terça-feira, 31 de agosto de 2010

SÍMBOLO DA IMPRENSA: JB CHEGA ÀS BANCAS PELA ÚLTIMA VEZ NESTA TERÇA

Dívidas e baixa vendagem levaram diário de 119 anos a optar pela internet como única plataforma. Jornal do Brasil se apresenta como ‘o primeiro jornal 100% digital do Brasil’


iG Rio de Janeiro 30/08/2010 14:48


Nesta terça-feira, 31 de agosto, um dos maiores símbolos históricos da imprensa nacional, o Jornal do Brasil, terá a última edição em seu formato tradicional, o papel. A partir de 1º de setembro, o JB vai poder ser lido exclusivamente em sua versão digital, pela internet.

A última edição não deve ser especial, porque o jornal não quer dar a idéia de término, apenas de mudança e renovação. O jb.com.br, que se apresenta como “O primeiro jornal brasileiro na internet”, será a continuação virtual do produto jornalístico do grupo.

O motivo da mudança é a crise financeira enfrentada pelo diário desde os anos 90, que levou a dívidas, considerável queda de vendas, perda de credibilidade e demissões em série de jornalistas. Hoje, a redação tem apenas 60 integrantes. O iG antecipou em 30 de junho a informação sobre a suspensão da versão impressa.Sem o mesmo prestígio e influência, o JB foi descredenciado do IVC (Instituto Verificador de Circulação), órgão responsável por auditar o número de exemplares vendidos das publicações brasileiras, e hoje se estima que a circulação seja de 17 mil exemplares durante a semana, em um momento que os jornais brasileiros crescem 2% em vendas.

Jornal do Brazil, com "z"
Fundado em 9 de abril de 1891 como “Jornal do Brazil”, o diário só deixou de testemunhar os primeiros 15 meses da Era Republicana e cobriu os mandatos de todos os presidentes do País. Teve seu auge entre os anos 50 e 80, quando ditou tendências e reunia alguns dos melhores profissionais da imprensa brasileira.

A partir dos anos 90, a crise o atingiu fortemente. A situação financeira do grupo é crítica. O passivo está próximo de R$ 1 bilhão, e parte das receitas está frequentemente bloqueada para o pagamento de dívidas trabalhistas e fiscais.

Ao colunista do iG Guilherme Barros, o controlador do Jornal do Brasil, Nelson Tanure, afirmou que nunca conseguiu fechar o diário no azul, desde que o assumiu, em 2001, assim como a Gazeta Mercantil, que também fechou. Para Tanure, este é seu último lance na mídia, porque “é muito difícil um jornal sério dar lucro, principalmente no Brasil”.

Desperdício
O Jornal do Brasil justifica que a migração do papel para o meio eletrônico é a tendência no mundo e procura se apresentar como pioneiro e inovador nessa transição. “Qualidade. Praticidade. Alinhamento com o futuro. Respeito à ecologia, inovação” é o novo slogan.

Oficialmente, alega também motivos ecológicos para o fim do papel. “Para cada 100 mil jornais que são impressos, 60 mil são vendidos e 40 mil são jogados fora. É um desperdício fantástico”, afirmou Tanure, a Guilherme Barros, do iG.

De acordo com nota do JB na mesma linha, em anúncio, “os custos econômicos e ambientais do papel são insustentáveis”. “Mais que isso, são desnecessários: uma única edição de domingo do JB corresponde a cerca de 200 árvores, que levam anos para crescer e ocupam 40 mil metros quadrados de florestas. Isso equivale a quatro campos e meio de futebol. Em um ano, com a versão digital, são preservadas áreas florestais correspondentes a mais de 1.200 Maracanãs.”

No mesmo anúncio publicado em página dupla na semana passada, o Jornal do Brasil anunciou que será, “a partir de 1º de setembro, o primeiro jornal 100% digital do Brasil”. “A nova fase do JB usará atraentes plataformas multimídias em computadores e aparelhos móveis de qualquer tipo: laptops, desktops, iPhones, Blackberries ou os modernos leitores digitais iPad, Kindle, Nook, Mix, etc.”, diz o texto.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Use as redes sociais para o benefício profissional

Superinteressante
Guilherme Dearo

Na hora de escolher um jovem para a vaga de estágio, as empresas fazem seleção de currículos, dinâmicas de grupo, provas, entrevistas e... analisam os perfis que o candidato tem nas redes sociais!Isso mesmo. Pode parecer estranho, mas desde que a internet 2.0 se consolidou e fez surgir as chamadas redes sociais, como Orkut, Twitter e Facebook, as empresas têm analisado de perto o perfil que cada candidato criou no mundo virtual. ‘Empresas acessam os perfis e verificam comunidades, amizades, modo de expressão. Tudo isso eles levam em conta, ajuda a traçar o perfil do candidato’, conta Carmem Alonso, gerente de treinamento do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube).

