terça-feira, 29 de maio de 2012

Walter Salles prepara um novo projeto com Gael García Bernal


Diretor brasileiro e ator mexicano trabalharam em 'Diários de motocicleta'.
Salles concorre em Cannes com 'Na estrada', baseado no livro 'On the Road'.

O diretor brasileiro Walter Salles prepara um novo projeto com o ator mexicano Gael García Bernal, com o qual trabalhou em "Diários de motocicleta" (2004). Trata-se de um filme no qual já trabalham bastante tempo, de acordo com o que disse o cineasta no Festival de Cannes, onde está para apresentar o longa "Na estrada", baseado no clássico da literatura beat "On the Road", de Jack Kerouac.
"Temos um projeto em desenvolvimento há vários anos e que está quase pronto para começar. É uma história original. Espero que em breve possamos colocá-lo em andamento", afirmou Salles, que se declarou como um fã do ator Gael. Em entrevista no evento francês, Salles lembrou que conheceu Bernal na filmagem de "Diários...", um filme que definiu como decisivo em sua carreira de diretor.
  O ator mexicano Gael García Bernal e o diretor brasileiro Walter Salles durante as filmagens do filme 'Diários de motocicleta' (2004)

"Nos transformamos em uma família", explicou Salles. O brasileiro disse que mantém contato com todos, especialmente com o ator mexicano que, segundo ele, se transformou num de seus amigos mais próximos. "Eu admiro sua inteligência e sensibilidade. É uma das pessoas mais afetuosas que conheci", destacou.
Sobre "Diários...", Salles disse que o filme foi apresentado a ele depois de outros cinco ou seis diretores declinarem convites para tocar o projeto. No entanto, destacou que da mesma forma já rejeitou algumas propostas. "Foram feitos por outros diretores, provavelmente de uma forma muito diferente da qual eu teria feito, e, na maioria dos casos, melhor do que eu, porque se não o fiz é porque não me sentia a pessoa adequada."
Mas o diretor brasileiro sentiu que podia adaptar o livro de Kerouac para o cinema. O filme, apresentado na última quarta na competição oficial de Cannes, conta a história de uma viagem. Salles destacou que não é por acaso que muitos de seus filmes são sobre viagens na estrada.
"'Quando posso, evito avião e trem, e dirijo carros ou motos", disse. O brasileiro ressaltou que gosta de se afastar o máximo possível de seu ponto de partida, porque, "quanto mais longe está de onde vens, melhor é para entender quem é e quem se quer ser".
O amor pelas estradas também vem do cinema, das grandes filmes de viagens de Michelangelo Antonioni, Wim Wenders ou o brasileiro Cacá Diegues. De acordo com Salles, no Brasil há uma grande tradição de filmes de viagens que permitem ver como o país muda, entre suas regiões e com o passar do tempo. "Você vai a algum lugar e dois anos depois tudo está diferente", disse.
É sobre essa passagem de tempo e como afeta as pessoas, que Salles gosta de refletir em seus filmes, um pouco no estilo documentarista, mas se baseando nas suas próprias experiências.
"Você pode sentar em um sofá e ver um documentário sobre a Patagônia, mas não vai sentir a solidão absoluta de quando está ali". Em sua opinião, a única forma de desenvolver uma consciência crítica é através da experimentação. "Viver tua própria experiência, e não através da tela", disse.
O diretor ainda comparou tal ideia aos acontecimentos atuais do mundo. "Na primavera árabe, a ocupação de Nova York, os indignados na Espanha, as pessoas estão usando instrumentos de redes sociais, mas não para ficar em casa, mas para estar ali, fisicamente."
Uma revolução diferente, mas ao mesmo tempo, parecida com a narrada por Kerouac em seu livro, uma obra que Salles leu quando tinha 18 anos e que lhe impressionou. "Por causa da liberação dos personagens, liberdade sexual, de expandir sua consciência usando drogas, de pegar uma estrada para saber de onde vinha e aonde vai."
Mas, sobretudo, acrescentou, pela liberdade de escrever. "É preciso perceber que li o livro em 1978, durante o regime militar no Brasil, quando havia censura na imprensa, em todo tipo de arte, mas, sobretudo, censura das mentes."

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Em carta à Dilma, Brigitte Bardot sai em defesa dos jegues brasileiros



Atriz francesa pediu à presidente a interrupção das vendas para a China, onde os animais são abatidos e utilizados na indústria cosmética

 
por Luciana Franco

A atriz francesa Brigitte Bardot – reconhecida defensora dos animais – enviou nesta semana uma carta à presidente do Brasil, Dilma Rousseff, pedindo o fim do que considera um "genocídio de jegues" que são criados no Nordeste do Brasil e exportados à China para serem abatidos e utilizados na indústria cosmética. "Eu, que tanto amei o Brasil na minha passagem por Búzios, fico triste em ver que esse país colabora com a China para matar, a cada ano, 300 mil jegues", escreveu Bardot, que criou uma associação protetora de animais com seu nome.
Bardot diz ainda que esse cenário não pode persistir. "Como presidente, mulher e ser humano, a senhora não pode aceitar esta mancha na imagem do Brasil", diz a carta dirigida à Dilma Roussef. A associação francesa One Voice, que também pede às autoridades brasileiras que acabem com o comércio de jegues, confirmou essa semana à Agência Efe que o Brasil e a China assinaram em fevereiro um contrato para a exportação desses animais. A China abate atualmente 1,5 milhão de jegues.
Em junho de 2011, um grupo de empresários chineses percorreu o Nordeste, da Bahia até o Rio Grande do Norte, conversando com fazendeiros e políticos. Aos políticos locais, o grupo propôs um programa de garantia de compra dos burros a preços de mercado, envolvendo até linhas de crédito, por meio de um sistema batizado de Projegue

No Nordeste, o animal – também conhecido por burro ou asno -- é encontrado em abundância. Para produtores, além de movimentar a economia local, as vendas para a China prometem resolver o problema de excesso de oferta de jegues na região. Com as facilidades de financiamento, houve um crescimento muito grande do uso de motos para o transporte local e os jegues, antes usados nesta função, estão perdendo espaço para a concorrência e sendo abandonados às margens das rodovias.

Marvel entra no debate sobre união gay ao casar o mutante Northstar



G1

 

Criado em 1979, personagem passou a fazer parte dos X-Men.
Na revista a ser lançada nesta quarta, ele pede a mão do antigo namorado.


