar o reingresso à faculdade. Mas não acredita que a “dupla graduação” possa ser exercida apenas para quem quiser fazer jornalismo. “Quais serão os cursos que o jornalista poderá fazer?”, pergunta. “Se a proposta do MEC for exclusiva para jornalistas, a Fenaj fará uma oposição ferrenha”, afirmou.

Sérgio Murillo acrescenta que, além do debate sobre a dupla graduação, o Ministério da Educação quer melhorar os cursos de jornalismo. “Nós somos a favor e queremos fazer parte de uma fiscalização rigorosa dos cursos”, disse o presidente da Fenaj.

EDIÇÃO DO O GLOBO COM VITÓRIA DE OBAMA GANHA DESTAQUE MUNDIAL




Sérgio Matsuura, do Rio de Janeiro



Alguns fatos, pela importância, ganham destaque na imprensa do mundo inteiro. O resultado da última eleição americana foi um deles. Pela primeira vez um negro ocupará a Presidência dos Estados Unidos. Para os jornalistas, resta o desafio de buscar o diferencial. Na quarta-feira (05/11), O Globo conseguiu esse feito e foi o único jornal do mundo a trazer na primeira página o segundo nome do presidente eleito, Barack Hussein Obama.
O diretor de redação do veículo, Rodolfo Fernandes, explica o motivo da escolha que levou o O Globo a ser o único jornal brasileiro exposto no Newseum, em Washington, e a receber destaque no noticiário da rede CNN.

“Nós queríamos evitar os títulos mais previsíveis, tipo ‘O primeiro negro presidente’, ‘Obama eleito’. Então optamos pelo que consideramos mais simples e significativo: a história toda do Obama, tudo o que ele carrega. Todo o simbolismo da sua eleição está contido integralmente no nome dele. Não era preciso dizer mais nada. A carga histórica de tudo o que aconteceu nos EUA se resume aos três nomes, Barack Hussein Obama. Neste sentido, ressaltar o nome do meio dele era fundamental. Acabou sendo um fato único entre todos os jornais do mundo, o que também é muito difícil em eventos como este”, diz Fernandes.

Como o anúncio do resultado da eleição ocorreu por volta das 2h (horário de Brasília), apenas o terceiro clichê da edição noticiou o fato. A primeira versão, fechada às 22h30min, tinha como manchete “Voto em massa por Obama”. A segunda, fechada uma hora depois, dizia “Obama sai na frente”.

“A confirmação da vitória de Obama só saiu às 2hs, quando grande parte da nossa edição já estava fechada. Foi realmente uma grande superação de todos os envolvidos. Mas são esses momentos históricos que deixam os jornalistas mais motivados. Todos vão se lembrar muitos anos ainda que estavam trabalhando na madrugada em que o primeiro negro chegou ao poder no país mais rico do mundo, apenas 44 anos após o fim da segregação racial”, comenta Fernandes.

Nos EUA, os jornais impressos se transformaram em documentos históricos e artigos de colecionadores. A procura em bancas foi alta e, de acordo com o site Editor & Publisher, o The New York Times teve que imprimir uma carga extra de 50 mil exemplares. O The Washington Post imprimiu 30% a mais que o normal e, mesmo assim, foi forçado a lançar uma edição comemorativa com tiragem de 350 mil.
O Chicago Tribune, da terra natal de Obama, imprimiu 200 mil exemplares extras. No USA Today, o número chegou a 500 mil. Mesmo com a iniciativa dos jornais de aumentar a produção, o site de leilões online eBay tinha na noite de quarta mais de 200 ofertas de venda da edição do The New York Times. Alguns dos vendedores pediam até US$ 400 pelo produto que, em banca, custa US$ 1,50.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008


Contista e romancista, a paulista Lygia Fagundes Telles formou-se em Direito na Faculdade do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo. Formou-se ainda na Escola Superior de Educação Física. Começou a escrever muito cedo, mas veio a rejeitar seus primeiros livros, “imaturos e precipitados”, diz ela. Segundo o professor Antônio Cândido, o romance Ciranda de Pedra (1954) seria o marco da maturidade intelectual da escritora. Tem merecido a melhor crítica não só no Brasil como também no exterior, aonde seus livros vêm sendo publicados com grande sucesso. Ganhadora dos mais importantes prêmios literários do país, dentre eles destacamos: Prêmio do Instituto Nacional do Livro (1958); Prêmio Guimarães Rosa (1972); Prêmio Coelho Neto da Academia Brasileira de Letras (1973); Prêmio Ficção da Associação Paulista dos Críticos de Arte (1973); Prêmio do Pen Club do Brasil (1977); Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro (1980) e Prêmio Pedro Nava, O Melhor Livro do Ano (1989).
Lygia Fagundes Telles tem um filho, Goffredo da Silva Telles Neto, cineasta. Reside em São Paulo e é Procuradora (aposentada) de Autarquia.
A autora considera livro vivo aquele que está nas livrarias, ao alcance do leitor. Assim sendo, destaca-se da relação os seguintes títulos publicados pela Editora Nova Fronteira:

Ciranda de Pedra, romance, 1954
Verão no Aquário, romance, 1963
Antes do Baile Verde, contos, 1972
As Meninas, romance, 1973
Seminário dos Ratos, contos, 1977
A Disciplina do Amor, fragmentos, 1980
Mistérios, contos, 1981
As Horas Nuas, romance, 1989
A Estrutura da Bolha de Sabão, contos, 1991

Numa edição da Global Editora (1984) foi lançado o livro Os melhores contos de Lygia Fagundes Telles, com seleção de Eduardo Portella. Publicado pela Editora Ática (1987) saiu Venha ver o pôr-do-sol (contos).
Lygia Fagundes Telles é a contista das cores, pois em todos os seus contos as cores tem um significado, que muitas vezes dão razão ao que parece inexplicável nas histórias sempre sugestivas e com mensagens ocultas aos seus leitores ávidos.

Você leitor, já desvendeu o significado das cores para Lygia??? Não!!! E quem já notou os finais que sempre sugerem suicídio ou morte em seus contos??? Aos que não conseguem perceber recomendo que façam uma releitura das obras desta escritora ímpar.

Lygia Fagundes é umas das mais deliciosas leituras que já fiz na adolescência; e os detalhes intrísecos nas entrelinhas de suas obras alimentava debates homéricos já na Universidade. Abaixo você poderá ler um de seus contos mais intrigantes... não seja preguiçoso (a), e leia o conto até o final.


