terça-feira, 6 de novembro de 2012

Globais cobram Dilma sobre usina de Belo Monte



Obras no Pará avançaram 16% desde 2011, apesar dos protestos de ambientalistas e de ações do Ministério Público 
 
Fonte: Zero Hora 

Local onde está sendo construída a usina hidrelétrica de Belo Monte 
Foto: Blogbelomonte, Divulgação

Atores globais reunidos no Movimento Gota D'Água cobram da presidente Dilma Rousseff explicações sobre o impacto a ser causado pela usina de Belo Monte, em construção desde março de 2011 no Pará.
O grupo pretende recolher 2 milhões de assinaturas até o dia 15, quando o Gota D'Água completa um ano, para pedir audiência no Palácio do Planalto. Já tem 1,8 milhão de adesões, conquistadas via redes sociais.
O Gota D'Água se apresenta como porta-voz das tribos indígenas e dos moradores ribeirinhos que poderiam ser atingidos pelas obras da hidrelétrica. A diretora fundadora do movimento, jornalista Maria Paula Fernandes, diz que o grupo é formado, basicamente, por profissionais da comunicação e um time de estrelas: Maitê Proença, Juliana Paes, Marcos Palmeira, Murilo Benício, Bruno Mazzeo, Ary Fontoura, Cissa Guimarães, Letícia Sabatella, Claudia Ohana e outros.
Inicialmente, o Gota'Água quer esclarecimentos. Maria Paula questiona como uma obra pode ser executada se existem 14 ações do Ministério Público em andamento.
Em novembro do ano passado, engrossando os protestos de outras entidades contra Belo Monte, 19 atores e atrizes da Rede Globo gravaram um vídeo de apoio. Foram ridicularizados na internet por erros de informação e ingenuidade nos depoimentos. Um dos atores chegou a confundir o Pará com o Mato Grosso.
Maria Paula diz que o propósito é dar voz aos indígenas. Lembra que, em dezembro, ao somar 1 milhão de assinaturas, o Gota D'Água foi recebido no Palácio do Planalto por três ministros. Com o dobro de adesões, espera reunir-se com Dilma.
– Não somos ambientalistas nem ativistas. Somos cidadãos. Se formos convencidos de que a usina é imprescindível e não causará malefícios, seremos os primeiros a passar a informação – diz Maria Paula Fernandes.
Apesar das invasões de manifestantes e das paralisações determinadas pela Justiça, as obras avançam. Ontem, a assessoria da hidrelétrica informou que 16% do cronograma está cumprido. A previsão é funcionar a partir de 2015.
Obra polêmica
A Belo Monte é uma central hidrelétrica que está sendo construída no Rio Xingu, no Pará, nas proximidades da cidade de Altamira:
Início: a terraplenagem do canteiro de obras começou em março de 2011.
Geração de energia: a potência instalada será de 11.233 megawatts (MW). Se funcionar ao máximo, será a terceira maior hidrelétrica do mundo, atrás da chinesa Três Gargantas e da brasileira Itaipu.
Custo: projetado entre R$ 20 bilhões e R$ 26 bilhões.
Previsão de operação da usina: a partir de 2015.

Rotina de protestos
Desde o início da construção, a usina de Belo Monte enfrenta uma sequencia de protestos de parte de ambientalistas, tribos indígenas e moradores da região:
Fevereiro de 2011 – Um mês antes do início das obras, indígenas protestam em Brasília. São recebidos pelo então ministro-chefe em exercício da Secretaria-Geral da Presidência, Rogério Sottili.
Agosto de 2011 – Indígenas protestam na Avenida Paulista, em pleno coração financeiro de São Paulo. Argumentam que mais de 20 etnias seriam atingidas pelo desvio das águas do Rio Xingu, exigido para a construção da obra. Também ocorrem manifestações em Belém, em Brasília, no Rio de Janeiro, em São Paulo e em mais 11 cidades do país.
Setembro de 2011 – A Justiça Federal no Pará determina a paralisação das obras da usina, por considerar que mil famílias que dependem da pesca seriam prejudicadas. Em novembro, atores globais do Movimento Gota D'Água, como Juliana Paes, Cissa Guimarães, Bruno Mazzeo, Marcos Palmeira e Maitê Proença, gravam vídeo questionando a necessidade da usina.
Abril de 2012 – Ocorre uma greve entre os trabalhadores da usina.
Junho de 2012 – Ativistas ambientais, índios mundurucu e juruna e moradores de Altamira invadem uma área do canteiro de obras. O ato faz parte da Conferência Xingu+23, evento paralelo à Rio+20. O ator Sérgio Marone participa do ato, que repercute no Exterior.
Agosto de 2012 – O Tribunal Regional Federal da 1ª Região determina a suspensão das obras. Motivo: identificou ilegalidade em duas etapas do processo de autorização.
Outubro de 2012 – Nova invasão paralisa a construção da usina. Pela primeira vez, reúne grupos distintos, como índios, pescadores, pilotos de barcos motorizados, produtores de tijolos e ambientalistas.

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