Ela aconselha os jovens que estão buscando um estágio a investir na imagem virtual, não só mantendo uma postura coerente e adequada no mundo virtual como publicando artigos, produzindo conteúdo em sites e blogs. ‘Isso trará visibilidade, agregará valor à sua imagem de profissional’, afirma.83% dos internautas no Brasil acessam Orkut, Twitter, Facebook e outras redes sociais por motivos pessoais, ou seja, para se relacionar, fazer novas amizades. E apenas 33% têm interesses profissionais. Um exemplo de rede social voltada exclusivamente para a imagem profissional, onde usuários criam seus perfis falando de suas carreiras, como um cartão de visitas, é o site Linked In.

Carmem também alerta aos estudantes para usarem as redes sociais de modo que não se use apenas para diversão, mas também para pesquisa, troca de informações, divulgação, compartilhamento de conteúdo.

O povo contra os jornalistas

Dunga era o vilão nacional. Mas aí ele brigou com a Globo e virou herói. Por que todo mundo ficou do lado dele?

Superinteressante
por Rafael Antonio


Todo mundo soube. Era o assunto na padaria, na corrida do táxi, nas mesas de bar. Durante a Copa do Mundo, o (então) técnico da seleção brasileira resolveu enfrentar a maior emissora de TV do país, que detém os direitos de transmissão dos jogos, fechando os treinos e proibindo entrevistas. Dunga e Globo entraram em um embate público. O treinador xingou um jornalista. A emissora usou seus programas para criticar o técnico. O público acabou escolhendo seu lado - e ficou com Dunga, que até então era um dos treinadores mais impopulares que a seleção já teve.

No mesmo dia em que o Brasil jogou as quartas de final, logo depois da briga com a Globo, foi publicada uma pesquisa com o mais alto índice de aprovação do técnico: 69% dos brasileiros apoiavam o trabalho de Dunga - 20 pontos a mais do que quando ele convocou a seleção.Mas por que a opinião pública preferiu ficar do lado do técnico controverso em vez do da emissora? Bem, porque poucas coisas despertam tanta desconfiança quanto a imprensa. Um levantamento da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, divulgado no fim de junho, mostra que apenas 18% dos brasileiros acreditam na mídia e que 72% creem muito pouco naquilo que é veiculado nos meios de comunicação. E é um sentimento mundial: nos EUA, uma pesquisa de 2007 da Universidade Sacred Heart, de Connecticut, mostra que só 24% dos entrevistados confiam nas informações veiculadas na mídia. A maioria dos americanos acredita apenas em algumas notícias. Mesmo nós, aqui da SUPER, constantemente recebemos cartas nos acusando de manipuladores, mentirosos ou tendenciosos.O motivo para tanta raiva pode ser, bem, porque às vezes realmente a imprensa publica notícias um tanto... discutíveis. Exemplos não faltam.


Apenas 3 dias depois da eliminação do Brasil da copa, diversos veículos publicavam manchetes na linha: "Apontado como um dos culpados pelo fracasso da seleção brasileira, o volante Felipe Melo pede para não ser responsabilizado". Quem disse que Felipe Melo foi mesmo o vilão? Ele foi expulso aos 28 minutos do 2º tempo, quando o jogo já estava 2 a 1 para a Holanda. Ele conseguiria reverter essa situação se não tivesse sido expulso?São exemplos como esse que tornam difícil tirar a pulga de trás da orelha dos leitores - mesmo quando os jornalistas fazem tudo certo. Somos cada vez mais questionados. E, com 73 milhões de brasileiros na internet, ficou mais fácil os questionamentos encontrarem público. Fóruns de discussão, blogs de análise, leitores atentos: todo mundo agora consegue apontar o dedo para o que a imprensa tem feito de errado. "A internet coloca em diálogo pessoas que antes estavam confinadas na condição de receptoras", diz Eugênio Bucci, professor da Escola de Comunicações e Artes da USP e ex-presidente da Radiobrás. E sim, quando essas pessoas se juntam, muitas vezes é para falar mal de nós.