OS OBJETOS


Conto de Lygia Fagundes Telles













Finalmente posou o olhar no globo de vidro e estendeu a mão.
– Tão transparente. Parece uma bolha de sabão, mas sem aquele colorido refletindo a janela, tinha sempre uma janela nas bolhas que eu soprava. O melhor canudo era o de mamoeiro. Você também não brincava com bolhas? Hein, Lorena?
Ela esticou entre os dedos um longo fio de linha vermelha preso à agulha. Deu um nó na extremidade da linha e, com a ponta da agulha, espetou uma conta da caixinha aninhada no regaço. Enfiava um colar.
– Que foi?
Como não viesse a resposta, levantou a cabeça. Ele abria a boca, tentando cravar os dentes na bola de vidro. Mas os dentes resvalavam, produzindo o som fragmentado de pequenas castanholas.
– Cuidado, querido, você vai quebrar os dentes!
Ele rolou o globo até a face e sorriu.
– Aí eu compraria uma ponte de dentes verdes como o mar com seus peixinhos ou azuis como o céu com suas estrelas, não tinha uma história assim? Que é que era verde como o mar com seus peixinhos?
– O vestido que a princesa mandou fazer para a festa.
Lentamente ele girou o globo entre os dedos, examinando a base pintalgada de cristais vermelhos e verdes.
– Como um campo de flores. Para que serve isto, Lorena?
– É um peso de papel, amor.
– Mas se não está pesando em nenhum papel – estranhou ele, lançando um olhar à mesa. Pousou o globo e inclinou-se para a imagem de um anjo dourado, deitado de costas, os braços fortes. – E este anjinho? O que significa este anjinho?
Com a ponta da agulha ela tentava desobstruir o furo da conta de coral. Franziu as sobrancelhas.
– É um anjo, ora.
– Eu sei. Mas para que serve? – insistiu. E apressando-se antes de ser interrompido: – Veja, Lorena, aqui na mesa este anjinho vale tanto quanto este peso de papel sem papel ou aquele cinzeiro sem cinza, quer dizer, não tem sentido nenhum. Quando olhamos para as coisas, quando tocamos nelas é que começam a viver como nós, muito mais importantes que nós, porque continuam. O cinzeiro recebe a cinza e fica cinzeiro, o vidro pisa o papel e se impõe, esse colar que você está enfiando... É um colar ou um terço?
– Um colar.
– Podia ser um terço?
– Podia.
– Então é você que decide. Este anjinho não é nada, mas se toco nele vira anjo mesmo, com funções de anjo. – Segurou-o com força pelas asas. – Quais são as funções de um anjo?
Ela deixou cair na caixa à conta obstruída e escolheu outra. Experimentou o furo com a ponta da agulha.
– Sempre ouvi dizer que anjo é o mensageiro de Deus.
– Tenho então uma mensagem para Deus – disse ele e encostou os lábios na face da imagem. Soprou três vezes, cerrou os olhos e moveu os lábios murmurejantes. Tateou-lhes as feições como um cego. – Pronto, agora sim, agora é um anjo vivo.
– E o que foi que você disse a ele?
– Que você não me ama mais.
Ela ficou imóvel, olhando. Inclinou-se para a caixinha de contas.
– Adianta dizer que não é verdade?
– Não, não adianta. – Colocou o anjo na mesa. E apertou os olhos molhados de lágrimas, de costas para ela e inclinando para o abajur. – Veja, Lorena, veja... Os objetos só têm sentido quando têm sentido, fora disso... Eles precisam ser olhados, manuseados. Como nós. Se ninguém me ama, viro uma coisa ainda mais triste do que essas, porque ando, falo, indo e vindo como uma sombra, vazio, vazio. É o peso de papel sem papel, o cinzeiro sem cinza, o anjo sem anjo, fico aquela adaga ali fora do peito. Para que serve uma adaga fora do peito? – perguntou e tomou a adaga entre as mãos. Voltou-se, subitamente animado. – É árabe, hein, Lorena? Uma meia-lua de prata tão aguda... Fui eu que descobri esta adaga, Lembra? Estava na vitrina, quase escondida debaixo de uma bandeja, lembra?
Ela tomou entre os dedos o fio de coral e balançou-o num movimento de rede.
– Ah, não fale nisso! Se você soubesse o quanto eu gostei daquela bandeja, acho que nunca mais vou gostar de uma coisa assim... Se pudesse, tomava já um avião, voltava lá no antiquário do grego barbudo e saía com ela debaixo do braço. As alças eram cobrinhas se enroscando em folhas e cipós, umas cobrinhas com orelhas, fiquei apaixonada pelas cobrinhas.
– Mas por que você não comprou?
– Era caríssima, amor. Nossos dólares estavam no fim, o pouco que restou só deu para essas bugigangas.
– Fale baixo, Lorena, fale baixo! – suplicou ele num tom que a fez levantar a cabeça num sobressalto. Tranqüilizou-se quando o viu sacudindo as mãos, afetando pânico. – Chamar a adaga e o anjo de bugigangas, que é isso! O anjo vai correndo contar para Deus.
– Não é um anjo intrigante – advertiu, encarando-o. – E antes que me esqueça, você diz que se ninguém nos ama, viramos coisa fora de uso, sem nenhuma significação, certo? Pois saiba o senhor que muito mais importante do que sermos amados é amar, ouviu bem? É o que nos distingue desse peso de papel que você vai fazer o favor de deixar em cima da mesa antes que quebre, sim?
– O vidro já está ficando quente – disse e fechou o globo nas mãos. Levou-o ao ouvido, inclinou a cabeça e falou brandamente como se ouvisse e foi dizendo: – Quando eu era criança, gostava de comer pasta de dente.
– Que marca?
– Qualquer marca. Tinha uma marca com sabor de hortelã, era ardido demais e eu chorava de sofrimento e gozo. Minha irmãzinha de dois anos comia terra.
Ela riu.
– Que família!
Ele riu também, mas logo ficou sério. Sentou-se diante dela, juntou os joelhos e colocou o globo nos joelhos. Cercou-os com as mãos em concha, num gesto de proteção. Inclinou-se, bafejando sobre o globo.
– Lorena, Lorena, é uma bola mágica!
Voltada para a luz, ela enfiava uma agulha. Umedeceu a ponta da linha, ergueu a agulha na altura dos olhos estrábicos na concentração e fez a primeira tentativa. Falhou. Mordiscou de novo a linha e com um gesto incisivo foi aproximando a linha da agulha. A ponta endurecida do fio varou a agulha sem obstáculo.
– A cópula.
– Que foi? – perguntou ela, relaxando os músculos. Voltou-se satisfeita para a caixa de contas. – Que foi, amor?
Ele cobriu o globo com a mãos. Bafejou sobre elas.
– É uma bola de cristal, Lorena – murmurou com voz pesada. Suspirou gravemente. – Por enquanto só vejo assim uma fumaça, tudo tão embaçado...
– Insista, Miguel. Não está clareando?
– Mais ou menos... espera, a fumaça está sumindo, agora está tão mais clara, puxa, que nítido! O futuro, Lorena, estou vendo o futuro! Vejo você numa sala... É esta sala! Você está de vermelho, conversando com um homem.
– Que homem?
– Espera, ele ainda está um pouco longe... Agora vejo, é seu pai. Ele está aflito e você procura acalma-lo.
– Por que está aflito?
– Por que ele quer que você me interne e você está resistindo, mas tão sem convicção. Você está cansada, Lorena querida, você está quase chorando e diz que estou melhor, que estou melhor...
Ela endureceu a fisionomia. Limpou a unha com a ponta da agulha.
– E daí?
– Daí seu pai diz que não melhorei coisa nenhuma, mas que há esperança – repetiu ele, inclinando-se, as mãos nos olhos em posição de binóculo postado no globo. – Espera, está entrando alguém de modo tão esquisito... eu, sou eu! Estou entrando de cabeça para baixo, andando nas mãos, plantei uma bananeira e não consegui voltar.
Ela enrolou o fio de contas no pescoço, segurando firme a agulha para as contas não escaparem. Sorriu, alisando as contas.
– Plantar bananeira justo nessa hora, amor? Por que você não ficou comportadinho? Hum?... E o que foi que o meu pai fez?
– Baixou a cabeça para não me ver mais. Você então me olhou, Lorena. E não achou nenhuma graça em mim. Antes você achava.
Vagarosamente ela foi recolhendo o fio. Deslizou as pontas dos dedos pelas contas maiores, alinhando-as.
– Fico sempre com medo que você desabe e quebre o vaso, os copos. E, depois, cai tudo dos seus bolsos, uma desordem.
Ele recolocou o peso na mesa. Encostou a cabeça na poltrona e ficou olhando para o teto.
– Tinha um lustre na vitrina do antiquário, lembra? Um lustre divertido, cheio de pingentes de todas as cores, uns cristaizinhos balançando com o vento, blim-blim... Estava ao lado da gravura.
– Que gravura?
– Aquela já carunchada, tinha um nome pomposo, Os Funerais do Amor, em italiano fica mais bonito, mas não sei mais como é em italiano. Era um cortejo de bailarinos descalços, carregando guirlandas de flores, como se estivessem indo para a uma festa. Mas não era uma festa, estavam todos tristes, os amantes separados e chorosos atrás do amor morto, um menininho encaracolado e nu, estendido numa rede. Ou num coche?... Tinha flores espalhadas pela estrada, o cortejo ia indo por uma estrada. Um fauno menino consolava a amante tão pálida, tão dolorida...
Ela concentrou-se.
– Esse quadro estava na vitrina?
– Perto do lustre que fazia blim-blim.
– Não sei, mas assim como você descreveu, é triste demais. Juro que não gostaria de ter um quadro desses em casa.
– Mas triste ainda era o anão.
–Tinha um anão na gravura?
– Não, ele não estava na gravura, estava perto.
– Mas... Era um anão de jardim?
– Não, era um anão de verdade.
– Tinha um anão na loja?
– Tinha. Estava morto, um anão morto, de smoking, o caixão estava na vitrina. Luvas brancas e sapatinhos de fivela. Tudo nele era brilhante, novo, só as rosas estavam velhas. Não deviam ter posto rosas assim velhas.
– Eram rosas brancas? – perguntou ela, guardando o fio de contas na caixa. Baixou a tampa, com um baque metálico. – Eram rosas brancas?
– Brancas.
– As rosas brancas murcham mais depressa. E fazia calor.
Ele inclinou a cabeça para o peito e assim ficou, imóvel, os olhos cerrados, as pálpebras crispadas. O cigarro apagou-se entre seus dedos.
– Lorena...
– Hum?
– Vamos tomar um chá. Um chá com biscoitos, quero biscoitos.
Ela levantou-se. Fechou o livro que estava lendo.
– Ótimo, faço o chá. Só que o biscoito acabou, posso arrumar umas torradas, bastante manteiga, bastante sal. Hum?
– Eu vou comprar os biscoitos – disse ele, tomando-lhe a cabeça entre as mãos. – Minha linda Lorena. Biscoitos para a linda Lorena.
Ela desvencilhou-se rápida.
–Vou pôr água para ferver. Pega o dinheiro, está na minha bolsa.
– No armário?
– Não, em cima da cama, uma bolsa verde.
Ele foi ao quarto, abriu a bolsa e ficou olhando para o interior dela. Tirou o lenço manchado de ruge. Aspirou-lhe o perfume. Deixou cair o lenço na bolsa, colocou-a com cuidado no mesmo lugar e voltou para a sala. Pela porta entreaberta da cozinha pôde ouvir o jorro da torneira. Saiu pisando leve. No elevador, evitou o espelho. Ficou olhando para os botões, percorrendo com o dedo um por um até chegar ao botão preto com a letra T invisível de tão gasta. O elevador já descia e ele continuava com o dedo no botão, sem apertá-lo, mas percorrendo-o num movimento circular, acariciante. Quando ela gritou, só seus olhos se desviaram na direção da voz vindo lá de cima e tombando já meio apagado no poço.
– Miguel, onde está a adaga?! Está em ouvindo, Miguel? A adaga!
Ela abriu a porta do elevador.
– Está comigo.
O porteiro ouviu e foi-se afastando de costas. Teve um gesto de exagerada cordialidade.
– Uma bela noite! Vai passear um pouco?
Ele parou, olhou o homem. Apressou o passo na direção da rua.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

