quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Por Carla Ninos

Eu sou uma pessoa que não me considero 'religiosa' e sim detentora de um 'espírito livre'. Fui criada no berço do fundamentalismo cristão, mas logo cedo rompi essa tendência unilateral da minha vida.
Curiosa, sempre me interessei por todo tipo de coisa; e quando se trata de espiritualidade, fé e o medo do desconhecido, rompi com o tradicional e empreendi uma busca pessoal por respostas e conforto (sim, acredito que o homem precisa de conforto, por isso a maioria cai no conto do primeiro 'vigário' que encontra).
A princípio eu queria provar que os dogmas não tinham nada de divinos e eram conceitos que serviam apenas para aprisionar os 'fiéis'. Mas, depois me encantei com a teoria agnóstica, com Nietzsche, além de algumas outras tendencias desprezadas por um grande número de gente, seja por preconceito ou ignorância.
Princípios herméticos, xamanismo, ocultismo, chakras, bruxaria, religiões pagãs (riquíssimas e muito mais coerentes do que o cristianismo), etc. A ‘bruxaria’, em especial, sempre me chamou atenção. Foi totalmente deturpada com a ascensão do Cristinismo, e até virou justificativa para uma matança indiscrimanada pela Igreja (essa parte da história acredito que a maioria deva saber, mas a gente finge que é só uma estória).
Para quem estiver interessado em desmistificar a ideia preconcebida sobre o assunto segue umas informações para esclarecimentos.