A internet também deu aos leitores muito mais opção na hora de se informar. Para acontecimentos em qualquer canto do planeta, já é possível acessar um site local ou conversar com alguém que mora perto do que está acontecendo. Qualquer um pode virar distribuidor de informação. Um cálculo feito pela revista americana Seed mostra que, hoje em dia, 0,1% da população pode ser considerada produtor de conteúdo (escritores, blogueiros ou autores de twitters com mais de 100 seguidores, por exemplo). E esse número está aumentando 10 vezes ao ano. Em dois anos, calcula-se que teremos 10% da população produzindo informação. "Antes, os jornalistas tinham o monopólio da produção de conteúdo. Agora perderam isso", afirma Ricardo Noblat, colunista de O Globo e autor de um dos blogs de política mais acessados do país. Isso é bom para o leitor - mas também deixa a imprensa mais vulnerável a críticas ou informações imprecisas.


Com tanta gente produzindo informação, é natural também que mais pessoas se incomodem com o que está sendo veiculado: estamos pisando no calo de mais gente. "As pessoas perceberam que há um poder excessivo de construir ou destruir na comunicação. E todo poder gigantesco acaba questionado. O Dunga foi na contramão da Globo e incitou grande parte da opinião pública que questionava esse poder", diz Bob Fernandes, editor do Terra Magazine. E foi isso que o caso Dunga x Globo despertou: a possibilidade de se voltar contra o grande poder que a mídia tem.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

3 Perguntas Sobre Dragões


Superinteressante

por Texto Daniel Schneider

Qual a origem desses seres mitológicos?
Considerando pinturas dos aborígines australianos, esses répteis mágicos e mitológicos “existem” há pelo menos 40 mil anos. Essa longevidade pode explicar sua aparição em quase todas as culturas do planeta. Os mais famosos são o chinês e o europeu. O primeiro lembra uma enorme serpente, e o segundo parece um dinossauro com asas de morcego.
Até quando acreditou-se que eles existiam?
Para dizer a verdade, ainda há muitas pessoas que crêem na existência de dragões, especialmente na China, onde são considerados seres profundamente sábios, geralmente instrutores de alguma ciência ou magia. Cientistas atribuem a origem do mito a fósseis de dinossauros ou antigas baleias, que lembram a ossada de uma serpente de grandes proporções.
Por que São Jorge matou um dragão?
Para converter 15 mil pessoas ao cristianismo. Diz a lenda que num vilarejo da Líbia havia um dragão que exigia ser alimentado em troca de poupa as vida de todos. Assim que acabaram as ovelhas, jovens donzelas passaram a ser oferecidas, até que um dia a eleita foi a filha do rei. Prestes a ser devorada, a princesa foi salva por Jorge, que capturou o dragão e propôs um acordo: se ele o matasse ali mesmo, todo vilarejo se converteria ao cristianismo. Dito e feito.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Quem foi a verdadeira Alice do País das Maravilhas?


Nem tudo era ficção na obra de Lewis Carroll

Superinteressante


por Anna de Oliveira

O que você faria se a sua filha de 7 anos estivesse muito amiga de um esquisitão de 31, fazendo com ele demorados passeios de canoa e posando para seus retratos artísticos? Em vez de chamar a polícia - como qualquer família normal - a de Alice Pleasance Liddell incentivou seu relacionamento com Charles Dodgson, um escritor que assinava como Lewis Carroll. E a menina acabou sendo a musa inspiradora dos clássicos Alice no País das Maravilhas (1865) e Através do Espelho (1871) - este inclusive termina com um poema em que as primeiras letras de cada estrofe formam o nome da menina.
Até hoje não é claro o que exatamente estava rolando entre a
menina e o escritor. Especula-se, e ninguém poderia deixar de especular, que havia uma paixão, consumada ou não. Sempre se acreditou que, quando ele deixou de frequentar a casa dos Liddell subitamente, em 1863, foi porque os pais de Alice haviam resolvido dar um basta naquele relacionamento inapropriado. Mas documentos descobertos pela biógrafa Karoline Leach mostram que Carroll talvez fosse tão simpático com Alice e suas irmãs porque estava interessado mesmo era na governanta da casa. Já adulta, Alice soube usar a fama da personagem a seu favor. Mãe de 3 filhos e apertada de grana após a morte do marido rico, leiloou o valioso manuscrito de As Aventuras de Alice Embaixo da Terra (primeiro nome de Alice no País das Maravilhas). Ela já não mantinha contato com Lewis Carroll. O escritor anotou em seu diário que se lembraria dela pra sempre "como aquela menininha de 7 anos completamente fascinante".