AMOR






Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração para de funcionar por alguns segundos, preste atenção. Pode ser a pessoa mais importante da sua vida.
Se os olhares se cruzarem e neste momento houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante e os olhos encherem d'água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
Se o primeiro e o último pensamento do dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente divino: o amor.
Se um dia tiver que pedir perdão um ao outro por algum motivo e em troca receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro. Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer momento de sua vida.
Se você conseguir em pensamento sentir o cheiro da pessoa como se ela estivesse ali do seu lado... se você achar a pessoa maravilhosamente linda, mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos emaranhados...
Se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que está marcado para a noite... se você não consegue imaginar, de maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...
Se você tiver a certeza que vai ver a pessoa envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção que vai continuar sendo louco por ela... se você preferir morrer antes de ver a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida. É uma dádiva.
Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro. Ou às vezes encontram e por não prestarem atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixá-lo acontecer verdadeiramente.
É o livre-arbítrio. Por isso preste atenção nos sinais, não deixe que as loucuras do dia a dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: o amor.


Carlos Drummond de Andrade


quarta-feira, 29 de outubro de 2008

PRÊMIO MESTRE DA CULTURA POPULAR 2008



O Município de Santarém foi contemplado com o Prêmio Mestres da Cultura Popular 2008, da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura.

O Mestre IZAURO FARIAS DE SOUSA foi selecionado na CATEGORIA MESTRES pelo seu valioso trabalho na arte de trabalhar a cerâmica e reproduzir conhecimentos.

Também foi habilitado os Trançados do Arapiuns.

A Secretaria Municipal de Planejamento fez a inscrição do Mestre Izauro, Mestre Laurimar Leal (infelizmente laurimar não foi contemplado, a concorrência é grande) e os trançados do Arapiuns.
Mestre Isauro é paraense, nascido no interior de Santa Izabel, em Belém, e atua desde os 10 anos de idade no ramo, depois de ter sido convidado pelo proprietário de uma olaria no município de Castanhal.

Lá, ele permaneceu durante 5 anos até aprender tudo o que era possível. Após se especializar no setor, resolveu se mudar para Icoaraci, região metropolitana de Belém.

Em uma oportunidade, veio a Santarém para trazer um senhor maranhense que vendia verdura. Ao visitar olarias daqui viu o mesmo trabalho que fazia lá em Icoaraci, só que vendida a um preço melhor.
Foi o que fez mudar para este município. Hoje tem uma olaria no bairro de Uruará, na grande Prainha, de onde não tem necessidade de sair em busca de fregueses.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

CAMPANHA DE CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE O CÂNCER DE MAMA


A Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama lança hoje (28), em todo o país, a campanha Não Aceite a Informação pela Metade.