A editora Marvel Comics, que publica as histórias em quadrinhos com alguns dos super-heróis mais populares do mundo, decidiu casar o Northstar, um personagem gay, no número que será lançado nesta nesta quarta-feira (23) nos Estados Unidos.
Na nova revista, o mutante Northstar - nome que oculta a personalidade de Jean-Paul Beauvier, um dos integrantes dos X-Men -, aparecerá de joelhos para pedir a mão de seu antigo namorado, Kyle Jinadu. O número 50 da revista "Astonishing X-Men", que oficializa o casamento de Northstar, terá também versões digitais.
O casório acontecerá na edição seguinte de "Astonishing X-Men", que sai em 20 de junho. Algumas lojas especializadas em revistas vão dar festas de casamento nesse dia, segundo a Marvel.
Desta forma, os criadores situam seus leitores diante de um dos assuntos sociais mais comentados nos Estados Unidos atualmente, o casamento entre homossexuais, que não é autorizado na maioria dos estados. O tema também ganhou evidência durante a campanha eleitoral das presidenciais, já que Obama declarou publicamente seu apoio à união entre gays.
"O universo da Marvel sempre refletiu o mundo em que vivemos através da janela e, por isso, tentamos que nossos personagens, suas relações e histórias estejam ancoradas na realidade", disse o editor-chefe da editora, Axel Alonso, em comunicado.
Segundo Alonso, as equipes de Marvel estão trabalhando há um ano para "assegurar que o casamento de Northstar e Kyle reflita essa realidade". Além do lançamento previsto para esta quarta, a Marvel também confirmou que o episódio do casamento do mutante e seu namorado também será retratado na próxima edição das aventuras X-Men, que deverá chegar ao mercado em um mês.

Viajantes do tempo??

Blog Bombou na web


Você já reparou como algumas celebridades de hoje se parecem com personalidades do passado? O blog Bombou na Web fez uma seleção de fotos de pessoas que entraram em uma máquina do tempo há centenas de anos e estão por aí, fazendo sucesso.



quarta-feira, 23 de maio de 2012

'Na estrada', de Walter Salles, divide críticas em Cannes

 'Tedioso' e 'magistral' foram alguns dos adjetivos recebidos pelo filme.
Longa-metragem foi exibido no festival nesta quarta-feira (23).

 

Do G1, no Rio

 

O longa "Na estrada", adaptado ao cinema pelo brasileiro Walter Salles e apresentado nesta quarta-feira (23) no 65º Festival de Cannes, dividiu a crítica internacional. Adaptação do livro cult do escritor Jack Kerouac, o filme, que demorou mais de cinco décadas para a chegar às telas, relata uma viagem pelos Estados Unidos no fim dos anos 1940, repleta de álcool, drogas, sexo, amizade, "fala da perda da inocência", segundo descreveu o próprio diretor.

Em sua página no Twitter, Peter Bradshaw, do jornal britânico "The Guardian", escreveu: "é uma celebração com olhos vidrados do narcisismo e da autoabsorção". Já na crítica publicada no site do periódico inglês, o jornalista foi ainda mais ácido: "Belas cenas e uma tristeza comovente não compensam o ar tedioso de autocongratulação".
Dave Calhoun, do site "Time Out London", definiu o filme como "longo e tedioso". "o grito rebelde de 'On the road' agora parece mudo e até um pouco embaraçoso", conclui o texto.
Robiie Collin, do "The Telegraph", também não gostou. Segundo ele, "Na estrada" corre o risco de confirmar as especulações de que "On the road", de Kerouac, é inadaptável para o cinema. "O filme rapidamente se instala em um ritmo tedioso", opina.


'Magistral'
Todd McCarthy, do "Hollywood Reporter", discorda dos colegas. Para o crítico, "Na estrada" é uma "linda e respeitosa adaptação" do romance de Kerouac. "O livro é visualizado vibrantemente e apresenta uma 'perfeita' Kristen Stewart", elogia.
No mesmo tom vai o site do "Hollywood Elsewhere", que cunhou o filme de "magistral, rico e vigoroso". "Meditativo, sensual e aventureiro e um lamento, tudo ao mesmo tempo. 'Na estrada', sim, é episódico e vago — como poderia não ser? — mas, como 'Diários de motocicleta', funciona", citou o site, referindo-se ao também road movie dirigido por Salles na década passada.
"Na estrada" é estrelado por Sam Riley, Garrett Hedlund, Kristen Stewart, Kirsten Dunst e Viggo Mortensen, com participação da brasileira Alice Braga.

 

Kirsten Dunst e Kristen Stewart lançam filme de Walter Salles em Cannes

G1

Kristen Stewart e Kirsten Dunst se uniram ao diretor brasileiro Walter Salles na manhã desta quarta-feira (23.05) para apresentar o novo filme Na Estrada no Festival de Cannes 2012. A dupla posou para fotos para sessão de fotos da adaptação do famoso livro On The Road, do autor Jack Kerouac, ao lado dos atores Viggo Mortensen, Sam Riley e Garrett Hedlund que completam o elenco do filme.

Para a ocasião, Kristen Stewart chegou com look Balenciaga, grife da qual é o rosto do perfume feminino, com blazer preto, camiseta branca e calça estampada. Já Kirsten escolheu um modelo mais romântico, com vestido branco de renda da grife Dolce & Gabbana, confira nas imagens.

terça-feira, 22 de maio de 2012

'Vivemos em um mundo violento e temos que filmá-lo', diz Brad Pitt


Em entrevista no Festival de Cannes, ator falou sobre 'Killing them soflty'.
Filme dirigido por Andrew Dominik tem ainda Ray Liotta no elenco.


G1
O ator americano Brad Pitt defendeu o uso da violência no cinema para contextualizar melhor sua existência no mundo real, assim como faz "Killing them softly" - o filme dirigido pelo neozelandês Andrew Dominik e que foi apresentado nesta terça-feira (22) na mostra competitiva do Festival de Cannes.