Através dos espelhos
Conheça a versão real e a imaginária de Alice
Alice Liddell
A foto A Pequena Mendiga (acima) foi tirada pelo próprio Carroll quando a menina tinha ainda 7 anos - além de escritor, ele era fotógrafo nas horas vagas. Consta que Alice gostava muito das histórias que ele contava, e sua personalidade teria inspirado a personagem.
Alice de Tim Burton
A protagonista do filme 3D é uma versão mais velha da personagem clássica de Lewis Carroll. Prestes a casar, ela corre novamente atrás do coelho para cair mais uma vez em um buraco que a leva ao País das Maravilhas, onde as coisas estão um pouco diferentes do que eram.

Por que algumas músicas grudam na cabeça?

Mente vazia, além de ofício do Diabo, é lugar ideal para abrigar músicas grudentas

Superinteressante


por Davi Rocha

O sujeito acorda, boceja e, sem mais nem menos, ouve um: "Bota a mão na cabeça que vai começar", vindo do seu cérebro. O tempo passa, ele escova os dentes, toma um café e: "O Rebolationtion, o rebolation/ o rebolation- tion". Já era. A música grudou. Esse fenômeno irritante, que faz com que fiquemos repetindo mentalmente músicas, é chamado de earworm ("minhoca de ouvido"), termo criado pelo professor James Kellaris, da Universidade de Cincinnati. Quando estamos desocupados ou distraídos, basta pensar rapidamente numa música para o fenômeno acontecer. O que se forma, então, é algo parecido com uma coceira cerebral. O jeito de amenizar o incômodo é repetir mentalmente a música ad infinitum.
Para descobrir isso, pesquisadores da Universidade Dartmouth, nos EUA, colocaram voluntários para ouvir música. Sem aviso, a música parava. Quando a melodia era conhecida do ouvinte, o córtex auditivo continuava trabalhando, relembrando a melodia. Quando a música era desconhecida, a mente do sujeito ficava vazia. Para ocupar esse espaço, o cérebro começava a repetir o que tinha acabado de ouvir. Estranhamente, mulheres são mais suscetíveis ao fenômeno - só não se sabe ainda por quê.
O professor Kellaris diz que qualquer canção pode entrar em looping. "Mas músicas simples, repetitivas e com mudanças inesperadas têm mais probabilidade de grudar", diz. São aquelas formadas por refrões, frases marcantes ou oscilações na voz... Isso te lembra algo? "O Rebolation é bom, bom/ O Rebolation é bom, bom, bom."

Como se livrar do chicle de ouvido
Dicas rápidas e eficientes contra essa praga
Cante tudo
Quando tentamos lembrar "como é mesmo aquela letra?", ficamos parados numa parte da música o dia inteiro. Uma solução é cantar a música inteira, para eliminar de vez o chicle.
Vire o disco
Se não pode vencê-los, junte-se a eles. Livrar-se totalmente de uma música pode ser difícil. Aí o jeito é substituir uma melodia muito irritante por alguma que vá irritá-lo um pouco menos.
Pense muito
Ocupe-se. TV não ajuda muito, já a leitura mantém o cérebro trabalhando. Por isso, se ficar com alguma música na cabeça depois desta reportagem (sei lá, qualquer uma), continue lendo a SUPER pra passar.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

E SE..


Superinteressante

Todos os humanos fossem da mesma cor?


Não haveria intolerância ou o argumento de superioridade racial. Os negros, portanto, não teriam sido escravizados, não haveria existido o apartheid nem o nazismo. Ou seja, a história da humanidade seria completamente diferente. Engano seu. A natureza humana é bem mais complexa que isso: mesmo se todos tivessem a mesma cor de pele, textura de cabelo ou formato de olhos, bastaria que algum povo se destacasse no desenvolvimento técnico e econômico para se sentir superior aos demais.
Aí o argumento para o domínio não seria a diferença física, mas, sim, cultural, que justificaria a exploração dos mais fracos pelos mais fortes e daria origem a todo tipo de intolerância. Em algum momento, o conceito de raça apareceria. “Quem quer inventar raças não precisa de nenhum mercador aparente, apenas de uma narrativa”, justifica o sociólogo Demétrio Magnoli, doutor em Geografia Humana pela USP.
E nem é preciso muita imaginação para exemplificar como isso ocorreria. Em Ruanda, tútsis e hútus não se distinguem por traços físicos, língua nem religião. Mas, para dominá-los, a Bélgica, seu ex colonizador, criou carteiras raciais que distinguiam os dois grupos. Apoiou a elite tútsi e a jogou contra a hútus. Em 1994, passadas 7 décadas, os hútus se vingaram matando meio milhão de tútsi.
“Todas as sociedades têm um elenco de elementos com os quais consegue distinguir-se dos demais pejorativamente”, diz o antropólogo João Baptista Borges Pereira, professor da USP e do Mackenzie. Se a evolução não tivesse criado distintos biótipos, a divisão da sociedade seria baseada nas diferenças de língua, religião, ancestralidade ou castas.
Mesmo por caminhos diferentes, no final o mundo estaria dividido, dando origem a disputas por poder, guerras étnicas e, mais adiante, luta por igualdade e movimentos relacionados ao orgulho das minorias. Sim, você já ouviu essa história antes...