Diversos monumentos serão iluminados de rosa, cor oficial da causa, com o objetivo de alertar as brasileiras para esse tipo de câncer, que atinge mais de 49 mil mulheres anualmente no país.


No Rio, o Santuário do Cristo Redentor será iluminado de rosa hoje à noite e amanhã a fim de chamar atenção para a causa. Das 6h30 às 14h, as pessoas que passarem pela Lagoa Rodrigo de Freitas, na altura do Parque dos Patins, receberão, em uma van batizada de Rosa Móvel, informações sobre o diagnóstico precoce, os direitos e tratamentos relacionados ao câncer de mama.


De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a doença deverá atingir mais de 49 mil mulheres no Brasil e mais de 7,5 mil no Rio de Janeiro somente este ano.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008





"Aqueça seu coração", velho slogan das campanhas do agasalho Brasil afora, acaba de ganhar uma insuspeita base científica. Uma dupla de pesquisadores americanos demonstrou, com a ajuda de voluntários, muito café e palmilhas terapêuticas, que a sensação de calor nas mãos pode tornar as pessoas mais amigáveis e generosas. A explicação mais provável do fenômeno é que as áreas do cérebro que usamos para captar a quentura física também avaliam o "calor" metafórico envolvido nos sentimentos humanos.

A pesquisa de Lawrence Williams, da Universidade do Colorado em Boulder, e John Bargh, da Universidade Yale, segue algumas pistas da psicologia experimental, que apontam à percepção de quão "calorosa" é uma pessoa como uma das principais avaliações que os seres humanos fazem em contextos sociais - tão importante que as pessoas tendem a fazer essa avaliação sobre gente que acabaram de conhecer, e o fazem com alto grau de exatidão praticamente à primeira vista.

É o tipo da coisa que nos ajuda a estimar instintivamente se alguém tem boas chances de ser amigo ou inimigo, ou até um parceiro sexual/afetivo em potencial. Uma das hipóteses mais populares é que a sensação de calor afetivo está ligada, em mamíferos, ao "quentinho" gostoso que os filhotes recebem da mãe quando estão sendo amamentados por ela. De quebra, análises do funcionamento cerebral já indicavam a sobreposição entre calor físico e psicológico na mesma região do cérebro, o córtex insular.


Vai um cafezinho aí?


Até aí, tudo bem - em termos teóricos. Williams e Bargh desenvolveram dois protocolos experimentais (que mais parecem pegadinhas de TV) para avaliar o impacto de todas essas associações no comportamento das pessoas.



No primeiro, os voluntários eram recebidos por uma pessoa na frente do local dos experimentos, a qual carregava um copo de café quente ou gelado. Casualmente, a pessoa pedia que os voluntários segurassem o copo enquanto ela anotava alguns dados. Depois, cada voluntário tinha de preencher um formulário em que precisava dar "notas" à pessoa que acabaram de conhecer em dez traços de personalidade, metade dos quais tinham diretamente a ver com o conceito de "calor" interpessoal - coisas como "generoso", "alegre" e "sociável". O resultado? Quem segurou o café quente tinha mais probabilidade de dar notas altas nesses quesitos do que os que seguraram o café frio.

No segundo experimento, os cientistas trocaram o café por uma palmilha terapêutica que podia estar quente ou fria e tinha de ser segurada pelos participantes a pretexto de testar sua eficácia. A pegadinha agora era a seguinte: depois de terminado o experimento, os voluntários podiam escolher entre uma bebida ou vale-sorvete para si próprios ou para um amigo como recompensa. Bingo: quem segurava a palmilha quente tendia mais a presentear um amigo do que os que ficavam com a palmilha fria. Além de sugerir uma excelente estratégia para um primeiro encontro, convide o pretendente para beber algo quentinho, a pesquisa indica que emoções mais "abstratas" podem ter origem em sensações concretas e físicas. De fato, trabalhos anteriores haviam demonstrado que pensar em coisas imorais faz as pessoas se sentir sujas, e se sentir sozinho leva os seres humanos a também sentir frio.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

CIÊNCIA DESCOBRE SEGREDO DA PAIXÃO



Uma pesquisa feita por psicólogos da Universidade de Aberdeen, da Escócia, concluiu que na hora da conquista não é necessário ser fisicamente atraente. É preciso apenas olhar nos olhos e sorrir.

O estudo concluiu também que esses "signos sociais" são indicativos de que realmente gostamos do outro. Por isso, nem perca tempo com quem não fixa o olhar em você e nem sequer expressa uma manifestação nos lábios. "Se combinarmos a informação que temos sobre a beleza física de uma pessoa com a constatação de que parecemos atraentes para ela, isso permitirá saber quanto esforço se deve colocar na relação", afirma Ben Jones, coordenador da pesquisa.

"Em outras palavras, é possível saber se devo mesmo cortejar alguém que não tem qualquer intenção de corresponder às minhas expectativas", completa.

Não se trata de beleza. Ainda que pesquisas anteriores tenham demonstrado que o que consideramos beleza natural são características físicas como a simetria facial e o tom de voz, esse estudo sugere que a fascinação entre duas pessoas pode ser muito mais complexa que isso.

Os resultados foram baseados em um teste feito com 230 homens e mulheres. Os pesquisadores pediram para que os voluntários olhassem cartões com a imagem de rostos com expressões variadas. As imagens mostravam pessoas que faziam contato visual, sem sorrir; que não olhavam nos olhos, mas sorriam; que não mantinham contato visual e nem sorriam; e, finalmente, pessoas que olhavam nos olhos e também sorriam. Depois, os participantes tinham que qualificar o grau de atração que sentiram por aqueles rostos.

Segundo Jones, a maioria dos participantes considerou como a imagem mais atraente aquela que olhava diretamente nos olhos e sorria. Ou seja, a atração seria uma combinação de beleza natural com "signos sociais", que podem ser um olhar, um sorriso e até mesmo a declaração verbal.

De acordo com os pesquisadores, o trabalho demonstra que o que consideramos como atraente está relacionado com a forma como esse indivíduo se comporta e quanto interesse parece sentir por nós.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

UM MINUTO






D'Black com Negra Li


"Alô?""Olha, eu só tenho um minuto..."


Por onde quer que eu vá vou te levar pra sempre
A culpa não foi sua
Os caminhos não são tão simples, mas eu vou seguir
Viagem em pensamentos
Numa estrada de ilusões que eu procuro dentro do meu coração
Toda vez que fecho os olhos é pra te encontrar
A distância entre nós não pode separar
O que eu sinto por você não vai passar
Um minuto é muito pouco pra poder falar
A distância entre nós não pode separar
E no final, eu sei que vai voltar

Por onde quer que eu vá vou te levar pra sempre
A vida continua
Os caminhos não são tão simples, temos que seguir
Viajo em pensamentos
Uma estrada de ilusões que eu procuro dentro do meu coração

Toda vez que fecho os olhos é pra te encontrar
A distância entre nós não pode separar
O que eu sinto por você não vai passar
Um minuto é muito pouco pra poder falar
A distância entre nós não pode separar
E no final, eu sei...

