sexta-feira, 1 de junho de 2012

Menina retratada em foto icônica da Guerra do Vietnã diz que nunca conseguiu escapar daquele momento

 
Kim Phuc hoje é casada com um vietnamita e afirma que aquela imagem a perseguiu durante toda a vida
 
Por Redação Marie Claire

Ela foi a protagonista de uma das imagens mais emblemáticas da Guerra do Vietnã. Na época, com 9 anos, Kim Phuc, que corre no centro da foto de Huynh Cong Ut, fotógrafo da Associated Press, queria fugir e tentar sobreviver. A cena, que aconteceu em Trang Bang, no Vietnã, aconteceu depois de um ataque aéreo sobre lugares onde se havia suspeitas de esconderijos de vietcongues. Quarenta anos depois, ainda é difícil lembrar daquela imagem."Eu realmente queria escapar daquela menina", disse Kim Phuc, hoje com 49, em entrevista ao jornal “Mail Online”. "Mas parece que a imagem não me deixava ir."

Era 8 de junho de 1972, quando Phuc ouviu o grito do soldado: “Temos de sair deste lugar! Eles vão bombardear aqui e nós estaremos mortos!". Segundos depois, ela viu os restos de bombas de fumaça amarela e roxa ao redor do templo Cao Dai, onde sua família se abrigou por três dias. Ela sentiu o chão balançar e o calor de chamas que explodiram em sua direção, atingindo seu braço esquerdo. Além da dor, ela apenas pensava: “Eu vou ser feia e não vou ser mais normal. As pessoas vão me ver de uma maneira diferente."
Em choque, ela foi atrás de seu irmão mais velho e não viu os jornalistas estrangeiros enquanto corria na direção deles, gritando. Depois disso, perdeu a consciência. Com a ajuda do fotógrafo Ut, ela foi levada para um hospital onde ele exigiu que os médicos tratassem a menina. "Se eu não a ajudasse - se alguma coisa acontecesse e ela morresse - acho que me mataria depois disso”, disse ao “Mail Online”.

Phuc teve 30% de seu corpo queimado e acordou sem saber onde estava. Ela só saiu do hospital 13 meses depois e seu único desejo era ser apenas uma criança novamente. Ut e alguns jornalistas tentaram visita-lá outras vezes, mas pararam depois que as forças norte-comunistas tomaram o controle do Vietnã do Sul em 30 de abril de 1975.
A vida para Phuc tornou-se ainda mais difícil no novo regime porque o tratamento médico e os analgésicos eram caros e difíceis de encontrar. Ao entrar na faculdade de Medicina, ela foi obrigada pouco tempo depois a voltar a sua terra natal para atender jornalistas estrangeiros em visitas monitoradas e controladas pelo governo. "Eu me tornei uma vítima da guerra, mas depois que cresci me tornei outro tipo de vítima." 
Foi apenas depois que viajou para a Alemanha Ocidental, em 1982, para cuidados médicos com a ajuda de um jornalista estrangeiro que sua vida mudou. Mais tarde, o primeiro-ministro do Vietnã, também tocado por sua história, conseguiu que ela estudasse em Cuba. Na escola, ela conheceu um jovem vietnamita que se apaixonou por ela. Ela nunca acreditou que alguém se encantaria por ela pelas cicatrizes em seu corpo, mas Bui Huy Toan parecia amá-la mais por causa delas. Eles se casaram em 1992.
Hoje, Phuc se tornou uma embaixadora da Boa Vontade das Nações Unidas para ajudar outras vítimas da guerra. Ela teve um filho e mora com a família em Toronto, no Candá. Phuc e Ut, o fotógrafo que a salvou, se reuniram várias vezes para contar sua história. "Hoje, eu estou tão feliz  Eu ajudei Kim", disse Ut, que ainda trabalha para a AP e recentemente voltou a aldeia Trang Bang. "Eu a chamo de minha filha."

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