"Não sei se podemos rodar a violência de uma forma romântica, mas é preciso ilustrar essa realidade", afirmou Pitt em entrevista coletiva. Nesta, tanto ele como Dominik defenderam que os filmes devem mostrar o mundo como é na atualidade.
Com cabelo comprido, muito sorridente e se queixando do horário da coletiva, Pitt se mostrou taxativo ao afirmar que não se sente incomodado em interpretar personagens violentos. "Seria muito pior interpretar um personagem racista, me perturbaria mais do que viver um matador de aluguel", afirmou o ator.
Em seu filme, que é baseado em um livro ambientado nos anos 70, Dominik decidiu atualizar a história e situá-la em um momento mais atual, passando a utilizar a crise econômica como um elemento que condiciona tudo na sociedade, incluindo o pagamento dos matadores de aluguel.
"Senti que era uma história sobre o capitalismo", explicou o diretor, o mesmo de "O assassinato de Jasse James pelo covarde Robert Ford", que ressaltou que neste momento todo o mundo está motivado pelo dinheiro.
Nesta busca pelo dinheiro, os personagens fazem o que for preciso para conquistá-lo. "Não entendo o problema que há com a violência nestes momentos, já que o filme explica como sobreviver em um mundo cheio de concorrência".
De acordo com Dominik, as atuais críticas contra a violência em alguns livros infantis, como os clássicos dos irmãos Grimm, são contraditórias. Isso porque, segundo o diretor, a própria sociedade prepara as crianças para viverem em um mundo que é muito mais violento que qualquer ficção.
E justamente essa relação entre violência e crise econômica que reuniu Pitt e Dominik em um novo projeto juntos. "Buscávamos histórias sobre nosso tempo e sobre que somos. Mas, a crise econômica é o que ocupa as capas dos jornais atualmente", ressaltou o ator.
"Vivemos em um país muito dividido, e o filme mostra personagens com opiniões estranhas, diferentes e com as quais o ator não está necessariamente de acordo. Uma apologia do individualismo e do capitalismo poderia ser muito perigosa", completou.

Apesar da violência atual e da presente no filme, Pitt assegura que os "Estados Unidos é um país extraordinário, com muitas dimensões e sentimentos - como a integridade e a justiça. No entanto, é preciso proteger seus ideais com cuidado, especialmente em países mais poderosos", declara.
E nesta defesa de ideais entra também o equilíbrio entre o cinema comercial e o artístico. "É a eterna batalha entre arte e comércio", afirmou o ator, que considerou que ambos os lados necessitam um do outro para avançar. "Trata-se de uma estreita relação de simbiose que nunca desaparecerá".
Ray Liotta, Scoot McNairy e Ben Mendelson acompanham Pitt neste filme, que, por sua vez, ainda consegue trabalhar alguns toques de comédia e ser pretensioso em seus planos, desfoques e conceitos artísticos.
É uma história que busca mostrar que, com a atual crise econômica, um ato de delinquência pode ocorrer em qualquer parte, um problema real que é refletido no filme.
"Este ano teremos coisas mais negativas que no passado", assinalou Pitt, que se mostrou pessimista ao falar que o panorama é "cada vez mais obscuro".
Aliás, essas palavras poderiam ter sido ditas por seu personagem no filme, Jackie Cogan, que fecha a história com outra ótima frase: "Estados Unidos não é um país, é um negócio".

Das páginas para as telas: a literatura toma conta do Festival de Cannes


'Na estrada' e 'Cosmópolis' encabeçam lista de adaptações que vão estrear. Casal de 'Crepúsculo' e na vida real, Kristen e Pattinson estrelam filmes.


G1
 
Kerouac e seu livro cult "Pé na estrada", Don DeLillo e seu "Cosmópolis", Hemingway, Mauriac, Anouilh ou Musset: o 65º Festival de Cannes apresentará diversas adaptações, uma verdadeira biblioteca viva que irá subir as escadas do Palácio ao lado das estrelas.
O casal de "Crepúsculo" também irá cruzar o tapete vermelho em duas adaptações.

Kristen Stewart interpreta Marylou no esperado romance de Jack Kerouac, "Na estrada", dirigido pelo brasileiro Walter Salles. Produzido por Francis Ford Coppola, este será um dos destaques de Cannes.
Seu parceiro nas telas e na vida, Robert Pattinson, estará em "Cosmópolis", o novo filme de David Cronenberg, também estrelado por Juliette Binoche e Paul Giamatti, uma transposição do romance de Don DeLillo e retrato de um menino de ouro paranóico. Ambos os filmes serão lançados nos cinemas dia 23 de maio.
Três anos após o Grande Prêmio do Júri ter coroado "O profeta", Jacques Audiard competirá pela Palma de Ouro com "De rouille et d'os", história de um amor atormentado, com Marion Cotillard e Matthias Schoenaerts, adaptado de dois romances da coleção de Craig Davidson, relançados para a ocasião. O filme estreará em 17 de maio.
Dos seis filmes franceses na disputa, "Vous n'avez encore rien vu", de Alain Resnais, que completará 90 anos em junho, é uma releitura de "Eurídice", de Jean Anouilh, com Mathieu Amalric, Sabine Azema e Pierre Arditi. O filme estreará nos cinemas dia 26 de setembro.
Na Quinzena dos Diretores, o coreano Jin-ho Hur ataca com o legendário romance de Choderlos de Laclos "As Relações Perigosas". O filme, rodado na China, traz de volta a Xangai dos anos 1930.

Homenagens
Também na Quinzena, destaque para a adaptação da série de livros infantis "Ernest e Célestine", de Gabrielle Vincent, com roteiro do escritor Daniel Pennac. Este filme de animação, que coloca em cena um grande urso e um pequeno rato, é obra do trio franco-belga Vincent Patar, Stéphane Aubier e Benjamin Renner, a quem devemos "A town called Panic".
Entre os 54 longas-metragens da seleção oficial concorrem outras adaptações como "The Paperboy", de Lee Daniels, com Zac Efron e Nicole Kidman, em um cenário do romancista Peter Dexter.
Na seleção "Um certo olhar", Sylvie Verheyde filmou a "Confession of a child of the century", de Alfred de Musset, com Charlotte Gainsbourg e Pete Doherty.
Já Kôji Wakamatsu conta o trágico destino do escritor japonês Yukio Mishima em seu filme "11.25 The day he chose his own fate". Enfim, "Les chevaux de Dieu", do marroquino Nabil Ayouch é adaptado do romance "Les etoiles de Sidi Moumen", de Mahi Binebine, sobre os atentados de Casablanca em 2003.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Filme 'Não', sobre campanha contra Pinochet, emociona plateia de Cannes.


G1

O filme do chileno Pablo Larraín "Não", que conta a história do plebiscito que em 1988 pôs fim a ditadura de 15 anos de Augusto Pinochet, arrancou aplausos emocionados da plateia do Festival de Cannes, onde fez sua estreia mundial nesta sexta-feira (18).
Nesta ficção, baseada numa peça teatral do escritor chileno Antonio Skármeta, chamada "O plebiscito", o ator Gael García Bernal interpreta um exilado que retorna ao Chile e coloca o seu talento a serviço de uma agência de publicidade que faz campanha para o "Não".
Pinochet, como é explicado no filme, foi forçado, por causa da pressão internacional, a convocar um referendo nacional, que aconteceu em 5 de outubro de 1988, para decidir se ele permaneceria no poder até 1997. O resultado foi de 44,01% para o "Sim" e 55,99% para o "Não".