Texto: Maurício Horta

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Entrevista Walter Salles

O aclamado cineasta brasileiro Walter Salles de ofícios pessoais, socialmente consciente de que as histórias são emocionais, sem ser manipuladora e simples sem ser simplista. Entre eles: O corajoso ”Terra Estrangeira”, o terreno fábula ”Abril Despedaçado” e ”Linha de Passe”, Sandra Corveloni, que ganhou o prêmio de melhor atriz em Cannes. Central do Brasil, com dezenas de prêmios recolhidos e recebeu indicações ao Oscar de melhor filme estrangeiro e melhor atriz: (Fernanda Montenegro), ”Diários de Motocicleta”, a história de uma viagem intercontinental formada por Ernesto Guevara, foi um sucesso internacional e vencedor do prêmio principal. Com 54 anos de idade, foi duas vezes homenageado no BAFTA, irá receber o Diretor Fundador do Prêmio na quinta-feira (12) no San Francisco International Film Festival.

Q: Seus filmes tendem a ser definido em determinadas circunstâncias sócio-políticas.
W:
O que verdadeiramente me interessa são as histórias em que os percursos dos personagens principais de alguma forma espelho das transformações em jogo em uma determinada cultura ou país. Isto é verdade para o movimento neo-realista do cinema italiano, a Nouvelle Vague francesa, o Cinema Novo brasileiro, ou os independentes de Nova York dos anos 70. “Taxi Driver” é a personificação deste. Tolstoi nos ensinou que quando você fala de algo que é específico e único para a cultura, você pode estar abrindo a janela para algo que seja verdadeiramente universal.
A maioria dos filmes que fiz são sobre personagens que tentam reinventar-se, quer porque não tem outra opção, como em “Central do Brasil”, ou, por optar, como em “Diários de Motocicleta”. Esta é a questão temática você pode encontrar na maioria dos filmes que eu já dirigi: Personagens que passam por uma busca de identidade, a maior parte do tempo em um país em mudanças similares.

Q: Você refez faixas de Guevara para fazer “Diários de Motocicleta”. Queria que levassem ao seu interesse na adaptação de Jack Kerouac em “On the Road”?
W:
Eu fui apaixonado por “On the Road”, uma vez eu li pela primeira vez, em meu 20 segundos adiantado. Voltei a ele antes de filmar “Diários de Motocicleta”. A viagem do jovem Ernesto acabou gerando uma revolução política, “On the Road” é uma expressão de um movimento que iniciou uma revolução comportamental. Quando fui convidado por Francis Ford Coppola e Roman Coppola para dirigir “On the Road”, eu pensei que a única maneira de fazer justiça ao que foi investigar a década em que essa geração veio a existir, bem como o impacto que teve sobre a cultura. Assim, com uma pequena equipe de três, uma câmera Super-8 antigo e um mini-DV, que refez a rota em que os personagens de ”On The Road” assumem (e entrevistou artistas proeminentes da época e atuais influenciado por Kerouac).
Então, o que eu estou terminando é um documentário em busca de um possível filme baseado em “On the Road”. Que eu estarei mostrando em São Francisco, é uma edição muito impressionista de 60 minutos, um trabalho em andamento de um documentário inacabado de 120 minutos. Só vai realmente ganhar vida quando sabemos se vamos ser capazes de fazer a narrativa cinematográfica. Se a resposta for positiva, então a última imagem do documentário deverá ser o primeiro aplauso da narrativa cinematográfica: “On the Road”, Cena 1.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Por Carla Ninos