E no meu coração, aonde quer que eu vá
Sempre levarei o teu sorriso em meu olhar
Toda vez que fecho os olhos é pra te encontrar
A distância entre nós não pode separar
O que eu sinto por você não vai passar
Um minuto é muito pouco pra poder falar
A distância entre nós não pode separar
E no final, eu sei que vai voltar
Eu sei que vai voltar...

terça-feira, 14 de outubro de 2008










Flávio Gikovate: 'Os solteiros que não estão bem são os que ainda sonham com um amor romântico' ou ‘O amor romântico está com os dias contados’ é o que prevê Flávio Gikovate no livro “Uma História do Amor... com Final Feliz”.
Mitos como o de que os opostos se atraem e que relações entre casais só dão certo quando cada um abre mão da individualidade estão caindo por terra, segundo Flávio Gikovate. Para o psicoterapeuta, o avanço da sociedade está ocasionando verdadeiras mutações nos relacionamentos. 'A idéia de fusão funcionava até pouco tempo atrás porque eram duas carnes com um só cérebro: o do homem. A mulher, oficialmente, não pensava. Com a independência econômica e sexual, ela chegou também à intelectual. As relações afetivas estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor'.
Aqui, o psicoterapeuta explica por que os relacionamentos duradouros são os que unem dois inteiros e não duas metades.


Até que ponto a relação com a mãe, durante a infância, influencia os relacionamentos amorosos da vida adulta?
Dr. Flávio Gikovate - O amor é um sentimento que temos pela pessoa cuja presença provoca em nós a sensação de paz e aconchego que perdemos ao nascer, quando sofremos uma ruptura que gera desamparo. Essa sensação só se atenua com a reaproximação física da mãe. Assim, ela é o nosso primeiro objeto de amor. Quando crescemos e nos tornamos independentes, queremos nos entreter com outras coisas, mas, vez por outra, nos sentimos inseguros e corremos atrás do aconchego físico materno. A impressão de ser uma 'metade', portanto, nos acompanha desde o nascimento, porque nascemos fundidos a outro ser - a mãe. O problema é que essa sensação de que falta alguma coisa não pode ser preenchida por outra pessoa. 'Viver sozinho é um bom estágio para dar início a uma relação madura'.

O ser humano tem a necessidade de encontrar o 'aconchego', que o senhor define como prazer negativo - já que supre a sensação de desamparo. Nesse sentido, é mesmo 'impossível ser feliz sozinho'?
FG - Temos de entender que não somos metade. Ninguém precisa de outra parte para se completar. Essa situação de incompletude tem de ser resolvida internamente, sem repassar ao outro a responsabilidade por esse vazio. Há muitos solteiros felizes. A maioria leva uma vida serena e sem conflitos. Quando sentem uma sensação de desamparo - aquele 'vazio no estômago' por estarem sozinhos -, resolvem a questão sem ajuda. Mantêm-se ocupados, cultivam bons amigos, lêem um bom livro, vão ao cinema. Com um pouco de paciência e treino, driblam a solidão e se dedicam às tarefas que mais gostam. Os solteiros que não estão bem são, geralmente, os que ainda sonham com um amor romântico. Ainda possuem a idéia de que uma pessoa precisa de outra para se completar. A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são parecidas com 'o ficar sozinho', ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem. Viver sozinho é um bom estágio para dar início a uma relação madura. Pode ser que a pessoa goste tanto dessa condição que decida não investir mais em relacionamentos.

Por que tantas pessoas insistem em continuar a viver relacionamentos arruinados?
FG - Provavelmente pela falta de compreensão sobre o que de fato representa viver em comunhão. E, definitivamente, não é fazendo concessões e sufocando a individualidade que as relações vão se sustentar. A maioria dos divórcios é de iniciativa da mulher, porque casamentos de má qualidade são mais desgastantes para ela, que é quem culturalmente faz mais concessões no relacionamento. Em geral, são relações entre opostos: um egoísta e outro generoso. E há tanto homens como mulheres dos dois tipos. Nas separações por iniciativa feminina, geralmente a mulher generosa ficou cansada do marido folgado. A egoísta não se separa, pois se beneficia da situação. Os maridos generosos não se separam porque não são bons em ficar sozinhos e perdem mais com a separação, como os filhos e a casa.

Por que essas pessoas acabam se envolvendo com o mesmo perfil do parceiro anterior? Por exemplo, um parceiro violento ou irresponsável.
FG - Porque a idéia de fusão, embutida no amor romântico, ainda prevalece na escolha do parceiro. Para se sentir completa, a pessoa busca um oposto. Muitos casamentos entre opostos, com a idéia de fusão, ainda vão acontecer antes que as pessoas se dêem conta de que não dá mais para insistir nesse tipo de relacionamento. A necessidade de independência vem desde cedo no ser humano. Só que mudaram as prioridades. Antes, o amor ganhava da individualidade porque não havia o que fazer com ela. Não tinha televisão, meio de transporte. Hoje temos 100 canais de TV que facilitam os momentos de lazer e o Ipod para ouvir música sozinho. Ou seja, a individualidade é um bem precioso, que ninguém quer (nem deve) abrir mão. 'Casais que se gostam passam por crises e reconstituem a aliança em termos mais individualizados'.

Se relacionar com alguém com o perfil muito diferente do seu é o principal ponto problemático nos relacionamentos atualmente?
FG - Sim, o maior erro é escolher parceiros que são o oposto de nós. Generosas se ligam a egoístas; extrovertidos se ligam a recatadas; boêmios se ligam a pessoas de vida diurna e assim por diante. Em geral, pessoas com 'boa dose de auto-estima' costumam ser egoístas. E pessoas com baixa auto-estima tendem a ser generosas. As duas posturas derivam da imaturidade emocional, portanto não são adequadas. O generoso não é nenhum bonzinho. Ele dá mais do que recebe, mas cobra por isso. O egoísta não tolera frustrações e contrariedades. Se o egoísta tenta dominar pela intimidação, o generoso tenta dominar pela competência. Isso forma uma trama diabólica que se perpetua ao longo das histórias de gerações. A sociedade criou o individualismo para acabar com a dualidade egoísmo-generosidade. Esse novo contexto vai formar o justo, que é o indivíduo que dá e recebe na mesma medida. Ele troca, não dá com o intuito de dominar, nem recebe de uma forma parasítica.

No livro o senhor menciona que o velho conceito de que os opostos se atraem está mudando. Como se dá essa transformação na sociedade?
FG - A passagem de uma relação convencional para uma relação de mais amor, que eu defendo, é lenta e progressiva. Tem um momento que dói. Um dos dois vai reclamar primeiro do sufoco. O outro vai ficar ofendido, mas vai aproveitar para afrouxar o vínculo também. Momentaneamente há uma crise. Mas casais que se gostam mesmo, que se respeitam, que têm afinidade, passam por isso e reconstituem a aliança em termos mais individualizados. Assim, entendem que, se um não gosta de ópera, não tem por que ir com o outro e ficar dormindo durante a apresentação. Se a mulher não gosta de futebol, não tem por que ficar ao lado do marido entediada. 'Aos poucos, as pessoas estão reconhecendo quão imaturo e desgastante é o amor tradicional que conhecemos'.