García Bernal é o publicitário René Saavedra, que, após vencer a relutância de seus colegas, coloca um toque de humor juvenil e festivo na campanha publicitária de 15 minutos, que durante um mês, antes da votação, foi transmitida na televisão chilena.
"Gael estava em mente desde o começo, desde que estávamos desenvolvendo o script. Tivemos que ensinar algumas coisas sobre o Chile, mas ele trouxe imediatamente o equilíbrio e a ambiguidade que eram necessários para o seu papel, o de um chileno exilado no México que retorna", declarou Pablo Larraín, conhecido por seus filmes "Tony Manero" e "Post mortem".
Gael, que em nenhum momento do filme tenta imitar o sotaque chileno, explicou que para interpretar Saavedra precisou de uma preparação intensiva, já que não tinha muito tempo.
"Eu obtive um monte de informações sobre a época. Tive, é claro, que entrar no ritmo chileno e trabalhar minha atuação, ajustando-me ao jogo e às travessuras da equipe", afirmou o ator.
"Gostei do fato de meu papel ser o de um exilado no México que regressa, isso fez com que tudo fluísse de maneira mais expansiva, aproveitando as contradições geradas", acrescentou.
Larraín explicou que o filme foi rodado em suporte de vídeo "U-matic 3/4", usado no final dos anos 1980, o que fez com que a textura e cores dos documentos exibidos na época pela televisão chilena se confundissem com as cenas de ficção.
"Eu cresci na década de 1980, durante a ditadura. O que víamos na televisão, estas imagens de baixa resolução, era um imaginário sujo que não poderia ser gravado de maneira pura. A memória coletiva esta cheia de memórias obscuras, de impureza", disse.
"Filmar em película ou com câmeras digitais de alta definição atuais poderia gerar uma distância com o imaginário da época. Era importante esta fusão e agora, ao ver o resultado, não tenho certeza qual material é nosso e qual é da televisão", acrescentou o diretor.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Deputados aprovam exclusão de Aveiro da Flona Tapajós

A Câmara dos Deputados aprovou a MP (Medida Provisória) 558/12, que altera os limites de 8 unidades federais de conservação nas regiões Norte e Centro-Oeste, para resolver problemas agrários e viabilizar legalmente usinas hidrelétricas que inundarão partes das reservas.
Entre as reservas que terão os limites alterados está o Parque Nacional da Amazônia, em Itaituba, e a Floresta Nacional do Tapajós, com a exclusão da cidade de Aveiro e da comunidade de São Jorge dessa unidade.
A aprovação pelo plenário da Casa foi realizada ontem à noite (16).
A MP foi aprovada na forma do projeto de lei de conversão do relator, deputado Zé Geraldo (PT-PA), e será votada ainda pelo Senado.
O prefeito de Aveiro, Ranilson Prado (PR), acompanhou a votação em Brasília, e vibrou com o resultado.

Top 10: as mais belas bibliotecas do mundo


Casa Vogue

Modernas, clássicas, sisudas ou austeras, bibliotecas são espaços onde arquitetura e design têm um mesmo objetivo: oferecer condições ideais para que todos tenham uma boa leitura. Além da acústica impecável, a beleza é fundamental. Na esteira do site Flavorwire, que recentemente listou as bibliotecas mais impressionantes da Europa e dos Estados Unidos, selecionamos as 10 que mais encantam e inspiram.

1. Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra, Portugal
A Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra divide-se em dois edifícios, sendo a Biblioteca Joanina, construída no século 18, considerada monumento nacional português por sua riqueza arquitetônica e decorativa.

2. Beinecke Rare Book and Manuscript Library, Yale University, New Haven, Estados Unidos
Inteiramente dedicada a manuscritos e livros raros, a Beinecke, da universidade de Yale, foi construída em 1963, de acordo com projeto de Gordon Bunshaft, do escritório Skidmore, Owings and Merrill – SOM. É a maior biblioteca do gênero no mundo.

3. Antigua Librería da Universidad de Salamanca, Espanha
Com aproximadamente 906 mil títulos, em sua maioria manuscritos em pergaminho e livros raros, a biblioteca começou a ser construída em 1411, dentro daquela que é a universidade mais antiga da Espanha e uma das mais antigas da Europa.

4. The Trinity College Library, Dublin, Irlanda
Conhecida como “The Long Room”, ou salão longo, sua construção data de 1592. A maior biblioteca da Irlanda, ela conta com nada menos do que 5 milhões de volumes em seu acervo.


5. Philological Library, Free University, Berlim, Alemanha

Norman Foster se inspirou no formato de um cérebro humano para projetar a biblioteca inaugurada em 2005. Com 700 mil volumes, ela é o principal edifício da universidade e se tornou um dos principais pontos turísticos da capital alemã.

6. Central Library, University of Technology, Delft, Holanda
Principal centro universitário holandês, a cidade de Delft se orgulha da biblioteca central da University of Technology, um projeto do estúdio local Mecanoo, inaugurado no ano de 1997.

7. Biblioteca da Pontificia Università Lateranense, Roma, Itália
Conhecido como Biblioteca Pia, o acervo foi criado pelo Papa Pio IX, em 1895, mas a sede dos 700 mil volumes atuais foi fundada em 2007 pelo Papa Bento XVI, que chamou o arquiteto italiano King Roselli para conceber o projeto.

8. The Harper Library Reading Room, University of Chicago, Chicago, Estados Unidos
Renovada pelos arquitetos do escritório norte-americano Studio Gang, em 2008, a sala de leitura da universidade de Chicago é uma das primeiras bibliotecas dos Estados Unidos a ficar aberta 24h por dia, 7 dias por semana.

9. George Peabody Library, Johns Hopkins University, Baltimore, Estados Unidos
Desenhada pelo arquiteto Edmund Lind, a principal biblioteca da Johns Hopkins University abriu as portas em 1878, após mais de dez anos de construção. Atualmente, é considerada a principal atração arquitetônica de Baltimore.

10. Wren Library, Trinity College, Cambridge University, Cambridge, Reino Unido
Uma das inúmeras bibliotecas de Cambridge, a Wren Library guarda todo o acervo de livros do Trinity College e exibe bustos dos ex-alunos que conquistaram maior notoriedade no campo da pesquisa científica.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Hidrelétricas no Amazonas: ”temos um exemplo negativo no nosso quintal”. Entrevista especial com Anderson Bittencourt

 “O Amazonas concentra a maior parte das comunidades brasileiras sem acesso à rede elétrica, porque o modelo de fornecimento existente no restante do país não atende às características peculiares da região”, diz o engenheiro eletricista.