Eu sou uma pessoa que não me considero 'religiosa' e sim detentora de um 'espírito livre'. Fui criada no berço do fundamentalismo cristão, mas logo cedo rompi essa tendência unilateral da minha vida.
Curiosa, sempre me interessei por todo tipo de coisa; e quando se trata de espiritualidade, fé e o medo do desconhecido, rompi com o tradicional e empreendi uma busca pessoal por respostas e conforto (sim, acredito que o homem precisa de conforto, por isso a maioria cai no conto do primeiro 'vigário' que encontra).
A princípio eu queria provar que os dogmas não tinham nada de divinos e eram conceitos que serviam apenas para aprisionar os 'fiéis'. Mas, depois me encantei com a teoria agnóstica, com Nietzsche, além de algumas outras tendencias desprezadas por um grande número de gente, seja por preconceito ou ignorância.
Princípios herméticos, xamanismo, ocultismo, chakras, bruxaria, religiões pagãs (riquíssimas e muito mais coerentes do que o cristianismo), etc. A ‘bruxaria’, em especial, sempre me chamou atenção. Foi totalmente deturpada com a ascensão do Cristinismo, e até virou justificativa para uma matança indiscrimanada pela Igreja (essa parte da história acredito que a maioria deva saber, mas a gente finge que é só uma estória).
Para quem estiver interessado em desmistificar a ideia preconcebida sobre o assunto segue umas informações para esclarecimentos.

Bruxaria
Atualmente, um número cada vez maior de estudiosos dedica-se às Tradições da Magia e Feitiçaria, não se sabe ao certo quando teria surgido a Bruxaria; contudo há provas instigantes que indicam que pode ter se originado na aurora da humanidade, aproximadamente no final do período paleolítico, quando o Homem de Neandertal cedeu o lugar ao Homo Sapiens.
A bruxaria desde os primórdios, considerada uma religião da natureza é uma crença que antecede o cristianismo, e não se opõe em momento algum aos ensinamentos de Jesus. No entanto tornou-se uma visão lúgubre e ameaçadora no conceito da Igreja Romana na Idade Média, predominando na Europa durante séculos, trazendo para a vida do ser humano grandes conseqüências, como a morte de centenas de milhares de pessoas, o que se transformou numa verdadeira histeria religiosa.
A bruxaria com suas práticas pagãs, folclore e a crença nos poderes da magia é muito arraigada entre os europeus, a mulher representava a base fundamental da fertilidade, o corpo feminino era reverenciado como foco de força divina; doadora da vida. Por isso o Culto a Deusa-Mãe, aos mistérios da procriação e o respeito ao feminino.
No início da Idade Média, quase todas as mulheres podiam ser chamadas de bruxas, já que qualquer mulher sabia mais sobre superstições e encantamentos do que uma centena de homens. Até o século 15, os "Feitiços e Encantamentos" das mulheres foram, virtualmente, o único depositário de prática médica. As mulheres da idade média conheciam o poder das ervas, dos ciclos lunares, dos ventos, das chuvas, estrelas e planetas. Estavam profundamente ligadas por um amor e agradecimento à Terra e todas as manifestações de força e poder que vinha desta. Os pagãos acreditam que a volta da ligação com a natureza é o único caminho para uma vida harmônica e equilibrada, por isso todos os Ritos sagrados da Bruxaria estão centrados na Estação do Ano e fases lunares.
Paracelso disse que as bruxas o tinham ensinado tudo o que sabia sobre cura. Em 1570 o carcereiro do Castelo de Canterbury libertou uma feiticeira condenada, justificando, com a opinião popular, que ela sozinha era melhor para tratar os doentes do que todos os padres e exorcistas. Feiticeiras ou Fadas?
De acordo com explicação de Joseph Campbell: "Não resta dúvida de que nas épocas mais remotas da História do Homem a força mágica e misteriosa da Fêmea era tão maravilhosa quanto o próprio Universo; e isto atribui à mulher um poder prodigioso, poder este que tem sido uma das principais preocupações da parte masculina da população - como quebrá-lo, controlá-lo e usá-lo para seus próprios fins."
As conseqüências dessa ruptura primordial na relação entre homem e mulher viriam a ter um papel nas mitologias de "diversas culturas"; em termos práticos contribuiu para o surgimento de devastadoras turbulências sociais, tal como a Grande Perseguição às Bruxas na Europa Medieval.
Tempos longínquos, mas muito marcantes... e são esses fatos que são relembrados com curiosidade pela humanidade. Tempos de proibição, a mulher deveria casar virgem, e servir ao homem sempre com a disposição que lhe fosse determinada. Era a época onde se deveria agir pela fé, ou seja, justificar toda fé.
Só não sabiam que essa fé chegaria tão longe, ao ponto de matar pessoas, seres humanos, justificando a vontade divina. O que as pessoas deveriam lembrar é da velha Inquisição, onde vidas foram tomadas, até mesmo sem provar a culpa da vítima. Hoje, o principal fundamento da vida é a razão.
Mas felizmente a humanidade pôde evoluir, ter liberdade, as Antigas Religiões estão ressurgindo lentamente, mas constantes.
Surge o neo-paganismo, uma religião moderna chamada Wicca criada aproximadamente em 1940 pelo grande ocultista Gerald Brousseau Gardner, fundamentada na Alta Magia Cerimonial, na Thelema e no raciocínio segundo a obra 777 de Alesteir Crowley. Ela tomou o nome de uma divindade céltica chamada Cernunnos, representado por um homem com cabeça humana e chifres e pernas de cabra ou cervo, um ser meio homem meio animal, simbolizava o Deus primordial de toda criação, Absoluto. Após isto, Doris Valiente juntamente com Gardner reescreve o Book of Shadows de uma maneira mais paganizada e em seguida introduz o conceito da Deusa-Mãe, criando algo novo na Wicca. Com isso, Cernunnos não era mais absoluto, nem primordial, mas a contraparte da Deusa, que também foi tomado o nome de outra deidade céltica.
Queremos esclarecer para as pessoas que desconhecem, que a Wicca não é Céltica, até mesmo a Wicca dita céltica, não é Antiga Religião Celta, nem representante da cultura e povo Celta. Apesar de conter alguns elementos celtas, a Wicca tem sua origem na Thelema e os ritos fundamentados na Alta Magia Cerimonial.
O povo Celta, ao chegar na Europa, trouxe suas crenças, que ao se misturarem às crenças da população local, deram início a outras práticas.
A religião dos Celtas (existentes em algumas partes do mundo) era e ainda é o Druidismo, uma religião politeísta, e seus ritos eram sempre realizados ao ar livre. Para eles, este contato com a natureza permitia uma maior aproximação com os deuses e divindades. As principais eram: a Grande Deusa Mãe e o Deus Cornífero, chamados de Ceridwen e Cernunos, respectivamente. A Grande Deusa Mãe é a natureza em todas as suas manifestações, a fecundação e a criação, mãe do Deus Cornífero que representa a fertilização.
Os druidas cultuavam agricultura, a cura com ervas e a caça. Realizavam festas ritualísticas em homenagem às divindades, e iniciavam as pessoas na arte da Magia que era ensinada oralmente. Apesar da classe sacerdotal ser dividida entre homens e mulheres, a sociedade era matriarcal. As druidesas eram divididas em classes: a primeira vivia enclausurada. As outras classes podiam se casar e participavam de rituais sagrados.
O tempo foi passando e os deuses ficaram apenas na história representados por estátuas encontradas em diversas partes do mundo, como a do Deus Cornífero achada na Suécia. Agora com a chegada do século XXI, todos estes conceitos estão retornando e ressurge em todo mundo as crenças e o poder da magia dos antigos celtas. A bruxaria é a antiga religião dos povos da Europa, que após quase 2000 anos de exclusão e desaparecimento vem ressurgindo.
Segundo pesquisadores, todos os tipos de bruxaria são derivados do Xamanismo primitivo. "Os rituais de bruxaria tem a sua origem perdida no tempo, desde os Tempos Celtas, diga-se de passagem, Belos Tempos, onde a natureza era o princípio de tudo, onde a fé era profunda, onde a mente humana tinha um poder incalculável, pois o ser humano sabia como fazer bom uso do que lhe era proporcionado."