Muito tem se falado em casais que decidiram, depois de muito tempo debaixo do mesmo teto, morar sozinhos para manter a saúde da relação. É um sinal de que há um outro tipo de relacionamento surgindo?
FG - Essa é mais uma das mudanças que podem acontecer nos novos relacionamentos. Se for uma decisão madura, não há problemas. Temos de tirar vantagens, em vez de lamentar. Os pontos positivos são muitos: avanço moral, avanço da capacidade de viver sozinho, de aprender a resolver a situação de incompletude e não imaginar que isso vai se resolver por meio do outro. O que mais devemos evitar é a postura conservadora de querer fazer prevalecer atitudes que não estão mais em concordância com a realidade - e que foi modificada por força da própria ação humana.

Por que o amor romântico - que julga serem necessárias duas pessoas, ou seja, um casal, para que se chegue à felicidade plena - irá acabar? Como será esse novo tipo de relacionamento?
FG - As relações afetivas estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor. O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar. Quando há qualidade, as chances de o relacionamento durar são bem maiores.
O amor romântico - ciumento, opressivo e sufocante - não tem mais chances de dar certo porque é incompatível com o desejo crescente do individualismo. Aos poucos, as pessoas estão reconhecendo quão imaturo e desgastante é o amor tradicional que conhecemos. No mundo moderno, em que há muita atividade individual e interesses individuais, o amor como remédio não funciona porque ele é possessivo e exclui a liberdade. Isso ninguém tem suportado mais. Esse amor vai ter de ser substituído por outra qualidade de relação - algo mais parecido com a amizade, porque é aproximação de duas unidades, não a fusão de duas metades.


ANISTIA E DIREITOS HUMANOS SÃO TEMA DE SEMINÁRIO NA CÂMARA



A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, em parceria com entidades e associações de anistiados de todo o país, promovem a partir de hoje (14) o 2º Seminário Latino-Americano de Anistia e Direitos Humanos.


O evento ocorre até quinta (16), em continuidade aos debates da primeira edição do seminário, realizada em agosto de 2007.


A programação de hoje prevê debates de teses entre anistiados e anistiandos e a elaboração de um documento oficial do encontro a ser encaminhado a autoridades federais e a organismos internacionais.


Amanhã e quinta-feira, expositores nacionais e estrangeiros vão debater diversos temas relativos à anistia. O evento será realizado no Auditório Nereu Ramos, na Câmara.

AUDIÊNCIA AVALIARÁ RESULTADOS DO PROUNI E DO ENEM

A Comissão de Educação e Cultura realiza audiência pública nesta terça-feira (14) para avaliar os resultados do Programa Universidade para Todos (Prouni) e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

O Prouni, criado em 2004, concede bolsas de estudo integrais e parciais para cursos de graduação e seqüenciais em instituições privadas de ensino superior, que recebem, como contrapartida, isenção de tributos. Já o Enem, criado em 1988, é um exame anual, individual, de caráter voluntário, destinado aos estudantes que estão concluindo ou que já concluíram o ensino médio em anos anteriores. O objetivo principal é possibilitar uma referência para auto-avaliação.

Em 2004, o Ministério da Educação vinculou a concessão de bolsa do Prouni à nota obtida no Enem. Algumas universidades públicas também reservam vagas para alunos com as maiores notas no Enem (em substituição ao vestibular).

Foram convidados para o debate, proposto pelo deputado Carlos Abicalil (PT-MT): a vice-presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes), Carmem Luíza da Silva; o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Reynaldo Fernando; o presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos do Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), Hermes Ferreira Figueiredo.

A audiência está marcada para as 14 horas no plenário 10.

sábado, 27 de setembro de 2008

Ser adulto é fácil???



Arnaldo Jabor


Sempre acho que namoro, casamento, romance tem começo, meio e fim. Como tudo na vida. Detesto quando escuto aquela conversa:'Ah,terminei o namoro... ''Nossa,quanto tempo?'' Cinco anos... Mas não deu certo... acabou 'É não deu...' Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou. E o bom da vida, é que você pode ter vários amores. Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam. Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro? E não temos esta coisa completa. Às vezes ele é fiel, mas não é bom de cama. Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel. Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador. Às vezes ela é malhada, mas não é sensível. Tudo nós não temos.

Perceba qual o aspecto que é mais importante e invista nele. Pele é um bicho traiçoeiro. Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia. E as vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona... Acho que o beijo é importante... e se o beijo bate... se joga... senão bate... mais um Martini, por favor... e vá dar uma volta. Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra. O outro tem o direito de não te querer. Não lute, não ligue, não dê pití. Se a pessoa tá com dúvida, problema dela, cabe a você esperar ou não. Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.

O ser humano não é absoluto. Ele titubeia, tem dúvidas e medos mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta.. Nada de drama. Que graça tem alguém do seu lado sob chantagem, gravidez, dinheiro, recessão de família? O legal é alguém que está com você por você. E vice versa. Não fique com alguém por dó também. Ou por medo da solidão. Nascemos sós. Morremos sós. Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado. E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.

Tem gente que pula de um romance para o outro. Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?Gostar dói.Você muitas vezes vai ter raiva, ciúmes, ódio, frustração. Faz parte. Você namora um outro ser, um outro mundo e um outro universo.E nem sempre as coisas saem como você quer... A pior coisa é gente que tem medo de se envolver. Se alguém vier com este papo, corra, afinal, você não é terapeuta.

Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível. Na vida e no amor, não temos garantias. E nem todo sexo bom é para namorar. Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar. Nem todo beijo é para romancear. Nem todo sexo bom é para descartar. Ou se apaixonar. Ou se culpar.Enfim...quem disse que ser adulto é fácil?

sábado, 30 de agosto de 2008

Período eleitoral e o Brasileiro...

