quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Como iniciativas de engajamento cívico melhoram a relação dos curitibanos com sua cidade
Esse é o Goura Nataraj com sua filha Sofia em uma bicicletada de Curitiba. Quando não está no colo do pai, a pequena é presa por esse mesmo lenço nas costas da mãe, para que eles tenham as mãos livres ao pedalar. Goura sempre usou a bicicleta como meio de transporte. Na adolescência, foi guitarrista de uma banda de punk rock, o que o levou a estudar o movimento dos Provos – uma turma de ativistas anarquistas da Holanda dos anos 60. A palavra Provos vem de provokatie, que, em holandês, significa provocar. E era esse o objetivo desses garotos entediados com a sociedade monarquista em que viviam. A identificação de Goura com os Provos foi imediata. Ele também sentia que precisava provocar a sociedade curitibana. “Todo mundo era muito conformado com as políticas públicas da cidade que sempre priorizavam os carros e só faziam o trânsito aumentar”.
Goura cresceu, largou a banda de punk e se tornou professor de ioga. Mas a vontade de provocar continuou e ele colocou em prática, em Curitba, duas ações inspiradas pelo grupo anarquista holandês: o plano das bicicletas brancas e os happenings. Bikes livres O plano das bicicletas brancas foi propostos pelos Provos à prefeitura de Amsterdam na década de 60. A ideia era que o poder público comprasse bicicletas, as pintasse de branco e as espalhasse por pontos estratégicos da cidade, para que elas fossem livremente utilizadas por aqui precisasse. A prefeitura não topou e eles compraram, por conta própria, 50 bicicletas. Mas as magrelas acabaram sendo depredadas ou roubadas e o movimento minguou.
Por esse motivo, a versão curitibana funciona de forma um pouco diferente – menos livre, mas mais segura. As 9 bicicletas brancas – que foram doadas – estão espalhadas em 5 pontos que tenham algum tipo de controle, como lojas de bicicletas e galerias de arte. Para usar uma delas, é preciso mandar um e-mail para oplanodasbicicletasbrancas@gmail.com solicitando. Na sequência um e-mail de resposta indica onde retirá-la e o dono do estabelecimento fica avisado. A bicicleta pode ser usada por até sete dias, depois deve ser devolvida em algum dos pontos de apoio da cidade. Por enquanto o sistema vem funcionando bem e estão todas inteiras. Melhor: três das pessoas que experimentaram compraram sua própria bicicleta para começar a utilizá-la como meio de transporte na cidade.

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