Fonte: http://www.misteriosantigos.com/

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Eleições 2010: Ficção? Realidade?

Por Carla Ninos

Mais uma campanha eleitoral está começando e mais uma vez nós vamos ser bombardeados pela publicidade. Porque “político” é como um produto, o que tiver melhor propaganda vira líder de vendas.
E convenhamos, são maravilhosas essas propagandas. Atualmente acho mais divertido assistir aos poucos minutos de comerciais do que os programas em si. São minutos de pura viagem ao mundo da fantasia e dos sonhos.
‘Esses caras’ são feras e mais uma vez ficaremos sentados em frente à televisão no horário político nos divertindo, rindo às gargalhadas daqueles candidatos sem noção que viram chacota, elogiando um bom programa, geralmente são aqueles que nos remetem ao tal mundo da fantasia. E mais uma vez vamos ter a certeza de que o nosso voto não vai fazer tanta diferença assim porque a gente vai votar no menos pior, uma vez que os nomes apresentados são só nomes, porque o resto é pura propaganda, são seres fictícios. E se é para vivermos com a ficção porque não colocamos nas urnas eletrônicas os nossos heróis: o Fera do X-Man, Super Homem, Homem Aranha, Mulher Maravilha, He-Man, etc. Pelo menos os nossos heróis tem aquelas qualidades que tanto valorizamos: ética, coerência, pendor para o bem, senso de justiça.
Se esses fossem os nossos candidatos eu votaria no Fera, mas, pelo que já dos candidatos, eu realmente não sei o que fazer, ou melhor, em quem votar. Uma porque não reconheço os candidatos, não há identificação; e dois, a ficção se sobrepõe à realidade.
E agora.. quem poderá nos defender... (cadê o Chapolin colorado???)