Publicado em 03 de maio de 2012


A usina hidrelétrica de Balbina, inaugurada no final da década de 1980, no estado do Amazonas, é conhecida como a “pior concepção de hidrelétrica do mundo, porque ocupa um reservatório de mais de 2.500 km² para gerar 250 MW (IHU, 03.05.2012).
Enquanto que a média nacional é de 0,5 km² por MW”, afirma Anderson Bittencourt à IHU On-Line. Para ele, Balbina é um mau exemplo que deve ser considerado diante da proposta do governo federal de construir quatro novas hidrelétricas no estado, das sete que serão construídas na bacia do rio Aripuanã, nos estados do Amazonas, Mato Grosso e Rondônia.
De acordo com Bittencourt, estima-se que somente no Amazonas oito unidades de conservação (federal e estadual) serão atingidas, o que causará “impactos significativos na grande diversidade de espécies animais e vegetais”. Na entrevista a seguir, concedida por e-mail, ele informa que, de acordo com o inventário realizado até o momento, cerca de 112 mil habitantes serão impactados. “As famílias deverão ser deslocadas de suas áreas, considerando-se que está prevista uma inundação em média de 300 a 400 km² em cada área de barragem construída”.
Em sua avaliação, é um equívoco ambiental “executar o plano de expansão do sistema elétrico brasileiro, por conta apenas da perspectiva de esgotamento do potencial hidráulico disponível nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, sem considerar os aspectos técnicos, energéticos, econômicos e ambientais da região a ser explorada, nesse caso, a região Amazônica”.
Anderson Bittencourt é subcoordenador da Unidade Gestora do Centro Estadual de Mudanças Climáticas – Ceclima/SDS, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – É viável construir hidrelétricas em áreas florestais? Quais as implicações dessa obra para o meio ambiente?
Anderson Bittencourt – Não é viável, já que há degradação ambiental. Sobre tal degradação, temos um exemplo negativo no nosso “quintal”: a Usina Hidrelétrica de Balbina, no município de Presidente Figueiredo (100 km de Manaus). Ela é conhecida como a pior concepção de hidrelétrica do mundo, porque ocupa um reservatório de mais de 2.500 km² para gerar 250 MW. Enquanto que a média nacional é de 0,5 km² por MW.

IHU On-Line – Está prevista a construção de quatro hidrelétricas no Amazonas: Prainha, Sumaúma, Cachoeira Galinha e Inferninho. O que os estudos indicam acerca da construção dessas hidrelétricas? Elas poderão impactar alguma área de preservação?
Anderson Bittencourt – O Estudo apresentado pela Empresa de Pesquisa Energética – EPE propõe a construção de sete usinas hidrelétricas na bacia do rio Aripuanã, nos estados do Amazonas, Mato Grosso e uma área menor de Rondônia, sendo quatro propostas no rio Aripuanã (potência total de 1.537,9 MW) e três propostas no rio Roosevelt (potência total de 891,9 MW). No Amazonas, estão previstas as construções das quatro usinas supracitadas na região dos municípios de Apuí e Novo Aripuanã, sudeste do estado. Nessa área estima-se atingir oito unidades de conservação (federal e estadual), causando impactos significativos na grande diversidade de espécies animais e vegetais.

IHU On-Line – Como esse complexo atingirá as comunidades locais?
Anderson Bittencourt – Conforme o inventário, estima-se que uma população de 112 mil habitantes será impactada com a construção das hidrelétricas. As famílias deverão ser deslocadas de suas áreas, considerando-se que está prevista uma inundação em média de 300 a 400 km² em cada área de barragem construída.

IHU On-Line – Como a população do Amazonas está se posicionando diante da possibilidade da construção das hidrelétricas?
Anderson Bittencourt – Nesta fase, a voz da população do Amazonas é o governo estadual. Nosso papel tem sido subsidiá-lo sobre o andamento dos estudos, e de deixar claro que se trata apenas da primeira etapa do ciclo de implantação de uma usina. As etapas seguintes são estudos de viabilidade do aproveitamento, incluindo Estudo de Impacto Ambiental – EIA/RIMA e as audiências públicas junto à sociedade. Vencida essas etapas, inicia-se o processo de obtenção de Licença Ambiental Prévia, leilão de energia, Projeto Básico e o Projeto Executivo para implantação do empreendimento.

IHU On-Line – O que diferencia um complexo hidrelétrico de uma grande hidrelétrica? Hoje é mais fácil aprovar um complexo de hidrelétricas menores, por isso esse modelo tem sido adotado pelo governo?
Anderson Bittencourt – Em poucas palavras, um complexo hidrelétrico é um conjunto de aproveitamentos hidrelétricos existentes numa bacia hidrográfica. Para a Empresa de Pesquisas Energéticas – EPE, ao diminuir o tamanho da hidrelétrica, consequentemente se diminui o tamanho dos lagos das hidrelétricas. Com isso uma parte dos problemas socioambientais estaria resolvida. No entanto, não resolve os principais problemas no entorno ou dentro de áreas protegidas. O alagamento de áreas é inevitável, alterando diretamente no funcionamento dos processos ecológicos, sociais e econômicos locais.

IHU On-Line – Os órgãos responsáveis e o governo federal apresentaram algum laudo ou estudo confirmando a viabilidade das quatro hidrelétricas? Dizem que órgãos estaduais e federais que atuam na bacia do rio Aripuanã não foram consultados sobre a viabilidade dos empreendimentos na área. Você tem detalhes sobre esse processo?
Anderson Bittencourt – No momento, não há necessidade por parte dos órgãos do governo do estado de emissão de laudo positivo/negativo quanto ao estudo elaborado. A partir da seleção dos aproveitamentos inventariados, são programados os estudos de viabilidade. Os estudos são elaborados com o objetivo de estabelecer diretrizes para a expansão do sistema, de modo a atender à demanda de energia e nortear as decisões individuais dos agentes investidores. Eles indicam a melhor sequência de obras no horizonte de dez anos, do ponto de vista energético, econômico e ambiental. Devem ser sinalizados os custos e as incertezas associados a cada projeto, especialmente com relação aos aspectos ambientais. Igualmente as incertezas relativas à data de entrada em operação, em decorrência do prazo necessário para o cumprimento dos procedimentos do processo de licenciamento ambiental.