Arnaldo Jabor

Brasileiro é um povo solidário. Mentira. Brasileiro é babaca. Eleger para o cargo mais importante do Estado um sujeito que não tem escolaridade e preparo nem para ser gari, só porque tem uma história de vida sofrida. Pagar 40% de sua renda em tributos e ainda dar esmola para pobre na rua ao invés de cobrar do governo uma solução para pobreza. Aceitar que ONG's de direitos humanos fiquem dando pitaco na forma como tratamos nossa criminalidade... Não protestar cada vez que o governo compra colchões para presidiários que queimaram os deles de propósito, não é coisa de gente solidária. É coisa de gente otária.
Brasileiro é um povo alegre. Mentira. Brasileiro é bobalhão. Fazer piadinha com as imundices que acompanhamos todo dia é o mesmo que tomar bofetada na cara e dar risada. Depois de um massacre que durou quatro dias em São Paulo, ouvir o José Simão fazer piadinha a respeito e achar graça, é o mesmo que contar piada no enterro do pai. Brasileiro tem um sério problema. Quando surge um escândalo, ao invés de protestar e tomar providências como cidadão, ri feito bobo.
Brasileiro é um povo trabalhador. Mentira. Brasileiro é vagabundo por excelência. O brasileiro tenta se enganar, fingindo que os políticos que ocupam cargos públicos no país, surgiram de Marte e pousaram em seus cargos, quando na verdade, são oriundos do povo. O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado ao ver um deputado receber 20 mil por mês, para trabalhar 3 dias e coçar o saco o resto da semana, também sente inveja e sabe lá no fundo que se estivesse no lugar dele faria o mesmo. Um povo que se conforma em receber uma esmola do governo de 90 reais mensais para não fazer nada e não aproveita isso para alavancar sua vida (realidade da brutal maioria dos beneficiários do bolsa família) não pode ser adjetivado de outra coisa que não de vagabundo.
Brasileiro é um povo honesto. Mentira. Já foi, hoje é uma qualidade em baixa. Se você oferecer 50 Euros a um policial europeu para ele não te autuar, provavelmente irá preso. Não por medo de ser pego, mas porque ele sabe ser errado aceitar propinas. O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado com o mensalão, pensa intimamente o que faria se arrumasse uma boquinha dessas, quando na realidade isso sequer deveria passar por sua cabeça. Cerca de 90% de quem vive na favela é gente honesta e trabalhadora. Mentira. Já foi. Historicamente, as favelas se iniciaram nos morros cariocas quando os negros e mulatos retornando da Guerra do Paraguai ali se instalaram. Naquela época quem morava lá era gente honesta, que não tinha outra alternativa e não concordava com o crime. Hoje a realidade é diferente. Muito pai de família sonha que o filho seja aceito como 'aviãozinho' do tráfico para ganhar uma grana legal. Se a maioria da favela fosse honesta, já teriam existido condições de se tocar os bandidos de lá para fora, porque podem matar 2 ou 3 mas não milhares de pessoas. Além disso, cooperariam com a polícia na identificação de criminosos, inibindo-os de montar suas bases de operação nas favelas.
O Brasil é um País democrático. Mentira. Num país democrático a vontade da maioria é Lei. A maioria do povo acha que bandido bom é bandido morto, mas sucumbe a uma minoria barulhenta que se apressa em dizer que um bandido que foi morto numa troca de tiros, foi executado friamente. Num país onde todos têm direitos, mas ninguém tem obrigações, não existe democracia e sim, anarquia. Num país em que a maioria sucumbe bovinamente ante uma minoria barulhenta, não existe democracia, mas um simulacro hipócrita. Se tirarmos o pano do politicamente correto, veremos que vivemos numa sociedade feudal: um rei que detém o poder central (presidente e suas MPs), seguido de duques, condes, arquiduques e senhores feudais (ministros, senadores, deputados, prefeitos, vereadores). Todos sustentados pelo povo que paga tributos que têm como único fim, o pagamento dos privilégios do poder. E ainda somos obrigados a votar.
Democracia isso? Pense! O famoso jeitinho brasileiro. Na minha opinião, um dos maiores responsáveis pelo caos que se tornou a política brasileira. Brasileiro se acha malandro, muito esperto. Faz um 'gato' puxando a TV a cabo do vizinho e acha que está botando pra quebrar. No outro dia o caixa da padaria erra no troco e devolve 6 reais a mais, caramba, silenciosamente ele sai de lá com a felicidade de ter ganhado na loto... malandrões, esquecem que pagam a maior taxa de juros do planeta e o retorno é zero. Zero saúde, zero emprego, zero educação, mas e daí? Afinal somos penta campeões do mundo né??? Grande coisa... O Brasil é o país do futuro. Caramba, meu avô dizia isso em 1950. Muitas vezes cheguei a imaginar em como seria a indignação e revolta dos meus avôs se ainda estivessem vivos. Dessa vergonha eles se safaram...
Brasil, o país do futuro!? Hoje o futuro chegou e tivemos uma das piores taxas de crescimento do mundo. Deus é brasileiro. Puxa essa eu não vou nem comentar... O que me deixa mais triste e inconformado é ver todos os dias nos jornais a manchete da vitória do governo mais sujo já visto em toda a história brasileira. Para finalizar tiro minha conclusão: O brasileiro merece! Como diz o ditado popular, é igual mulher de malandro, gosta de apanhar. Se você não é como o exemplo de brasileiro citado nesse texto, meus sentimentos amigo continue fazendo sua parte, e que um dia pessoas de bem assumam o controle do país novamente. Aí sim, teremos todas as chances de ser a maior potência do planeta. Afinal aqui não tem terremoto, tsunami nem furacão. Temos petróleo, álcool, bio-diesel, e sem dúvida nenhuma o mais importante: Água doce! Só falta boa vontade, será que é tão difícil assim?

terça-feira, 26 de agosto de 2008

CIÊNCIA MALUCA: Para quem ri em enterros




Se você é uma dessas pessoas que não seguram o riso em momentos sérios como velórios e enterros. Não se preocupe a Ciência Maluca tem uma explicação científica para essa sua mania de não segurar o riso e levar ralho dos outros!!!


Você olha para os lados, respira fundo, tenta se distrair com alguma coisa, pensa em algo muito, muito triste (tipo a pessoa que acabou de morrer). E do nada, alguém te encara e você começa a gargalhar no meio dos parentes do falecido. Mas não é de sacanagem! Muito menos culpa sua! Cientistas descobriram que algumas pessoas apenas têm versões diferentes de um gene que faz com as respostas a uma situação de estresse e ansiedade sejam diferentes. O gene do riso afeta um processo químico que está ligado diretamente à ansiedade. Sinais enviados para o cérebro que controlam certas emoções, como medo e tristeza, ficam enfraquecidos. Ou seja, não é que você não tem medo, ou não está triste e emocionado. Você é um descontrolado mesmo e não adianta lutar contra. O estudo, publicado no Jornal Científico Behavioural Neuroscience, também descobriu que quem não tem esse gene consegue ficar menos estressado e tem menos problemas de pressão.
Informações: Revista Súper Interessante (a melhor do Brasil)

Entrevista Joaquim Barbosa - Ministro do Supremo Tribunal Federal

Folha de S.Paulo, 25/08/2008
FREDERICO VASCONCELOS - ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA


"ENGANARAM-SE os que pensavam que o Supremo Tribunal Federal iria ter um negro submisso, subserviente", diz o ministro Joaquim Barbosa, ao comentar os desentendimentos com alguns de seus pares -como Marco Aurélio, Gilmar Mendes e Eros Grau. Ele atribui os atritos à defesa que faz de "princípios caros à sociedade", como o combate à corrupção. Barbosa entrou em choque com ministros tidos como "liberais" em julgamentos da Operação Anaconda. Ficou conhecido popularmente como relator do inquérito do mensalão e recentemente discutiu com Eros Grau sobre a liberação de um preso da Operação Satiagraha.
Joaquim Barbosa nega que seja "encrenqueiro" e diz não se sentir isolado no tribunal, onde "não costuma silenciar quando presencia algo errado". Ele critica, por exemplo, os advogados de "certas elites" que monopolizam a agenda do Judiciário -inclusive no Supremo-, marcando audiências para pedir que seus processos sejam julgados com prioridade, na frente de outros que entraram na Corte há mais tempo. Barbosa recebeu a Folha quarta-feira, em seu gabinete, onde concedeu entrevista em pé, durante cerca de uma hora. Ele sofre de dores crônicas na coluna, incômodo que se agrava quando fica sentado nas cinco sessões semanais na Corte.

FOLHA - A mídia o aponta como o ministro que mais se desentende com os colegas. O sr. é uma pessoa de temperamento difícil?
JOAQUIM BARBOSA - Engano pensar que sou uma pessoa que tem dificuldade de relacionamento, uma pessoa difícil. Eu sou uma pessoa altiva, independente e que diz tudo que quer. Se enganaram os que pensavam que, com a minha chegada ao Supremo Tribunal Federal, a Corte iria ter um negro submisso. Isso eu não sou e nunca fui desde a mais tenra idade. E tenho certeza de que é isso que desagrada a tanta gente. No Brasil, o que as pessoas esperam de um negro é exatamente esse comportamento subserviente, submisso. Isso eu combato com todas as armas.