Os 7 jingles mais marcantes de campanhas presidenciais no Brasil

Superinteressante
Ana Carolina Prado 23 de julho de 2010

Jingle de campanha política é que nem aqueles axés de carnaval: tem um poder imenso de grudar na cabeça e, anos e anos depois, a gente se surpreende descobrindo que ainda sabe cantar direitinho a letra. Bom, é pra isso que serve, né? Nessa lista, reunimos alguns dos jingles de campanhas políticas mais marcantes da história do Brasil.

1- Getulio Vargas – 1950
“Retrato do Velho” virou uma marchinha muito cantada no carnaval de 1950, ano em que venceu as eleições. Tendo renunciado em 1945, Vargas voltou ao poder “nos braços do povo”, como havia predito.
http://www.youtube.com/watch?v=eVgOODBrCMc&feature=player_embedded

2- Juscelino Kubitschek – 1955
Com a proposta de promover o desenvolvimento econômico do país e com o lema “50 anos em 5”, JK foi eleito. Ele se tornou o primeiro presidente civil desde Artur Bernardes a cumprir integralmente seu mandato entre 1956 e 1961. Com uma letra elaborada, o jingle fazia referência ao hino nacional no primeiro verso e celebrava a pessoa do Juscelino, “que além de patriota é nosso irmão”.
http://www.youtube.com/watch?v=FDXUWyXsJu4&feature=player_embedded

3- Lula – 1989
A eleição de 1989 teve vários jingles marcantes – também, foi a primeira eleição direta para presidente desde o golpe militar de 1964. Lula se candidatou e foi para o segundo turno, mas acabou perdendo para Fernando Collor de Mello. Muitos artistas o apoiaram e gravaram o jingle “Lula lá”, como Gal Costa, Chico Buarque, José Mayer, Malu Mader, Betty Faria, Aracy Balabanian, Elba Ramalho, Marcos Paulo. Outro clipe trazia Gilberto Gil, Chico Buarque e Djavan.
http://www.youtube.com/watch?v=8_yEqk8ITnU&feature=player_embedded

4- Collor – 1989
O jingle não teve nem de longe a mesma fama do “Lula lá” (era um “ooooô” bem feio), mas Collor venceu a eleição. Ficou no poder de 15 de março de 1990 a 29 de dezembro de 1992. Para tentar evitar um processo de impeachment por acusações de corrupção, ele renunciou ao cargo – mas o processo continuou e ele teve seus direitos cassados por 8 anos.
http://www.youtube.com/watch?v=ei7tty0uhig&feature=player_embedded

5- Brizola – 1989
Leonel Brizola (PDT) foi o terceiro colocado no primeiro turno da eleição presidencial e por pouco não chegou ao segundo turno. Mesmo não indo para o segundo turno, o jingle da sua campanha até hoje é lembrado, porque era bem fácil. “La-la-lá Brizooola”, basicamente.
http://www.youtube.com/watch?v=IKRp36hI0W0&feature=player_embedded

6- Silvio Santos – 1989
Sim: Silvio Santos tentou se candidatar à presidência em 1989, substituindo o candidato Armando Corrêa pelo pequeno Partido Municipalista Brasileiro (PMB). O seu jingle tinha era uma versão do dominical “Silvio Santos vem aí”. A versão eleitoral dizia “Silvio Santos já chegou”. Como a campanha eleitoral já estava em andamento, não deu tempo de mudar o nome impresso nas cédulas de votação e Silvio fez algumas gravações para a propaganda eleitoral explicando que seus eleitores deveriam marcar o 26, onde estava o nome de Corrêa. Mas Tribunal Superior Eleitoral impugnou sua candidatura por irregularidades no registro do PMB.
http://www.youtube.com/watch?v=U9NQ25Tc8h0&feature=player_embedded

7- Fernando Henrique Cardoso - 1994
Com o sucesso do Plano Real, estruturado enquanto era Ministro da Fazenda, Fernando Henrique foi eleito em primeiro turno e reeleito em 1998. Esse vocês lembram, não lembram? “Tá na sua mão, na minha mão, na mão da geeeenteeeee….”
http://www.youtube.com/watch?v=F46ygZn3SF0&feature=player_embedded