Bruxaria
Atualmente, um número cada vez maior de estudiosos dedica-se às Tradições da Magia e Feitiçaria, não se sabe ao certo quando teria surgido a Bruxaria; contudo há provas instigantes que indicam que pode ter se originado na aurora da humanidade, aproximadamente no final do período paleolítico, quando o Homem de Neandertal cedeu o lugar ao Homo Sapiens.
A bruxaria desde os primórdios, considerada uma religião da natureza é uma crença que antecede o cristianismo, e não se opõe em momento algum aos ensinamentos de Jesus. No entanto tornou-se uma visão lúgubre e ameaçadora no conceito da Igreja Romana na Idade Média, predominando na Europa durante séculos, trazendo para a vida do ser humano grandes conseqüências, como a morte de centenas de milhares de pessoas, o que se transformou numa verdadeira histeria religiosa.
A bruxaria com suas práticas pagãs, folclore e a crença nos poderes da magia é muito arraigada entre os europeus, a mulher representava a base fundamental da fertilidade, o corpo feminino era reverenciado como foco de força divina; doadora da vida. Por isso o Culto a Deusa-Mãe, aos mistérios da procriação e o respeito ao feminino.
No início da Idade Média, quase todas as mulheres podiam ser chamadas de bruxas, já que qualquer mulher sabia mais sobre superstições e encantamentos do que uma centena de homens. Até o século 15, os "Feitiços e Encantamentos" das mulheres foram, virtualmente, o único depositário de prática médica. As mulheres da idade média conheciam o poder das ervas, dos ciclos lunares, dos ventos, das chuvas, estrelas e planetas. Estavam profundamente ligadas por um amor e agradecimento à Terra e todas as manifestações de força e poder que vinha desta. Os pagãos acreditam que a volta da ligação com a natureza é o único caminho para uma vida harmônica e equilibrada, por isso todos os Ritos sagrados da Bruxaria estão centrados na Estação do Ano e fases lunares.
Paracelso disse que as bruxas o tinham ensinado tudo o que sabia sobre cura. Em 1570 o carcereiro do Castelo de Canterbury libertou uma feiticeira condenada, justificando, com a opinião popular, que ela sozinha era melhor para tratar os doentes do que todos os padres e exorcistas. Feiticeiras ou Fadas?
De acordo com explicação de Joseph Campbell: "Não resta dúvida de que nas épocas mais remotas da História do Homem a força mágica e misteriosa da Fêmea era tão maravilhosa quanto o próprio Universo; e isto atribui à mulher um poder prodigioso, poder este que tem sido uma das principais preocupações da parte masculina da população - como quebrá-lo, controlá-lo e usá-lo para seus próprios fins."
As conseqüências dessa ruptura primordial na relação entre homem e mulher viriam a ter um papel nas mitologias de "diversas culturas"; em termos práticos contribuiu para o surgimento de devastadoras turbulências sociais, tal como a Grande Perseguição às Bruxas na Europa Medieval.
Tempos longínquos, mas muito marcantes... e são esses fatos que são relembrados com curiosidade pela humanidade. Tempos de proibição, a mulher deveria casar virgem, e servir ao homem sempre com a disposição que lhe fosse determinada. Era a época onde se deveria agir pela fé, ou seja, justificar toda fé.
Só não sabiam que essa fé chegaria tão longe, ao ponto de matar pessoas, seres humanos, justificando a vontade divina. O que as pessoas deveriam lembrar é da velha Inquisição, onde vidas foram tomadas, até mesmo sem provar a culpa da vítima. Hoje, o principal fundamento da vida é a razão.
Mas felizmente a humanidade pôde evoluir, ter liberdade, as Antigas Religiões estão ressurgindo lentamente, mas constantes.
Surge o neo-paganismo, uma religião moderna chamada Wicca criada aproximadamente em 1940 pelo grande ocultista Gerald Brousseau Gardner, fundamentada na Alta Magia Cerimonial, na Thelema e no raciocínio segundo a obra 777 de Alesteir Crowley. Ela tomou o nome de uma divindade céltica chamada Cernunnos, representado por um homem com cabeça humana e chifres e pernas de cabra ou cervo, um ser meio homem meio animal, simbolizava o Deus primordial de toda criação, Absoluto. Após isto, Doris Valiente juntamente com Gardner reescreve o Book of Shadows de uma maneira mais paganizada e em seguida introduz o conceito da Deusa-Mãe, criando algo novo na Wicca. Com isso, Cernunnos não era mais absoluto, nem primordial, mas a contraparte da Deusa, que também foi tomado o nome de outra deidade céltica.
Queremos esclarecer para as pessoas que desconhecem, que a Wicca não é Céltica, até mesmo a Wicca dita céltica, não é Antiga Religião Celta, nem representante da cultura e povo Celta. Apesar de conter alguns elementos celtas, a Wicca tem sua origem na Thelema e os ritos fundamentados na Alta Magia Cerimonial.
O povo Celta, ao chegar na Europa, trouxe suas crenças, que ao se misturarem às crenças da população local, deram início a outras práticas.
A religião dos Celtas (existentes em algumas partes do mundo) era e ainda é o Druidismo, uma religião politeísta, e seus ritos eram sempre realizados ao ar livre. Para eles, este contato com a natureza permitia uma maior aproximação com os deuses e divindades. As principais eram: a Grande Deusa Mãe e o Deus Cornífero, chamados de Ceridwen e Cernunos, respectivamente. A Grande Deusa Mãe é a natureza em todas as suas manifestações, a fecundação e a criação, mãe do Deus Cornífero que representa a fertilização.
Os druidas cultuavam agricultura, a cura com ervas e a caça. Realizavam festas ritualísticas em homenagem às divindades, e iniciavam as pessoas na arte da Magia que era ensinada oralmente. Apesar da classe sacerdotal ser dividida entre homens e mulheres, a sociedade era matriarcal. As druidesas eram divididas em classes: a primeira vivia enclausurada. As outras classes podiam se casar e participavam de rituais sagrados.
O tempo foi passando e os deuses ficaram apenas na história representados por estátuas encontradas em diversas partes do mundo, como a do Deus Cornífero achada na Suécia. Agora com a chegada do século XXI, todos estes conceitos estão retornando e ressurge em todo mundo as crenças e o poder da magia dos antigos celtas. A bruxaria é a antiga religião dos povos da Europa, que após quase 2000 anos de exclusão e desaparecimento vem ressurgindo.
Segundo pesquisadores, todos os tipos de bruxaria são derivados do Xamanismo primitivo. "Os rituais de bruxaria tem a sua origem perdida no tempo, desde os Tempos Celtas, diga-se de passagem, Belos Tempos, onde a natureza era o princípio de tudo, onde a fé era profunda, onde a mente humana tinha um poder incalculável, pois o ser humano sabia como fazer bom uso do que lhe era proporcionado."

Fonte: http://www.misteriosantigos.com/

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