IHU On-Line – Em que consistiria uma revisão do inventário produzido até o momento?
Anderson Bittencourt – Do ponto de vista ambiental, é o momento em que podem ser identificados os impactos ambientais do conjunto de aproveitamentos sobre a bacia hidrográfica do rio Aripuanã, os efeitos cumulativos e as restrições impostas aos usos dos recursos hídricos. A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, em reposta ao ofício da EPE, encaminhou no mês de abril contribuições no sentido de garantir o equilíbrio no que se refere aos impactos positivos e negativos dos empreendimentos, sugerindo que as informações sejam levadas em consideração quando o relatório for encaminhado à Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel.

IHU On-Line – Que rios serão atingidos para a construção dessas hidrelétricas? Como as hidrelétricas interferem no ciclo dos rios? Dizem que as quatro hidrelétricas previstas irão restringir a navegação no rio Aripuanã. Você acha que isso é possível?
Anderson Bittencourt – Os rios atingidos são o rio Aripuanã e o rio Roosevelt. Não acho que isso seja possível. Certamente uma das recomendações na estrutura das barragens será a construção das eclusas para permitir a navegação contínua.

IHU On-Line – Qual a probabilidade de esse complexo hidrelétrico apresentar problemas técnicos futuramente? É possível avaliar sua eficácia nesse momento?
Anderson Bittencourt – No momento não é possível essa avaliação. Só será possível com os estudos de viabilidade dos empreendimentos.

IHU On-Line – Quais os principais equívocos em torno da decisão de se construir uma hidrelétrica e implantá-la? Deveria haver um estudo específico para cada hidrelétrica?
Anderson Bittencourt – Em minha opinião, o principal equívoco é executar o plano de expansão do sistema elétrico brasileiro, por conta apenas da perspectiva de esgotamento do potencial hidráulico disponível nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, sem considerar os aspectos técnicos, energéticos, econômicos e ambientais da região a ser explorada, nesse caso, a região Amazônica. Isso exige cuidados específicos para a priorização da utilização dos recursos, em função de sua complexidade ambiental.

IHU On-Line – Qual seria a matriz energética apropriada para o estado do Amazonas? Em que consiste sua proposta de uma matriz energética diversificada?
Anderson Bittencourt – Amazonas possui uma área maior do que França, Alemanha e Espanha somadas, porém sua população de aproximadamente 3.2 milhões de pessoas é menor do que a da zona leste da cidade de São Paulo. Dois terços dessa população estão localizados em Manaus, e o restante divide-se por 61 municípios, envoltos pela maior área de floresta tropical contínua do país – 98% da cobertura florestal original ainda está de pé. Enquanto a matriz de geração elétrica brasileira é composta por 86% de fontes renováveis, a matriz do Amazonas representa exatamente o oposto, com 86% de fontes não renováveis. A ironia é que justamente no Estado do Amazonas, responsável pela maior parte da floresta, a energia produzida é gerada por termelétricas movidas a óleo combustível e óleo diesel, subsidiados pela população do Sul, Sudeste e Centro Oeste do país, através da Conta de Consumo e Combustível – CCC.
Além disso, o Amazonas concentra a maior parte das comunidades brasileiras sem acesso à rede elétrica, porque o modelo de fornecimento existente no restante do país não atende às características peculiares da região. As soluções energéticas alternativas para o Amazonas como energia solar, energia de biomassa e energia de pequenas turbinas hidrocinéticas devem ser buscadas para substituir o atendimento convencional, principalmente nesse momento em que essas tecnologias estão se revelando competitivas.

Povos do Tapajós apelam ao STF e ao Congresso pela reprovação de MP que diminui unidades de conservação no Pará


Publicado em 15 de maio de 2012


A eminência da votação, na Câmara dos Deputados, da Medida Provisória 558/2012  – que diminui cinco unidades de conservação no Pará para facilitar  a construção de hidrelétricas –, levou lideranças indígenas, ribeirinhas, de pescadores e de movimentos sociais da bacia do rio Tapajós, organizadas no Movimento Tapajós Vivo, a escrever um apelo contundente ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Congresso Nacional para que rejeitem a medida editada pela presidência da república.
No início do ano, o Ministério Público Federal em Brasília impetrou no STF uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) contra a MP 558. Relatora da ação, a ministra Carmem Lúcia Antunes Rocha pediu ao governo que se manifestasse sobre as denúncias do MPF (o que já ocorreu), e determinou urgência na tramitação.
De acordo com o MPF, até o processamento e julgamento da ação pelo STF, as garantias constitucionais para as áreas protegidas amazônicas estão seriamente ameaçadas. “Mexer nos limites de unidades de conservação em uma região sensível como a Amazônia já é complicado, mas fazê-lo sem estudos ou consulta pública, por meio de canetada, é autoritário e bota em risco as garantias constitucionais da proteção ambiental”, afirma Felício Pontes Jr., do MPF no Pará.
Esta avaliação foi corroborada por uma nota técnica da ONG Imazon, publicada esta semana. “A iniciativa de redução [de Unidades de Conservação], se convertida em lei pelo Congresso, abre precedente para que outras reduções de áreas protegidas ocorram e sejam realizadas da mesma forma em vista das demais hidrelétricas planejadas para a Amazônia, além de tornar o processo de licenciamento ambiental questionável juridicamente”, afirma o Imazon.
O Congresso Nacional estipulou um prazo até 30 de maio para votar a MP 558. De acordo com o MPF, se a MP for convertida em lei antes do julgamento no STF, uma nova Adin deverá ser iniciada e processada no Supremo.

Veja abaixo a nota do Movimento Tapajós Vivo:

Ruralistas tentam 'redefinir' escravidão para adiar votação da PEC 438




São Paulo – A votação da proposta de emenda constitucional 438/2001 que prevê o confisco de propriedades em que trabalho escravo for encontrado e sua destinação à reforma agrária ou ao uso social urbano foi adiada para terça-feira (22). A decisão foi tomada na noite de quarta-feira (9) pelo presidente da Câmara dos Deputados Marco Maia (PT-RS), depois do pedido de Henrique Alves (PMDB-RN) que alegou não haver segurança de vitória. 
De acordo com o jornalista Leonardo Sakamoto, a bancada ruralista chegou a negociar um acordo com a presidência da Câmara, fez forte oposição ao instrumento de combate ao trabalho escravo proposto e conseguiu esvaziar a votação. “Os ruralistas adotaram como estratégia aproveitar para negociar mudanças profundas quando o texto for para o Senado e usar a PEC 438 para tentar descaracterizar o que é a escravidão contemporânea. Eles devem aproveitar a votação para tentar propor uma nova lei que redefina o crime”, disse o jornalista.  
Sakamoto disse que mais de três mil propriedades foram fiscalizadas por denúncias de trabalho escravo desde 1995. “O país tem 4,5 milhões de propriedades rurais. Mais de 42 mil pessoas ganharam a liberdade, temos 18 milhões de trabalhadores no campo”, afirmou. “Tornar a legislação mais frouxa”, segundo o jornalista, é de interesse daqueles que promovem a concorrência desleal e o dumping social por buscar cortes nos custos ganhando competitividade através da exploração de seres humanos.