FOLHA - Gilmar Mendes chegou a dizer que o sr. "tem complexo". A ministra Carmen Lúcia insinuou que haveria um "salto social", com sua evidência no caso do mensalão. Como o sr. recebe esses comentários?
BARBOSA - A imprensa se esquece de dizer quais foram as razões pelas quais eu tive certos desentendimentos. Quase sempre foram desentendimentos nos quais eu estava defendendo princípios caros à sociedade brasileira, como o combate à corrupção no próprio Poder Judiciário. Sem aquela briga com o ministro Marco Aurélio, o caso Anaconda não teria condenação e cumprimento de penas pelos réus.

FOLHA - No julgamento de uma ação da Anaconda houve o comentário de que o sr. teria "complexo"...
BARBOSA - Achei apropriado naquele momento dar uma resposta dura. Falaram que eu sou encrenqueiro. Eu tenho amigos espalhados pelo Brasil e pelo mundo inteiro. São pessoas decentes. E eu não costumo silenciar quando presencio algo de errado, ainda que no âmbito do tribunal ao qual eu pertenço.

FOLHA - O sr. se sente isolado no Supremo?
BARBOSA - Nem um pouco. Eu tenho meu leque de amizades, que são pessoas que têm afinidades comigo, com aquilo que eu gosto, que não necessariamente coincide com o gosto da maioria do tribunal. Mas tenho boa relação com ministros.

FOLHA - Uma crítica recorrente é que o Supremo favorece as elites. Como o sr. vê essa observação?
BARBOSA - Eu ainda não amadureci a minha reflexão sobre isso. Mas há uma coisa que me perturba, que me deixa desconfortável aqui no tribunal e na Justiça brasileira como um todo. É o fato de que certas elites, certas categorias monopolizam, sim, a agenda dos tribunais. Isso não quer dizer que eu esteja de acordo com a frase de que o tribunal favorece as elites. Monopolizam a agenda.

FOLHA - Como isso ocorre?
BARBOSA - Nós temos na Justiça brasileira o sistema de preferência, tido como a coisa mais natural do mundo. O advogado pede audiência, chega aqui e pede uma preferência para julgar o caso dele. O que é essa preferência? Na maioria dos casos, é passar o caso dele na frente de outros que deram entrada no tribunal há mais tempo. Se o juiz não estiver atento a isso, só julgará casos de interesse de certas elites, sim. Quem é recebido nos tribunais pelos juízes são os representantes das classes mais bem situadas. Eu não posso avalizar inteiramente essa frase [de que o Supremo favorece as elites], mas acho que um país em que a Justiça está completamente abarrotada tem que ter atenção muito grande para esse perigo de que a agenda dos tribunais seja monopolizada por certos segmentos sociais. Basta prestar a atenção, durante cada ano, no tempo que o STF gasta julgando questões de interesse corporativo. É enorme.

FOLHA - O sr. costuma receber advogados em seu gabinete?
BARBOSA - Recebo, mas nenhum advogado, por mais importante que ele seja, monopoliza o meu gabinete [o ministro informa que concedeu 244 audiências, em 2006 e 2007].

FOLHA - Sua decisão de quebrar o sigilo do inquérito do mensalão contribuiu para a abertura do Supremo à sociedade. Quais os aspectos positivos e negativos dessa exposição?
BARBOSA - Eu acho que o lado bom é o pedagógico. Aproxima o tribunal da sociedade. Quebra com uma tradição tipicamente brasileira, ainda forte, de o juiz estar distante do cidadão. O tribunal entra nos lares dos brasileiros. As questões importantes da cidadania são debatidas, são absorvidas pelo cidadão. Acho isso muito positivo. O lado negativo disso é que essa superexposição traz uma carga de pressão muito grande em cima do tribunal. Essa hiper-exposição atrai cada vez mais demandas para o Supremo. Uma tendência natural de outros poderes e de segmentos da sociedade é pensar que tudo pode ser resolvido no Supremo. Não é tão fácil assim vir até o Supremo, e é extremamente caro.

FOLHA - Diante das decisões recentes do tribunal, alguns juízes dizem que o Supremo está se distanciando da sociedade, do mundo real.
BARBOSA - Teoricamente, acho que isso possa existir. Não quero falar sobre decisões. Em tese, o juiz não pode se desgrudar da sociedade. Ele não pode desprezar os valores mais caros da sociedade na qual opera. Seria suprema arrogância -e isso eu noto em alguns juízes brasileiros- achar que não interessa o que a sociedade pensa sobre determinadas decisões. O juiz é fruto do seu meio. Seria o supra-sumo da arrogância entender que o juiz poderia ter uma escala de valores que não leve em conta o sentimento da sociedade sobre questões que lhe são trazidas para decidir. Em um sistema judiciário que não leva em consideração o sentimento da sociedade sobre determinadas questões, a tendência é ele perder credibilidade e se transformar em monstrengo inútil, do ponto de vista institucional, a médio ou longo prazo.

FOLHA - O Supremo carece de especialistas em direito penal?
BARBOSA - Eu discordo. O Supremo não precisa de especialistas em direito penal. É verdade que na atual composição não há especialistas em direito penal. Mas uma pessoa com uma boa formação em direito público, com uma boa formação humanística, uma boa visão de mundo, que não seja paroquial, é isso que se espera do membro de uma Corte Suprema e não uma especialização exacerbada nesta ou naquela matéria. O que se espera é, sobretudo, prudência. Uma clara visão da sociedade.

FOLHA - Quantos membros do Supremo já interrogaram réus?
BARBOSA - Isso é irrelevante. Eu presido quatro grandes processos criminais, jamais vistos na história do tribunal. Eu não vou interrogar ninguém. Eu delego. Eu não preciso interrogar. A lei me dá esse poder. Não é uma corte para resolver questões pontuais. É um tribunal que julga casos com profunda repercussão na sociedade. Aqui não se cuida do varejo. Já interroguei réus. Fui procurador da República por 19 anos. Minha especialização é direito público, mas isso é bobagem, não tem a menor relevância.

FOLHA - Em que medida o foro privilegiado dificulta uma avaliação mais precisa do Supremo?
BARBOSA - Eu acho o foro privilegiado nefasto. O foro privilegiado e outras medidas são processos de racionalização da impunidade. Já disse e repito.

FOLHA - O Supremo é mais rigoroso para receber denúncias de crimes de colarinho branco?
BARBOSA - O Supremo é bem mais rigoroso em matéria penal em geral. O tribunal tem a tradição de mais rigor, nesses últimos anos. Vejamos o caso do mensalão. Com a importância do STF, com o número de causas e problemas seríssimos que tem para resolver, é racional que o tribunal gaste cinco dias inteiros só para julgar o recebimento de uma denúncia? Com todas as dificuldades que o Brasil inteiro assistiu ao vivo?O recebimento de uma denúncia como aquela, no primeiro grau, seria um despacho de duas páginas.