Filhote de macaco que perdeu mãe no parto é acolhido no Zoo Rio

  G1
Um filhote de macaco-verde nasceu no Zoológico do Rio de Janeiro, em 5 de março, pesando 340 gramas e com 20 centímetros de comprimento. Batizado “Lequinho”, com apenas um dia de nascido, a mãe faleceu por complicações pós-parto. Prontamente o filhote foi acolhido pela vovó macaco-verde. Porém, devido à idade avançada, ela não obteve sucesso na lactação. Os técnicos entraram em ação.


Logo depois da recuperação de “Lequinho”, ele passou a receber leite especial para filhotes de 0 a 6 meses de mamadeira. Os técnicos passaram a revezar os cuidados levando o filhote para casa após o expediente, para amamentá-lo durante a noite, de três em três horas. Com dois meses de vida, “Lequinho” passa bem. Pesa 665 gramas e mede 25 centímetros, sem contar a cauda. Lequinho não está em exposição.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Genocídio na selva, o massacre a nações indígenas

01/07/2010

Autor: Felipe Milanez


Rita, uma índia Piripkura, é sobrevivente do crime de genocídio. Nos conhecemos em uma fazenda que fica entre os estados do Mato Grosso e Amazonas. Ela fala português com dificuldade, e eu não falo nada de sua língua, o tupí-kawahíb. Conversamos por pouco mais de uma hora. Ela alterava sorrisos e olhares de profunda tristeza. Suas expressões não pareciam estar diretamente ligadas ao significado de suas palavras, como se essas tivessem um sentido diferente para ela. Rita me contou sobre o massacre sofrido por sua tribo há cerca de 30 anos. Homens armados invadiram sua aldeia de madrugada. Sua tia foi morta a tiros enquanto dormia na rede. Seu pai foi decapitado, assim como várias crianças, homens e mulheres da tribo. A aldeia foi incendiada. Rita conseguiu fugir, mas depois de um tempo vagando pela floresta acabou sendo forçada a conviver com a nossa sociedade. E teve a pior recepção possível. Foi escrava de peões de uma fazenda madeireira, onde prestava serviços sexuais e domésticos até ser resgatada pela Funai (Fundação Nacional do Índio) em 1984.

Por mais de 20 anos Rita foi considerada a única sobrevivente de sua tribo. Até que em 2007 dois índios Piripkura-Tucan e Monde-í-foram encontrados na floresta graças a expedições organizadas pela Funai chefiadas pelo experiente sertanista Jair Candor.

Há menos de mil quilômetros da fazenda onde encontrei Rita, passei uma tarde na Terra Indígena Omerê, no Sul de Rondônia, com uma família Kanoê. Lá, o pequeno Bakwa de sete anos brincou de atirar flechas com seu tio Purá, que lhe ensinava a arte da caça, e recebeu colo e carinho de sua mãe, Tiramantu. Os três são os únicos sobreviventes de sua tribo, também vítima de um massacre. Os Kanoê dividem as terras de 40 mil hectares com os Akuntsú, que já foram um povo numeroso e habitou um vasto território. Hoje, a tribo tem apenas cinco remanescentes. Um deles é Popak, um homem brincalhão e divertido, que fez cara feia quando apontei uma cicatriz nas suas costas-marca de um tiro que levou quando a tribo foi atacada. Konibu é o líder do grupo, um xamã que gosta de cheirar rapé. Além deles, a mulher de Konibu e suas duas filhas. Talvez uma delas um dia se case com o Bakwa. Em outubro do ano passado, morreu a senhora mais velha, irmã de Konibu. Morreu de tristeza, deitada em sua rede e recusando comida e bebida depois de ter passado um mês em tratamento de infecção respiratória em um hospital da região.

Esses genocídios praticados contra povos indígenas na Amazônia brasileira tiveram início durante a ditadura militar, quando a região foi dividida para colonização e nela foram estabelecidas grandes propriedades rurais. Os massacres aconteceram na sua maioria no fim da década de 70 e duram até hoje, com menor intensidade, mas não menos brutalidade. Eles são praticados por grileiros e fazendeiros e suas vítimas ocupam territórios reivindicados por eles.

O cineasta Vincent Carelli passou 20 anos de sua vida investigando o massacre dos índios Akuntsú, ocorrido em 1984. Ele conseguiu reunir um material que mostra a atuação de fazendeiros, com depoimentos de trabalhadores que executaram os serviços e o cinismo de advogados que os defendiam. As investigações resultaram no belo documentário Corumbiara (2009). Fora isso não deram em muita coisa. Pelo contrário. Dez anos depois, Vincent presenciou um novo massacre, contra outro grupo, próximo aos Akuntsú. Junto de sertanistas, descobriu um homem que vivia sozinho. Suspeita-se que sua tribo tenha sido envenenada por arsênico misturado a açúcar e depois atacada por peões da fazenda madeireira Modelo, em 1995. "Ninguém foi para a cadeia. Nem sequer indiciado", diz Marcelo dos Santos, o sertanista que fez contato com os índios e organizou uma busca por culpados. Santos sofreu ameaças, e por pouco não foi "comido vivo", como se diz em Rondônia. Ele prefere não citar nomes, mas em Chupinguaia, ou Corumbiara, cidades da região, são suspeitos de envolvimento Antenor Duarte, Antônio Junqueira Vilela, o ex-senador Almir Lando e os irmãos Dalafini, da fazenda Modelo, por serem os proprietários das fazendas onde os índios viviam.

Quando conheci Rita em Colniza, uma violenta cidade no Norte do Mato Grosso, fui surpreendido em um restaurante por um madeireiro chamado Julio Pinto. Seu pai, Renato Pinto, chegou a ser preso com outras 70 pessoas, acusadas de matar ou mandar matar índios Piripkura que viviam em suas terras-parentes de Rita. Não demorou muito para todos serem liberados, e o processo contra eles até hoje não foi instaurado. Julio, na mesa em que compartilhávamos, afirmou, com um ar um tanto soberbo, que "nunca viu índio naquela região". Outro comparsa de Julio, ao menos na peça acusatória feita pelo Ministério Público que inclui dezenas de nomes, seria o madeireiro Luiz Durski e sua mulher, proprietários de terras nas quais viviam os índios. Também reverteram rapidamente a ordem de prisão. Sobre este episódio, um confiante Durski me disse, numa entrevista feita em São Paulo, onde estava de passagem a negócios, que tinha certeza de que se tratava de "maluquice" do procurador federal, Mário Lúcio Avelar. Durski também dizia nunca ter visto um índio. Felizmente, a maluquice de procuradores como Avelar, por vezes consegue colocar criminosos atrás das grades. Mas caracterizar um crime de genocídio, apontando culpados e definindo penas a serem cumpridas, é um desafio enorme para as autoridades locais, pois os mandantes desses crimes são madeireiros, garimpeiros, seringalistas, fazendeiros. Gente com dinheiro e influência política.

Existem muitos índios no Brasil passando por situações similares às vividas pelos Piripkura, Kanoê e Akuntsú. Os Avá-Canoeiro, por exemplo, formam uma pequena família localizada a algumas horas de carro de Brasília. Foram atacados por um grupo armado no final dos anos 70 e passaram anos vivendo escondidos em cavernas, comendo morcego e saindo apenas durante a noite, tal era o medo de topar novamente com os brancos invasores.

Em outra ocasião, no início dos anos 90, apareceram dois índios na casa de um rancheiro a 200 km da cidade de Marabá, no Pará. Estavam pelados, com arco e flecha nas mãos e falavam uma língua estranha. O governo brasileiro simplesmente pegou os dois, pensando que fossem da tribo Awá-Guajá, que vive no Maranhão, e os largaram com eles. Sequer foram atrás de outros sobreviventes. Eles ficaram conhecidos como Aure e Aura, e hoje vivem solitários. No Sul do Amazonas, próximo à capital Porto Velho, tem um senhor com duas filhas de um grupo chamado Juma, sobreviventes de massacres e epidemias. São os últimos. Sem quaisquer perspectivas, acabaram juntando-se a outra tribo, que fala a sua língua, os Uru-Eu-Wau-Wau, para casarem e formarem um novo grupo.

São poucos os casos em que os sobreviventes desses massacres se unem para provocar uma reação pública. Na maioria deles seus povos são praticamente dizimados e os poucos sobreviventes não têm forças para gritar por justiça. E, infelizmente, esses genocídios acabam sendo ocultados ou ignorados pela sociedade brasileira.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

TOXIC: AMAZÔNIA

O filme ‘Toxic Amazônia’, do jornalista Felipe Milanez, ex-editor da National Geografic Brasil, trata da violência no campo no Pará e o tema do extrativismo fazendo uma abordagem ao assassinato dos ambientalistas José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo no Projeto de Assentamento Agro-extrativista (PAE) Praia Alta Piranheira, em Nova Ipixuna, no sul do Pará.
Os ambientalistas foram reconhecidos internacionalmente pelo prêmio "Herói da Floresta” concedido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2012.
A produção apresenta a visão de mundo de José Claudio e Maria do Espírito Santo, sua luta pela preservação ambiental e por uma política fundiária adequada à realidade amazônica.
O filme foi realizado pela Vice Media, uma produtora de conteúdos para a TV norte americana e dirigido por Felipe Milanez e Bernardo Loyola.

Assista ao documentário TÓXIC: AMAZÔNIA

Nããããão :( Nação Zumbi anuncia que 'vai parar de fazer shows por um tempo' Integrantes vão se dedicar a projetos pessoais e a finalizar novo disco.


G1

Comunicado foi divulgado nos perfis do grupo no Twitter e no Facebook.



Por meio de comunicado, a banda pernambucana Nação Zumbi informou que vai dar uma pausa em shows. "A banda Nação Zumbi vai parar de fazer shows por um tempo para se concentrar nos projetos pessoais e finalizar o novo CD, ainda sem data de lançamento", diz a mensagem, divulgada nos perfis do grupo no Facebook e no Twitter.
Ao serem perguntados por fãs sobre a pausa, os integrantes comentaram um pouco mais sobre a decisão, via Twitter. "Agora vamos nos concentrar em receber certos cachês atrasados 3 meses" foi uma das mensagens. Em outra, deixaram claro que bandas paralelas como Los Sebosos Postizos e 3 na Massa serão prioridades nos próximos meses.
A Nação Zumbi é a banda que revelou o cantor Chico Science, morto em 1997 em um acidente de carro. Os integrantes prosseguiram sem o vocalista e lançaram cinco discos entre 1998 e 2007. O trabalho mais recente é o CD-DVD "Ao vivo no Recife" (2012).

terça-feira, 8 de maio de 2012

Discurso Laisa Santos Sampaio
ONU 9 de fevereiro de 2012
(Irmã de Maria do Espirito Santo, assasinada ao lado do marido José Claudio em 2011. Nova Ipixuna - Pará)

Eu estou aqui porque assassinaram minha irmã Maria e meu cunhado José Cláudio. Isso porque eles defendiam a floresta e a vida na floresta. Na Amazônia têm se intensificado casos de assassinatos de pessoas que como eles defendem a vida na floresta. A Amazônia é manchada de sangue. E essa mancha continua se espalhando.
Mas, nossa situação torna-se cada vez mais grave porque o Novo Código Florestal Brasileiro, votado pela Câmara dos Deputados, não favorece o povo que vive e defende a floresta. Essa mesma Câmara que vaiou no momento em que foi anunciado o assassinato de Maria e José Cláudio. A presidenta Dilma não deve aprovar essa lei. Por baixo do desmatamento há muita gente sendo morta.
Maria e José Cláudio não só defendiam a floresta, mas mostraram, na prática como viver dignamente da floresta, respeitando a dinâmica e todas as espécies existentes. E sobre essa vida na floresta eles deram exemplos na educação, ensinando as crianças de que se pode ganhar mais com a floresta do que vendendo ou queimando ela. Deram exemplo prático em suas vidas. Não é utopia. Faltam políticas públicas de apoio para pessoas como nós, que vivem e sabem produzir respeitando a natureza. Isso é rentável. Mas falta incentivo para esse povo. Incentivo só há para a criação do gado e para a retirada da floresta. E esses grandes projetos para a Amazônia como as usinas hidrelétricas que lá só deixam o estrago. E o dinheiro vai para a mão dos poderosos. Gera tantos impactos ambientais, quanto impactos sociais, quantas populações tradicionais deixaram de existir, e vão viver a vida na cidade, onde sua vida é destruída. O protetor da natureza é quem vive no meio dela. A vida das pessoas que vivem na Amazônia precisa ser salva. E a situação é urgente. A vida do castanheiro é a vida da castanheira. A floresta Amazônica é viva, é viva de gente.
A Floresta e o povo da Floresta estão sendo mortos.

Editado por Daniela Kussama